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domingo, 2 de junho de 2019

Por que a FSSPX está errada sobre a carta contra as heresias do Papa Francisco

“A FSSPX escreveu uma declaração sobre a carta, mencionada aqui várias vezes, que pede aos bispos que convidem Francisco a se retratar de suas muitas heresias ou o deponham. A declaração é bastante crítica. Penso que seja, também, um grande erro.
A Fraternidade obviamente ressalta as muitas heresias deste Pontificado. Eles destacam que Francisco é o resultado de um movimento, o Vaticano II, que vem acontecendo há décadas. Mas então eles condenam a carta baseados no argumento de que as chances de sucesso são inexistentes, e que os bispos destinatários não são suficientemente instruídos e afinal de contas não desejam agir.
Com este raciocínio, minha pergunta à FSSPX é por que eles mesmos pensam que deveriam existir, para início de conversa. A probabilidade de o Colégio dos Cardeais (para não falar dos bispos do mundo inteiro) se converter ao Catolicismo Tradicional é ainda menor que a probabilidade de eles acusarem o Papa de heresia.
Se é suficiente orar e não fazer nada, esperando que Deus modifique a situação, então a FSSPX poderia da mesma forma se dissolver e explicar a todos seus seguidores que “é bastante provável, até mesmo certo, que a maior parte dos bispos não irá reagir” a seu convite de abandonarem as inovações do Vaticano II.
Nem pode a FSSPX dizer, em sua defesa, que agem esperando que futuras gerações voltarão à sanidade; porque isto é exatamente o que os signatários da carta estão fazendo.
O princípio básico, que escapa completamente aos autores da declaração, é que as coisas são feitas porque são corretas. A probabilidade de sucesso não está aqui nem ali. Não consigo imaginar Atanásio, ou os guerrilheiros franceses lutando contra a ocupação nazista, ou tantos guerreiros em tantas guerras, físicas e espirituais, pensando na “probabilidade de sucesso” como elemento decisivo para lutar ou não.
Quando o Arcebispo Lefebvre se recusou a fechar seu seminário, ou quando nomeou seus bispos, ele assim o fez porque era a coisa correta a fazer. Esta foi a luz guia por trás das decisões que foram, de certo modo, inéditas na história da Igreja. Mas se olharmos para o mundo, não podemos certamente dizer que a FSSPX tem sido um “sucesso”, pois quase cinquenta anos depois a Igreja só ficou mais corrupta. Será que devemos, então, dizer, a respeito da FSSPX, que “o fracasso de uma tal iniciativa ridicularizou o autor (Lefebvre) e sua causa”?
Certamente que não.
Você faz o que tem que fazer. Se o resultado é zero nesta época em que vivemos, o céu ainda perceberá a ação. Além disso, todas estas iniciativas são como o fermento que, com a graça de Deus, trará resultados algum dia.
Um dia, a história vai registrar que vozes corajosas se levantaram exigindo ação em vista do espetáculo impressionante de um Papa herético. Eles saberão que nem todos ficaram silentes, e nem todos estavam prontos para aceitar a passividade dos bispos. Eles saberão que os assinantes da carta, com todos seus simpatizantes, quiseram desmascarar a vergonha da passividade de seus bispos para todas as futuras gerações. Eles saberão que tais iniciativas querem dar testemunho de que a Igreja é indefectível e, quaisquer que sejam os problemas, sempre haverá aqueles que permanecem leais à verdadeira fé.
Isto é, mais uma vez, o raciocínio por trás da existência mesma da FSSPX. Que eles a critiquem, e cheguem ao ponto de dizer que esta iniciativa “pode ridicularizar os autores e sua causa” é profundamente infeliz e deveria, se me perguntam, ser causa de um profundo constrangimento dentro da organização.
A FSSPX não deveria criticar esta carta. Eles deveriam ser os que a escreveram.
Não com alguma esperança de “sucesso”, é claro. Mas a fim de dar testemunho às futuras gerações da luta dos fiéis, e da vergonha dos mercenários.”

https://mundabor.wordpress.com

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

A carta de Viganò


“Um leitor escreveu-nos algumas perguntas sobre a carta de onze páginas do ex-Núncio Apostólico dos Estados Unidos, o arcebispo Viganò, que declarou, com muitos detalhes e citação de nomes, que há imensa corrupção moral apodrecendo o clero católico naquele país, e que a responsabilidade pelos crimes implicados chega até mesmo ao topo da Igreja. No momento em que escrevo estes “Comentários”, o escândalo causado pela carta é imenso, e tem repercussão generalizada. Ninguém pode dizer neste momento quais serão as consequências finais. Aqui estão as quatro perguntas do leitor com respostas breves.
1. Que se deve pensar da carta de Viganò? É tão séria quanto parece?
Sim, pois Dom Viganò dá todos os sinais de ser um homem honesto. Em 2011 ele foi exilado de Roma e enviado aos Estados Unidos porque estava tentando, com sucesso, limpar as finanças do Vaticano. No momento em que escrevo, está escondido porque teme por sua vida. Ele tem inimigos sérios.
2. A carta será uma bomba na Igreja ou mero fogo de palha, sem mais consequências?
O tempo dirá. Certamente a corrupção no alto escalão da Igreja acompanha a corrupção no alto escalão dos poderes que estão no mundo, políticos, banqueiros, meios de comunicação e assim sucessivamente. Satã governa, porque os satanistas estão vinculados entre si em todos os domínios, e não permitirão, se puderem, que um simples Arcebispo perturbe seu cartel. Mas na verdade é Deus quem segura o chicote. As pessoas estão se voltando para Ele ou não? Se não, Ele permitirá que os servos de Satanás continuem açoitando a Igreja e o mundo na Nova Ordem Mundial. Se elas se voltam para Ele, em breve poderemos ter a Consagração da Rússia.
3. O escândalo fará Menzingen repensar a busca por reconhecimento da parte do Papa e de Roma?
Certamente deveria, mas temo que não. Desde muitos anos o quartel-general da Fraternidade em Menzingen está nas nuvens, e os liberais não mudam sua doutrina. Para os liberais, é a realidade que está errada. A todo custo o reconhecimento oficial para a Fraternidade deve ser obtido junto a Roma, por isso o Papa Francisco ainda deve ser tratado como um amigo por seus líderes. Talvez Menzingen possa admitir que eles estiveram errados por vinte anos, mas não será fácil para eles mudarem de curso. Dom Lefebvre, ao contrário, decidiu há trinta anos deixar que os Papas conciliares seguissem seu caminho. A carta de Viganò com certeza não o teria surpreendido.
4. O que fez o Arcebispo tão clarividente?
Doutrina. Se se raspa muitos ocidentais materialistas de hoje, se encontrará herdeiros do protestantismo, que tendem a filtrar mosquitos e a engolir camelos (Mt. 23, 24), o que significa que são mais severos com os pecados da carne do que com os do espírito, como o erro doutrinal ou a heresia. Atualmente os pecados da carne são suficientemente graves para contribuir para a danação eterna de grande número de almas que caem no Inferno – assim disse Nossa Senhora às crianças de Fátima. Mas é a heresia que abre passagem para este tipo de pecado. Veja Romanos 1, 21 a 31. Infringir o primeiro mandamento leva à impureza em geral (21-24), ao homossexualismo em particular (26-27), e a todo tipo de pecados em geral (28-32). Em outras palavras, é o primeiro mandamento que é primeiro, não o sexto.
Assim, o verdadeiro escândalo denunciado por Dom Viganò é mais implícito do que explícito. São menos os pecados perversos da carne que se amotinam nos homens da Igreja do alto escalão do que a idolatria oficial cometida pelo Vaticano II em seus documentos que fizeram mais do que qualquer outra coisa para tirar os freios católicos contra a imoralidade. Se nenhum Estado deve coagir em público religiões doutrinariamente falsas (Dignitatis Humanae), por que eu deveria observar a moral católica que especialmente põe limites à minha liberdade? Se o Inferno é mera “doutrina” da Igreja, por que isto deveria impedir-me de pecar como eu queira? O Vaticano II (“Nostra Aetate, Unitatis Redintegratio”) declarou que várias religiões além do catolicismo têm seus pontos bons. Acaso não é a própria Igreja Católica que me ensina que eu realmente não preciso ser católico?”
(Mons. Richard Williamson, Viganò Letter)

http://borboletasaoluar.blogspot.com

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Entrevista de Dom Faure no primeiro aniversário da SAJM (22 de agosto de 2017)


“Sua Excelência, o que é a SAJM e qual é seu espírito?
A SAJM que ser a continuação da obra e o combate de Dom Lefebvre em sua fidelidade à fé de sempre. Nesta profunda crise da Igreja, a SAJM está particularmente destinada a proteger a vida sacerdotal e manter o fervor dos futuros sacerdotes.
Por que escolheu este nome?
Em 17 de junho de 1970, Dom Lefebvre firmou o projeto dos estatutos da “Fraternidade dos Apóstolos de Jesus e Maria”. Daí vem o nome. Essa é a denominação interna da congregação fundada por ele. Conservando esse nome, quisemos honrar a memória de Dom Lefebvre.
Dom Faure, quando e em que circunstâncias se fundou a nova congregação?
Faz um ano exatamente, na festa do Coração Imaculado de Maria, depois de vários sacerdotes e seminaristas terem manifestado a necessidade de ter um superior, uma regra etc.; que é o que tivemos sempre na fraternidade fundada por Dom Lefebvre.
Que semelhanças e diferenças há entre a SAJM e a FSSPX?
O espírito dos estatutos são praticamente iguais, mas no que diz respeito às diferenças, devemos ter em consideração a evolução catastrófica da FSSPX e esta observação de Dom Lefebvre, depois de ter lido a obra de Emmanuel Barbier Histoire du catholicisme liberál et du catholicisme social na França: “Se eu tivesse lido esta obra antes, teria dado a meus seminários outra orientação”. Com isto se referia à necessidade de uma orientação mais antiliberal.
Os estatutos da SAJM são os mesmos que Dom Lefebvre redigiu para a FSSPX?
Os estatutos da SAJM são essencialmente iguais aos que Dom Lefebvre redigiu para a Fraternidade, com algumas adequações que consideramos necessárias, observando o desvio da FSSPX. Um exemplo está no seguinte ponto que acrescentamos: “Desde o Concílio Vaticano II, o santo Sacrifício da Missa, a doutrina católica e toda a vida da Igreja são atacados pela hierarquia liberal e modernista. Porque o sacerdócio católico tem o dever essencial de combater o liberalismo e o modernismo em defesa dos direitos divinos violados, a Sociedade descarta toda possibilidade de regularização canônica por via de acordo bilateral, de reconhecimento unilateral, ou do modo que seja, enquanto a hierarquia católica não volte à Tradição da Igreja” (Cap. II,nº 5).
Excelência, como foi o desenvolvimento do seminário da SAJM?
Decidi a criação do Seminário São Luís Maria Grignion de Montfort tão logo fui consagrado, recordando aquelas palavras de Dom Lefebvre em seu “Itinerário espiritual”: “Uma coisa somente é necessária para a continuação da Igreja católica: bispos plenamente católicos, sem nenhum compromisso com o erro, que estabeleçam seminários católicos, onde os jovens aspirantes se alimentem do leite da verdadeira doutrina, de seus corações; uma fé viva, uma caridade profunda, uma devoção sem limites os unirão a Nosso Senhor”.
Todas as obras de Deus conhecem algumas dificuldades nos princípios, contudo, contamos com uns seis novos seminaristas a cada não, o que, nas circunstâncias atuais, parece ser uma benção de Deus.
Constituem o corpo professoral os padres dominicanos de Avrillé (França), e isto é garantia de uma perfeita ortodoxia e de uma formação claramente antiliberal.
Os seminaristas, ao passar a maior parte do dia no convento dos dominicanos, são formados no clima de santa austeridade que é própria dos religiosos. Lá assistem aos distintos cursos e pela tarde retornam ao seminário, que é muito próximo ao convento.
A partir deste ano, contaremos, ademais, com dois sacerdotes da congregação que nos ajudarão no seminário.
Quem integra atualmente a congregação?
Por ora, contamos com dois bispos, três sacerdotes e cinco seminaristas.
A cada ano, no segundo ano de seminário, quando recebem a tonsura, os seminaristas se incardinam na congregação.
Dom Faure, como um sacerdote pode se tornar membro da SAJM?
Basta que manifeste seu desejo, entrando em contato comigo e elevando a correspondente solicitude.
Como um jovem pode ingressar no seminário da SAJM?
Do mesmo modo. Normalmente os candidatos devem entrar em contato prévio com os sacerdotes da Resistência que desenvolvem seu apostolado nos países onde os postulantes vivem.
Haverá uma Ordem Terceira na SAJM?
Haverá, tal como foi criada para a Fraternidade por Dom Lefebvre.
O que espera Sua Excelência da SAJM no futuro?
Que assegure a continuação da obra de Dom Lefebvre com a maior fidelidade aos lineamentos que nos legou o Arcebispo, sem desviar-se à direita ou à esquerda (Pr. 4,27).
Há algo mais que Sua Excelência queira nos dizer sobre a SAJM?
Gostaria de destacar que nossa congregação não por acaso foi fundada no dia da festa do Coração Imaculado de Maria, e que foi consagrada também ao Sagrado Coração de Jesus. Levamos em nosso nome os Nomes de Jesus e Maria, e isto funda e marca nossa espiritualidade.
A FSSPX teve a mesma vocação, representada, em seu logotipo, pelos corações entrelaçados da Vendeia, mas a Fraternidade está traindo essa vocação ao buscar uma reconciliação com os inimigos de Jesus e Maria.
Nossa esperança está somente n’Eles. Deus queira que nossa pequena congregação se mantenha sempre fiel e sempre humilde, sem presunções de grandeza, a fim de que todo o que ela faça seja para a glória de Jesus e Maria.”

http://beneditinos.org.br

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Roberto de Mattei: Um Papa violento?


“Contra a evidência, pouco se pode argumentar. A mão estendida pelo papa Bergoglio à Fraternidade São Pio X é a mesma que cai nestes dias sobre a Ordem de Malta e sobre os Franciscanos da Imaculada.
O assunto da Ordem de Malta foi concluído com a rendição incondicional do Grande Mestre e a volta ao poder de Albrecht von Boeslager e do poderoso grupo alemão que ele representa.
Ricardo Cascioli resume a questão nestes termos em A Nova Bússola cotidiana: O responsável pela deriva moral da Ordem foi reabilitado, e despediram quem tentou detê-lo.
O ocorrido supõe um desprezo total pela soberania da Ordem, como se depreende da carta dirigida no passado 25 de janeiro pelo secretário de estado vaticano Pietro Parolin aos membros do Soberano Conselho em nome do Santo Padre, com a qual a Santa Sé interveio de fato na Ordem.
Seria lógico que os outros cem estados que mantêm relações diplomáticas com a Ordem de Malta retirassem seus embaixadores, dado que podem manter relações diretas com o Vaticano, do qual já depende totalmente a Ordem.
O desprezo que manifesta o papa Francisco pela lei se estende do direito internacional ao direito civil italiano.
Um decreto da Congregação dos Religiosos com a aprovação do Papa impõe ao padre Stefano Maria Manelli, superior dos Franciscanos da Imaculada, a proibição de dirigir-se aos meios de comunicação ou falar em público, assim como de participar de qualquer iniciativa ou encontro. E sobretudo, “devolver no prazo de 15 dias a contar do recebimento do presente decreto o patrimônio econômico administrado por associações civis e qualquer outra quantidade a sua disposição de cada um dos institutos”. Quer dizer, devolver à Congregação dos Religiosos os bens patrimoniais dos quais, como afirmou o Tribunal de Apelação de Avellino, o padre Manelli não pode dispor porque pertencem a associações legalmente reconhecidas pelo Estado italiano.
“Em 2017, na Igreja da Misericórdia”, comenta Marco Tosatti, “só faltam tormentos como a garrucha e a máscara de ferro para que o catálogo esteja completo”.
Como se não bastasse, monsenhor Ramon C. Argüelles, arcebispo de Lima (Filipinas), teve notícia de sua destituição por um comunicado da Sala de Imprensa Vaticana.
Desconhecem-se os motivos de tal medida, mas se podem intuir: monsenhor Argüelles reconheceu canonicamente uma associação que agrupa ex-seminaristas dos Franciscanos da Imaculada que abandonaram a ordem a fim de poderem estudar e preparar-se para o sacerdócio com plena liberdade e independência. Trata-se de uma culpa, por tudo que se vê, imperdoável.
Surge a pergunta de se não será Francisco um papa violento, se entendemos bem o sentido da palavra. A violência não é a força exercida de modo cruento, mas a força aplicada de maneira ilegítima, menosprezando o direito, com vistas a alcançar os próprios fins.
O desejo de monsenhor Bernard Fellay de regularizar a situação canônica da Fraternidade São Pio X mediante um acordo que não prejudique de modo algum a identidade de seu instituto é certamente admirável, mas cabe a pergunta: é oportuno colocar-se sob a tutela de Roma precisamente no momento em que se despreza o direito, ou inclusive se o utiliza como um meio para reprimir a quem quer ser fiel à fé e à moral católicas?”

http://adelantelafe.com

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Sagração de Dom Faure: entrevista com o prof. Carlos Nougué


Entrevista com o professor Carlos Nougué feita pelo confrade Eugênio Lima, fiel da Resistência, conforme publicada no blog Borboletas ao Luar.

"Fiz algumas perguntas simplórias ao Prof Carlos Nougué, para auxílio dos fiéis da tradição e certeza do combate aos fiéis da resistência. Simplórias não pela capacidade do Prof. em responder, mas pela incapacidade dos fiéis, às vezes, de compreender.
1) Quais as conseqüências desta sagração?
RESPOSTA. O fortalecimento da Resistência à abominação da desolação instalada no lugar santo e às tentativas de entregar qual Judas, por 30 dinheiros, a tradição aos hereges instalados na hierarquia da Igreja. Trata-se, claro, das tentativas da Neo-FSSPX.
2) Os bispos e os fiéis sofrerão pena de excomunhão justa de fato?
RESPOSTA. Uma excomunhão feita por hereges não só não é justa, mas é inválida; inexiste. Esta é tão inválida como a feita contra Dom Lefebvre e seus quatros bispos.
3) O estado de necessidade, como se aplica nessa situação?
RESPOSTA. Como sempre se aplicou: enquanto a hierarquia for herética, temos por necessidade de salvaguardar a fé e o sacerdócio. E fazemo-lo, como diz o Mandato Apostólico escrito e lido na sagração por Dom Williamson, com a esperança de um dia depositar todos os nossos atos nas mãos de um papa outra vez verdadeiramente católico.
4) Qual o caminho futuro da Igreja?
RESPOSTA. Creio que só Deus o sabe.
5) Existe esperança de Roma abdicar do modernismo e voltar a fé?
RESPOSTA. Humanamente falando, não. Mas, se Deus submergir o mundo no terrível castigo que este merece já há muitos séculos e cada vez mais, quem sabe?
6) Ou esse é um caminho sem volta?
RESPOSTA. São segredos da providência divina. Mas dou-lhe meu parecer (apenas uma opinião): já se cumpriram os sinais que, como profetizado nos Evangelhos, antecedem o último e terrível Anticristo: a apostasia geral das nações e a abominação da desolação instalada no lugar santo (ou seja, a heresia instalada na hierarquia católica). Mas atenção: isto não quer dizer que devamos ficar parados. Ao contrário, e digo-lhe o que vemos todos por aqui: a Resistência cresce a um ritmo inesperado; o que Deus nos prepara, só ele obviamente o sabe. Mas não devemos, como quer que seja, entristecer-nos pelo fim dos tempos. Ao contrário, devemos rezar com os apóstolos: Maranata, Vinde Senhor Jesus – mas vinde logo, para levar-nos enfim à nossa verdadeira Pátria, a Jerusalém Celeste.
Um abraço, espero ter ajudado de alguma forma, e fique com Deus.
Carlos Nougué”

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terça-feira, 23 de junho de 2015

O que devemos pensar sobre a Fraternidade São Pedro?

“Desde a introdução dos novos ritos sacramentais, Roma não havia permitido a nenhuma fraternidade ou congregação religiosa o uso exclusivo dos ritos antigos. Então, em 30 de junho de 1988, o arcebispo Dom Lefebvre consagrou quatro bispos para garantir a sobrevivência do sacerdócio e dos sacramentos tradicionais e especialmente da missa tradicional em latim.
De repente, no prazo de dois dias, o Papa João Paulo II reconheceu (Ecclesia Dei Afflicta, 02 de julho de 1988), a “legítima aspiração” (ao tradicionalismo) daqueles que não apoiassem a posição de Dom Lefebvre e ofereceu dar a eles o que sempre houvera recusado ao arcebispo. Cerca de dez padres da FSSPX aceitaram esta “boa vontade” e se separaram para fundar a Fraternidade São Pedro (FSSP).
A Fraternidade São Pedro está fundamentada sobre princípios mais do que questionáveis, pelas seguintes razões:
1. Ela admite que a Igreja Conciliar tem o poder para:
• desaparecer com a missa de todos os tempos (já que o Novus Ordo Missae não é outra forma dela),
• concedê-la somente àqueles que aceitem as novas orientações da mesma Igreja Conciliar (na vida, crença, estruturas),
• declarar não-católicos aqueles que negam tal poder por palavra ou ação (Uma interpretação de “Todos devem estar cientes de que a adesão formal ao cisma [de Dom Lefebvre] é uma ofensa grave contra Deus e inflige pena de excomunhão.Ecclesia Dei Afflicta), e,
• professar-se de certa maneira em comunhão com quem quer que se chame “cristão”, e ainda assim declarar-se fora da comunhão com os católicos cujo único crime é o de quererem permanecer católicos (Vaticano II, e.g., Lumen Gentium, § 15; Unitatis Redintegratio § 3º).
2. Na prática, os padres da Fraternidade, tendo recorrido a um bispo do Novus Ordo disposto a permitir os ritos tradicionais e disposto a ordenar seus candidatos, são forçados a abandonar a luta contra a nova religião que está sendo instalada:
• eles rejeitam o Novus Ordo Missae somente pelo fato de não ser sua “espiritualidade” e reivindicam a missa tradicional em latim somente em virtude de seu “carisma”, reconhecido pelo papa,
• eles procuram estar em boa relação com os bispos locais, elogiando-os ao menor sinal de espírito católico e silenciando sobre seus desvios modernistas (a menos talvez no caso de uma diocese onde eles não tenham esperanças de conseguirem algo), ainda que, por fazê-lo, acabem incentivando esses bispos em seu caminho errado, e
• observe, por exemplo, a aceitação de todo o coração pela Fraternidade do (Novo) Catecismo da Igreja Católica, a aceitação de professores do Novus Ordo em seus seminários, e aceitação dissimulada da ortodoxia do Vaticano II.
Eles são, portanto, católicos conciliares e não, católicos tradicionais.
Sendo assim, assistir às suas missas significa:
• aceitar o compromisso sobre o qual eles se baseiam,
• aceitar a direção tomada pela Igreja conciliar e a conseqüente destruição da Fé e das práticas católicas, e
• aceitar, em particular, a solidez legal e doutrinária do Novus Ordo Missae e do Vaticano II.
É por isso que um católico não deve assistir às suas missas.”
(F.S.S.P.X, What Are We to Think of the Fraternity of St. Peter?)

sábado, 18 de abril de 2015

Dom Tomás de Aquino: A perversão do espírito

“Desde os anos 90, o superior geral da Fraternidade e seus conselheiros mais próximos empreenderam uma tenebrosa tarefa: conduzir a Tradição aos braços da Roma modernista. Conscientes ou não da gravidade de seu crime, é isto o que fazem. Mons. Fellay destrói a obra de Mons. Lefebvre. O infantilismo de Dom Gérard, como o estigmatizou Mons. Lefebvre, retorna desta vez na caneta e no pensamento de Mons. Fellay e seus assistentes: Lendo-os – escreve este a seus confrades no episcopado (carta de 14 de abril de 2012) – pode-se perguntar seriamente se vocês crêem que esta Igreja visível cuja sede está em Roma é a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo (...)”. Mons. Fellay confunde as coisas. Mons. Fellay semeia a confusão, esquecendo as distinções que fez Mons. Lefebvre junto a tantos outros teólogos eminentes e pensadores católicos. “A Fraternidade São Pio X jamais deixou a Igreja. Ela está no coração da Igreja”, escreve com razão Mons. Tissier (Rivarol, 13 de junho de 2012). Mas Mons. Fellay foi seduzido por uma idéia que deitou profundas raízes em seu espírito. A regularização canônica deve ser obtida a qualquer preço. Isto já foi esquecido – dirão alguns. Mons. Fellay acaba de opor-se às declarações de Mons. Pozzo sobre esta questão. Pois bem, Monsenhor Fellay engana os seus. Ele oculta a verdade há anos. Nada retirou de suas afirmações. “Esta situação concreta, com a solução canônica proposta, é muito diferente daquela de 1988” – escreveu em resposta à carta de Mons. Williamson, Mons. Tissier e Mons. de Galarreta.
Mas tudo isto está no passado, repetirão os partidários de Mons. Fellay. Mas então por que o Pe. Alain Nely disse a uma superiora de um monastério: “a solução para a Fraternidade será um reconhecimento unilateral”? E ademais: “Eles não nos pedirão para assinar, não haverá um documento e não será necessária uma assinatura”. Isto ocorreu há aproximadamente um ano.
Com seus passos para diante e passos para trás, Menzingen tem hipnotizado toda sua gente, que crê em sua boa fé. Seja qual for sua duvidosa e muito estranha boa fé na qual eu não creio em absoluto, o fato é que a conduta de Mons. Fellay, considerada em seu conjunto, indica com bastante clareza a causa final que o impulsiona. Esta causa é uma aproximação com uma Roma que supostamente está a caminho de converter-se. Esta causa é o pragmatismo das negociações gradativas de Mons. Fellay, pois Roma não se converterá de uma vez. Como se converterá Roma? Só Deus o sabe. O que sabemos todos é que a Roma modernista pode alinhar uma longa série de túmulos, onde suas vítimas repousam na sombra da morte: Padre Augustin, Dom Gérard, Pe. de Blignères, Fraternidade São Pedro, Campos, Redentoristas, Oásis, Irmãos da Imaculada, etc. Neste belo cemitério todavia há lugar para a FSSPX. Se fosse por Mons. Fellay, a coisa já teria sido feita. Mas para alguns na Fraternidade, as comunidades “Ecclesia Dei” não estão assim em tão má situação. A Fraternidade estaria em boa companhia neste belo entorno.
O que é surpreendente é ver o comportamento dos fiéis. Como explicar a pouca reação de sua parte? E ainda mais dos sacerdotes. Certamente que eles esperam algo pior para agir. Uma assinatura. Mas o Pe. Nely já o disse: “Eles não pedirão a assinatura, não haverá documento”.
A força de Menzingen está em ocultar a verdade. Mas sobretudo sua força está na debilidade dos bons. Menzingen pesou em sua balança a força da Tradição, e pôde dar-se conta de sua debilidade ou de sua ingenuidade. A Tradição tem princípios invencíveis, mas quanto à força de apego a estes princípios, é outra coisa. A isto deve-se agregar a cumplicidade da vida mesma. É mais fácil para quem não tem mulher e filhos tomar uma decisão difícil, mas não é o mesmo para quem tem dez filhos que colocar em uma boa escola. Para os sacerdotes, é outra coisa. Que cada um meça suas responsabilidades.
Menzingen dominou a arte de governar à maneira de Maquiavel. Privacidade dos correios eletrônicos divulgados, processos iníquos dos Padres Pinaud e Salenave. Sanções desapiedadas aos bons sacerdotes que se atrevem a defender o pensamento e as diretivas de Mons. Lefebvre.
Mas estes fatos parecem perder-se nas memórias. Mons. Fellay mudou, dizem alguns. Ele já não quer o acordo. As coisas se arranjarão. Não há fogo na casa. Puro subjetivismo! Puro sentimentalismo!
Quanto mais se analisam os documentos do Vaticano II e sua interpretação pelas autoridades da Igreja, mais nos damos conta que não se trata nem de erros superficiais nem de alguns erros particulares como o ecumenismo, a liberdade religiosa, a colegialidade, mas sim de uma perversão total do espírito, de toda uma nova filosofia fundada sobre o subjetivismo... É gravíssimo! Uma perversão total... É verdadeiramente espantoso” (Mons. Lefebvre, citado na carta de 7 de abril de 2012, dos três bispos a Mons. Fellay e seus assistentes). Está a Tradição mesma começando, também ela, a cair neste abismo? Desgraçadamente parece que sim. Um fraco rei faz fraca a forte gente, dizia um grande poeta português, Luiz de Camões. Mons. Fellay é este rei. Oxalá que não chegue a seus fins e que o amor da verdade possa de novo reflorir no seio da Tradição. Que o pequeno resto “pusillus grex” seja aguerrido para este novo combate, esta crise dentro da crise, esta crise no interior da Tradição, e que a hipocrisia de Menzingen seja conhecida e rechaçada com o vigor que convém aos discípulos d’Aquele que morreu porque veio ao mundo para dar testemunho da Verdade (Cf. João XVIII, 37).”

http://nonpossumus-vcr.blogspot.com.br

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Dom Tomás de Aquino: A verdade ocultada, ou a recusa de ver

“É com espanto que vemos a verdade, embora pública, sendo ignorada. Mas de que verdade estamos falando? De fatos os mais evidentes sobre a crise atual da Tradição em geral e da Fraternidade em particular, e que estão ao alcance de todos os que os querem conhecer. Verdade desconhecida, ocultada ou simplesmente não procurada; em todos os casos ignorada, para não dizer desprezada.
Alguns afirmam, como Dom Lourenço Fleichman que a resistência apresenta uma “argumentação vazia de fundamentos, baseada em falsas informações” (cf. “Sobre a Sagração Episcopal”).
Se for preciso reiterar o que já foi dito e pregar a tempo e a contratempo, não nos cansemos de fazê-lo, já que a isto nos exorta São Paulo. Se for preciso reproduzir os argumentos e relembrar os fatos, não nos cansemos de repeti-los e relembrá-los. Façamos mais uma vez o diagnóstico da doença que corrói a Tradição e ameaça a todos de morte. Este mal é o Liberalismo católico, pestilência dos tempos modernos, contradição encarnada na pessoa dos que o abraçam. Todos nós, que no mais das vezes nos consideramos imunes a este contágio universal, estamos susceptíveis a sermos vítimas deste mal.
E por isso é mister defender a obra, o pensamento, a linha intransigentemente católica de Dom Lefebvre, que não é outra senão a de São Pio X e a de todo o Magistério da Igreja desde sua fundação até a apostasia desencadeada pelo Concílio Vaticano II.
Mas entremos antes nos detalhes; aqueles detalhes sem os quais somos incapacitados de lograr qualquer diagnóstico real do desastre do qual somos testemunhas. Comecemos, pois, pelo movimento conhecido como GREC (Grupo para Reflexão Entre Católicos), e prossigamos até o dia de hoje numa brevíssima resenha de alguns fatos marcantes que nos apontarão a causa final que os motiva e explica.
Em 1995, pouco antes de falecer, o antigo embaixador da França no Vaticano, Gilbert Pérol, redigiu um artigo de “bons ofícios” com o intento de promover uma aproximação amistosa entre a Fraternidade e a Igreja oficial. A este projeto deu sequência sua esposa, a Sra. Huguette Pérol, e então uma primeira plataforma de trabalho foi constituída em 1998.
Pouco tempo depois este grupo tomou o nome já referido, GREC, e reuniu membros da Fraternidade São Pio X e do clero progressista. Com o passar dos anos este grupo atraiu a atenção do episcopado francês, não menos que a de Roma. O objetivo do GREC, como explica um de seus fundadores, o Pe. Michel Lelong, “é a necessária reconciliação entre a Tradição e Roma” [i]. Objetivo equívoco, pois como diz Dom Lefebvre: “Roma perdeu a fé... Roma está na apostasia” (cf. Conferência aos padres em Ecône por ocasião do retiro sacerdotal, em 1º de setembro de 1987). Mas para o GREC estas palavras de Dom Lefebvre não merecem atenção. São palavras ditas num “momento de angústia”, como diz um dos defensores da linha de Dom Fellay. Os integrantes do GREC creem ver os acontecimentos desde um ponto mais elevado, com mais serenidade, almejando assim uma “impossível reconciliação”, como diz muito bem o Pe. Rioult, reconciliação entre duas realidades opostas: entre a Igreja verdadeira, a Roma eterna, e a Igreja oficial, a Roma modernista. Na verdade aí está todo o drama por que está passando a Fraternidade, pois Menzingen não cessou, desde então, de procurar esta reconciliação preconizada pelo GREC, fazendo uso de sua autoridade para fazer cessar as críticas à Santa Sé, ou seja, aos modernistas que a ocupam.[ii] Está aí a razão de Dom Fellay ter pedido a Dom Williamson de cessar os seus “Comentários Eleison” e de não ter feito fortes críticas à última reunião ecumênica de Assis.
Lembremo-nos, ainda que sumariamente, de outros fatos:
* Resposta de 14 de abril de 2012, por Dom Fellay, aos três outros bispos da Fraternidade, na qual ele diz aos seus irmãos de episcopado que lhes “falta realismo e espírito sobrenatural”;
* Declaração doutrinal de 15 de abril de 2012. Esta declaração levantou uma reação tal, que Dom Fellay se viu impelido a retirá-la. Mas dela não se retratou até o dia de hoje. A Fraternidade não estava e não está todavia “madura” para aceitá-la.
* A 11 de maio de 2012, Dom Fellay dá uma entrevista ao canal de televisão americano CNS (Catholic News Service), na qual ele minimiza a gravidade do documento conciliar “Dignitatis Humanae”.
* Em julho de 2012 se reúne o Capítulo Geral da Fraternidade sem a presença de Dom Williamson, proibido de aí comparecer. O resultado deste capítulo foi o abandono da decisão do Capítulo Geral anterior (2006), o qual estabelecia que não se levaria a cabo nenhum acordo prático com Roma antes de um prévio “acordo doutrinal”. Em outros termos, antes da conversão de Roma.
* Pouco depois é notificada a expulsão de Dom Williamson da Fraternidade, expulsão que este considera nula; e Dom Williamson convida Dom Fellay a resignar o seu cargo a fim de que não se destrua a obra de Dom Lefebvre.
* Em 13 de junho de 2012 Dom Tissier de Mallerais se manifesta em entrevista ao jornal “Rivarol” contra a política de acordo, sem, entretanto, citar a pessoa de Dom Fellay. Note-se que Dom Tissier foi transferido de Ecône para um priorado nos Estados Unidos. Os seminaristas perderam assim o contato com o mais antigo colaborador de Dom Lefebvre.
Nos meses seguintes, declarações diversas, públicas e privadas, expressaram e reforçaram a política pragmática da Fraternidade com relação a Roma. “Reconhecimento unilateral” é a fórmula apta a obter a aceitação dos membros da Fraternidade. Mas esta é a mesma solução aceita por Dom Gérard (Barroux – França) em 1988, assim como por Campos em 2002. Um reconhecimento canônico tem sido suficiente, seja ele unilateral ou não, para criar uma dependência em relação às autoridades modernistas e desta feita lhes permitir que aniquilem toda a Tradição. Não são os inferiores que fazem os superiores, mas sim os superiores que fazem os inferiores, como observava Dom Lefebvre. É uma simples questão de bom senso. Mas o bom senso está desaparecendo da superfície da terra.
Convém lembrar igualmente os processos iníquos dos quais foram vítimas os padres Pinaud e Salenave, processos descritos e comentados pelo Pe. François Pivert no livro “Quel droit pour la Tradition catholique?”.
As comunidades religiosas que não aprovavam a política de Menzingen já haviam sido objeto de medidas diversas de pressão e vexação. A lista é longa. Recordemos o adiamento da ordenação dos diáconos dominicanos e capuchinhos em 2012. Os beneditinos de Bellaigue também foram ameaçados de ter a ordenação de seus candidatos delongada. Ora, isso se explica se considerarmos que os superiores destas três casas religiosas haviam estado em Menzingen para manifestar a Dom Fellay o seu desacordo.
No entanto, aqueles que apoiam Dom Fellay dizem que isso são águas passadas: o Capítulo Geral de 2012 deu uma solução satisfatória à questão; o que é falso. Tanto o Pe. Pflüger, primeiro assistente de Dom Fellay, como o Pe. Alain Nely, segundo assistente, retomaram o assunto, seja em conversas privadas, seja em retiros, seja ainda em entrevistas públicas.
Não se pode de modo algum dizer que tudo quanto era problemático está sanado na Fraternidade. Se isto fosse verdade, Dom Williamson teria que ser reabilitado, honrado e escutado, pois que foi sua iniciativa de redigir a carta ao Conselho Geral, assinada também por Dom Tissier e Dom de Galarreta, que salvou a Fraternidade em 2012 de um acordo com Roma. Três bispos contra os acordos era demais para Roma. Era melhor esperar por tempos mais propícios.
Para Dom Lefebvre este momento oportuno expressar-se-ia pela conversão de Roma e pela aceitação das doutrinas contidas nos documentos pontifícios Quanta Cura, Syllabus, Pascendi, Quas Primas, etc. Mas para Dom Fellay, os tempos propícios já chegaram e trazem consigo a diminuição do espírito de combate da parte da Fraternidade, ou seja, o alinhamento (“ralliement”, em francês) que culminou com sua declaração de 15 de abril de 2012 e que continua mesmo sem a assinatura de um acordo.
A conclusão de tudo isso é algo de espantoso e trágico. Estes fatos são públicos, na sua maioria. Por que não há uma maior reação à política de Dom Fellay? Ao que parece é porque o liberalismo e a apostasia já fazem sua obra dentro da própria Tradição. Dom Fellay, ajudado por muitos padres, criou um estado de desorientação tal que muitos fiéis já não são capazes de discernir mais nada do que está acontecendo com a obra de Dom Lefebvre.
É por isso que afirmamos que a verdade sobre estes acontecimentos permanece oculta embora seja pública. Seria a ocasião de citar a famosa frase de Chesterton, que segue: “o mundo moderno é dirigido por uma força oculta que se chama publicidade”. O que importa, como diria um amigo nosso, não são os fatos, mas a versão dos fatos. Ora, a versão triunfante é que Dom Williamson e Dom Faure são desobedientes e que os superiores da Fraternidade são os verdadeiros discípulos de Dom Lefebvre. Isto é falso, como o demonstramos. Eis aí o centro do drama.
Agora é vossa hora e o poder das trevas” (Luc. XXII, 53). Talvez a Resistência tenha de sobreviver como os apóstolos e os discípulos dispersos durante o tempo da Paixão. É útil rememorar uma reflexão do grande pensador brasileiro, Gustavo Corção: “Não creio em nenhuma obra nos tempos atuais que reúna um grande número de pessoas.” Talvez a Resistência permaneça o pusillus grex ao qual Nosso Senhor exortou a não temer porque foi do agrado do Pai lhes dar o reino. Que a proteção da Santíssima Virgem possa nos guardar fiéis até o fim: “Ut Fidelis inveniatur.

[i] Pour la nécéssaire réconciliation, Nouvelles Éditions Latines, 2011, p. 15.
[ii] Ibidem, p. 50.”

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sábado, 28 de março de 2015

Dom Tomás de Aquino: Uma confissão de Menzingen

“O comunicado de Menzingen de 19 de março, ainda que breve, nos ensina um bom número de coisas. Entre outras, encontramos ali uma confissão: que Monsenhor Williamson foi expulso da Fraternidade São Pio X por causa de sua oposição à política acordista de Mons. Fellay.
Até o presente, Menzingen falava de desobediência: Monsenhor Williamson era um indisciplinado, um mau subordinado que não obedece às ordens recebidas. Agora, Menzingen confessa a verdadeira razão: “as vivas críticas” de Mons. Williamson a respeito das relações de Menzingen com Roma. O mesmo para Mons. Faure. Eis aqui sua falha.
O affaire da carta dos três bispos a Mons. Fellay e a seus assistentes não foi digerido. Relações com Roma, Mons. Lefebvre bem que as teve, mas com a esperança de que Roma se recuperasse, que desse marcha a ré. De fato, Mons. Lefebvre era quem dirigia as negociações e o fazia com uma certeza invencível, porque seu critério foi a fé de sempre. Inclusive, ao fazê-lo, quase caiu na armadilha de Roma. “Fui demasiado longe”, disse.
Pelo contrário, com Mons. Fellay, as coisas acontecem de maneira completamente diferente. Não é ele quem dirige as negociações. Não é ele quem tem a força de dizer a Roma: “Sou eu, o acusado, quem vos deveria julgar”. Não, Monsenhor Fellay não se apresenta como juiz dos erros de Roma. Apresenta-se mais como um culpado “em situação irregular que deve reintegrar-se ao redil e que sofre porque “sua” Fraternidade não o segue.
Abramos um parêntese. Julgar Roma? Não é este o papel dos superiores e não dos inferiores? Decerto. Mas os superiores já julgaram. São Quanta Cura, Pascendi, Quas Primas, etc., que condenam aos papas liberais. É Roma, a Roma eterna, quem julgou à Roma neomodernista e neoprotestante. Monsenhor Fellay parece ter esquecido isto e o faz olvidar com sua “Igreja concreta de hoje em dia”. Fechemos o parêntese.
Monsenhor Williamson bloqueava as negociações de Menzingen. Ele constituía um entrave. Sabíamo-lo bem, mas a casa geral dava outra versão. Agora, ela confessa. São as “vivas críticas” de Mons. Williamson contra sua operação suicídio que foram a causa de sua expulsão. Já era tempo que Menzingen o dissesse. Já o fez agora.
No entanto, Menzingen falseia a questão ao dizer que estas vivas críticas eram sobre “toda relação com as autoridades romanas”. Não. Isto não é verdade. Elas eram sobre a incorporação a Roma, que poria a FSSPX sob o jugo modernista e liberal, pelo qual o demônio trata de chegar ao que Corção chamou “o pecado terminal”: fazer cair os últimos bastiões em uma última e monumental afronta a Deus.
E a isto não poderíamos prestar nosso concurso. O demônio não alcançará seus fins porque Nossa Senhora vela: Ipsa conteret. Eis aqui nossa esperança. Ela não será decepcionada, se nós somos fiéis pela graça de Deus: Fidelis inveniatur.”

Original em http://www.dominicainsavrille.fr

quarta-feira, 25 de março de 2015

Breve Resposta de Dom Tomás de Aquino ao Comunicado de Menzingen

“Menzingen acusa a ordenação de Dom Jean-Michel Faure de ter não nada em comum com as sagrações de 1988. Para tanto, a casa geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X faz certo número de considerações. Examinemos quatro delas:
1) Dom Williamson e Dom Jean-Michel Faure foram expulsos da Fraternidade porque estavam se opondo a qualquer relação com Roma.
Isto é falso. Eles estão contra a maneira pela qual o fazem Dom Fellay e seus assistentes – incluso aqui o capítulo geral de 2012 –, que buscam um acordo prático sem a conversão de Roma.
2) Dom Williamson e Dom Jean-Michel Faure não reconhecem as autoridades de Roma.
Isto é igualmente falso. Nem um nem outro são sedevacantistas.
3) Menzingen insinua que a publicidade do evento foi insuficiente, e a compara com a grande publicidade de 1988.
Comparada com a de 1988, a de 2015 foi realmente pequena, mas considerada em si mesma, não é uma questão menor. Se contarmos todos os que participaram na cerimônia, vemos representantes dos seguintes países: Inglaterra, França, Estados Unidos, México, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia e Brasil. Uma centena de fieis assistiram à cerimônia. Os meios de comunicação tanto telefonaram, como vieram ao local.
4) A quarta questão se refere ao estado de necessidade.
Dizemos que nos parece estarmos a ver ali a ponta de um iceberg bastante conhecido: o estado de necessidade de 1988 já não seria o de 2015. Roma já não é tão agressiva contra a Tradição como o era em 1988. Eis uma velha canção: Roma muda! Sim! Roma muda... para pior! E isto também na época de Bento XVI.
Conclusão: Menzingen desaprova a sagração de Dom Jean-Michel Faure; mais que isso, a ataca. É normal. Enquanto Menzingen não compreender que está no mau caminho, atacará sempre a resistência para defender sua política de aproximação com Roma.
No fundo, o que está em jogo é aquilo que disse Dom Lefebvre durante seu sermão histórico de Lille em agosto de 1976: Quero que, na hora de minha morte, quando Nosso Senhor me perguntar: “Que fizeste com tua graça episcopal e sacerdotal?”, eu não tenha de escutar de Sua boca: “Tu contribuíste para destruir a Igreja, tal como os outros”.
Nós tampouco. Eis porque continuamos o combate, e para isto precisamos de bispos. Essa é a explicação para a sagração de 19 de março. Não se deve buscá-la em nenhum outro lugar.”

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domingo, 22 de março de 2015

Informativo da Iniciativa São Marcel referente à consagração episcopal do Pe. Jean-Michel Faure

“Os que apóiam Sua Excelência o Bispo Williamson, seja como leitores dos Comentários Eleison, seja como contribuintes da Iniciativa São Marcel, ou de alguma outra forma, certamente já sabem da notícia sobre a ordenação, por Sua Excelência, do Bispo Jean-Michel Faure, que se deu no Mosteiro da Santa Cruz em Nova Friburgo – Brasil, na última quinta-feira, dia 19 de março, Festa de São José. A divulgação do acontecimento foi compreensivelmente retida até os últimos momentos que o antecederam, a fim de se evitar, na medida do humanamente possível, quaisquer interrupções na cerimônia, assim como quaisquer outros problemas que poderiam ter surgido conjuntamente.
No entanto, agora que a consagração aconteceu, somos capazes de fornecer aos fiéis e ao mundo em geral explicações sobre o assim chamado “Mandato de Emergência”, que foi lido durante a liturgia.
Como muitos já sabem, entre as primeiras palavras ditas no rito da Ordenação Episcopal está a declaração feita ao bispo ordenante por seu assistente sênior:
“Reverendíssimo Padre, nossa santa Madre, a Igreja Católica, pede que o senhor promova este sacerdote aqui presente aos deveres do episcopado”.
Em resposta, o bispo ordenante pergunta se o assistente tem o “Mandato Apostólico”.
A resposta é: “Nós temos”, à qual o bispo ordenante responde: “Leia-se”.
(Aqueles mais interessados podem consultar depois um útil Ordo online em latim e inglês, extraído do Pontificale Romanum, publicado em 1910.)
Aquilo, porém, que foi lido na cerimônia de quinta-feira em resposta ao convite de Dom Williamson – e que tanto tem a função litúrgica, como serve para uma explanação pública sobre a lógica da cerimônia tal como foi visto pelos participantes – é o que se segue. Os leitores talvez se interessem em saber que os seus primeiros parágrafos seguem de perto a linguagem usada por Dom Lefebvre em 30 de junho de 1988.
MANDATUM APOSTOLICUM
Nós temos o Mandato para consagrar a partir da Igreja Romana, que, em sua fidelidade à Sagrada Tradição recebida desde os Apóstolos, nos ordena a transmitir fielmente essa mesma Sagrada Tradição – a saber, o Depósito da Fé – para todos os homens em razão de seu dever de salvar suas almas.
Pois, de fato, por um lado as autoridades da Igreja de Roma desde o Concílio Vaticano II até os dias de hoje são guiadas por um espírito de modernismo que mina profundamente a Sagrada Tradição, a ponto de distorcer seus próprios conceitos:
Haverá um tempo em que eles não suportarão a Sã Doutrina... afastarão os ouvidos da verdade e os aplicarão às fábulas, como disse São Paulo a Timóteo em sua segunda Epístola (4, 3-4). Que utilidade teria um pedido a tais autoridades por um Mandato para consagrar um bispo que se oporá profundamente ao seu erro mais grave?
E por outro lado, quanto à obtenção de tal bispo, os poucos católicos que entendem sua importância poderiam esperar, mesmo depois do Vaticano II, que ele pudesse vir da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, fundada por Dom Marcel Lefebvre, tal como os quatro outros ordenados por ele em 1988 com um Mandato de emergência anterior. Infelizmente, quando as autoridades dessa Fraternidade mostraram, por sua contínua mudança de direção, às autoridades romanas que eles estavam tomando a mesmo rumo modernista, essa esperança se mostrou ser em vão.
De onde então poderiam esses fiéis católicos obter os bispos essenciais para a sobrevivência de sua verdadeira fé? Em um mundo que faz guerra política dia após dia, sobretudo contra Deus e Sua Igreja, o perigo para a Fé parece tal que a sobrevivência desta não pode mais ser deixada na dependência de um único bispo totalmente antimodernista. A própria Igreja pede a ele que nomeie um associado, que será o Padre Jean-Michel Faure.
Por esta transmissão de poder da Ordem episcopal, nenhum poder episcopal de jurisdição é assumido ou concedido, e tão logo Deus intervenha para salvar Sua Igreja, que não tem mais nenhuma esperança de resgate humano, os efeitos dessa ordenação e desse Mandato de emergência serão imediatamente colocados de volta nas mãos de um Papa que venha a ser completamente católico.


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quinta-feira, 19 de março de 2015

Entrevista com o Rev. Pe. Faure, consagrado bispo por S.E.R Mons. Richard Williamson em 19/03/2015 no Mosteiro da Santa Cruz em Nova Friburgo

Um pouco de história para começar, Padre: como conheceu a Tradição e Monsenhor Lefebvre?
Em 1968, estando na Argentina, visitei ao Arcebispo de Paraná, que me disse: “quer defender a Tradição? No Concílio, a defendi junto com um Bispo corajoso, meu amigo, Mons. Marcel Lefebvre”. Foi a primeira vez que ouvi falar de Mons. Lefebvre. Fui procurar Mons. Lefebvre na Suíça em 1972, por ocasião da Semana Santa, e então o conheci.
Onde o senhor nasceu? Por que estava vivendo na América do Sul?
Eu nasci na Argélia [1943], e minha família, depois da Independência, adquiriu uma terra na Argentina, perto de Paraná. Minha família foi expulsa da Argélia porque o governo francês entregou o poder aos combatentes muçulmanos, que realizaram massacres espantosos durante o processo de Independência. Meus avós, pais e tios eram agricultores lá, desde 1830.
Continuando com a história, como desenvolveu seu apostolado na FSSPX?
Fui ordenado por Mons. Lefebvre em 1977, em Ecône, e quinze dias depois o acompanhei em uma viagem pelo Sul dos Estados Unidos, México (onde o Governo nos impediu de entrar), Colômbia, Chile e Argentina. Monsenhor me encarregou de começar o apostolado nessa região. No primeiro ano, me ajudaram dois sacerdotes argentinos e, no ano seguinte, outro espanhol (da FSSPX). Criou-se, em seguida, o Distrito da América do Sul, sob minha responsabilidade, e comecei a pregar retiros até o México. Houve, no primeiro ano, por volta de 12 vocações, que se instalaram no Priorado de Buenos Aires, que estava alojado em uma casa muito grande. Em seguida, por volta de 1980, foi construído o Seminário de La Reja (Buenos Aires), do qual Mons. Lefebvre nomeou-me diretor. Lá fiquei até 1985, quando fui nomeado Superior do Distrito do México. Então, foram construídas as igrejas da Capital e de Guadalajara. Atendia, com os Padres Calderón, Anglés e Tam, diferentes localidades desse País. Depois, estive alguns anos na França. Posteriormente, fui nomeado no Seminário da Argentina como professor de História, e lá permaneci até a expulsão de Mons. Williamson da Argentina (2009).
Mons. Lefebvre confiava no senhor?
Monsenhor me deu livre acesso à sua correspondência e me encarregou de certos expedientes. Tinha certa confiança em mim: em 1977, ele me perguntou, em Albano, o que pensava sobre as sagrações. Em outra oportunidade, também em 1977, me confidenciou: “eles estão esperando por mim” (o diretor de Ecône e os professores). Eles sugeriam aceitar a Missa Nova e o Concílio para conservar a Missa Tridentina. Diziam-lhe: “Agora, estamos em confronto com Roma. Se quisermos conservar a Missa (Tridentina), devemos aceitar o Concílio”. Pretendiam que Monsenhor se aposentasse em uma bela casa na Alemanha, mas ele lhes respondeu que eles eram livres para sair se assim o desejassem. E os expulsou.
É verdade que Mons. Lefebvre pediu ao senhor que aceitasse ser sagrado [Bispo]?
Em 1986, estando de visita em Ecône, me chamou de lado, depois de uma refeição, e me perguntou se eu aceitaria ser sagrado Bispo. Conhecendo o que se seguiu, talvez eu devesse ter aceitado.
Então, o senhor não aceitou?
Eu lhe disse que me parecia que Mons. de Galarreta seria mais indicado.
Pode resumir o que aconteceu em 2012?
Naquele ano, estivemos a muito poucos passos do acordo, e fracassou no último momento, provavelmente, pelo caso Williamson. O acordo fracassou por esse assunto e pela carta dos três Bispos. Ambas as coisas fizeram fracassar o acordo.
Diz-se que a chave da estratégia ad intra de Monsenhor Fellay está em ter o apoio do Capítulo Geral. O senhor pode nos dizer algo sobre isso?
O Capítulo Geral foi muito bem preparado por Mons. Fellay, e eles (os acordistas) alcançaram os seus objetivos. Ali entendi o que aconteceu com Monsenhor Lefebvre e seus amigos no Concílio Vaticano II. Ele (Mons. Fellay) havia tomado a decisão de uma política de aproximação a Roma e ajeitou as coisas para obter o apoio geral do capítulo, expulsando Mons. Williamson, que era o único capaz de impedir essa política.
Quais, em sua opinião, devem ser as condições necessárias para fazer um acordo com a Roma?
Mons. Lefebvre nos disse que, enquanto não houver nenhuma mudança radical em Roma, um acordo é impossível, porque essas pessoas não são leais, e não se pode pretender transformar os superiores. É o gato que come o rato, e não o rato que come o gato. Um acordo equivaleria a entregar-se nas mãos dos modernistas; por conseguinte, deve ser rejeitado absolutamente. É impossível. Temos que esperar que Deus intervenha.
O senhor pode nos dizer o que pensa das visitas de avaliação de diversos prelados modernistas aos seminários da Fraternidade? É verdade que algumas vezes Mons. Lefebvre recebeu alguns prelados. Qual é a diferença agora?
Tratava-se de visitas excepcionais [11/11/1987], durante as quais o Card. Gagnon nunca teve a oportunidade de defender o Concílio, enquanto que, agora, trata-se dos primeiros passos para a reintegração (da FSSPX) à igreja conciliar.
O que acha de um eventual reconhecimento unilateral da FSSPX por parte de Roma?
É uma armadilha.
Entre o Capítulo de 2006 e a crise iniciada em 2012, observa-se uma mudança de atitude por parte das autoridades da FSSPX em relação a Roma. A que se deve essa mudança?
Deve-se à decisão dos superiores de reintegrar-se à igreja conciliar. Desde 1994 ou 1995, foram realizados os contatos do GREC, que foram passos significativos no sentido da reconciliação, como o havia previsto o embaixador Pérol (representante da França na Itália), que é o inventor do levantamento das excomunhões (2009) e do Motu Proprio (2007). Isso devia ter como contrapartida o reconhecimento do Concílio.
O que faria Mons. Lefebvre na situação atual?
Seguiria na linha que nos indicou depois das Sagrações [de 1988], descartando absolutamente a possibilidade de um acordo.
Se, no futuro, o senhor fosse convidado para ir a Roma para falar com o Papa, iria? O que diria?
Em primeiro lugar, consultaria a todos os nossos amigos na Resistência. Eu iria com Mons. Williamson e outros excelentes sacerdotes que levam adiante o combate da Resistência com muito valor. E manteria informados todos os nossos amigos, com toda transparência.
Mons. Fellay disse que a FSSPX está de acordo com 95% do Concílio Vaticano II. O que o senhor acha disso?
Mons. Lefebvre respondeu que todo o Concílio está invadido de um espírito subjetivista que não é católico.
Francisco, sendo eficaz demolidor da Igreja e destruidor da Fé, é verdadeiro Papa?
Em minha opinião, não se pode dizer que Francisco seja pior do que Paulo VI, que foi quem pôs a Igreja em outro caminho; e, então, devemos conservar a atitude que foi a de Mons. Lefebvre, atitude prudencial que exclui o sedevacantismo. Mons. Lefebvre sempre se recusou a ordenar um seminarista que fosse sedevacantista. E essa foi a política da FSSPX até sua morte. Portanto, não nos venham com essa que Monsenhor disse isso ou aquilo.
Qual é o estado de seu processo de expulsão da FSSPX?
As últimas notícias foram que encontrei, no e-mail, por acaso, uma segunda admoestação. A partir de amanhã, então, a FSSPX terá novamente quatro Bispos. Deverão me expulsar rapidamente! Deo Gratias!
Esta decisão de sagrá-lo Bispo deve ter sido muito sopesada e meditada durante muito tempo. Como Mons. Lefebvre, também o senhor, Mons. Williamson e os Sacerdotes da Resistência não quiseram ser colaboradores da destruição da Igreja. É para conservar a Fé intacta que foram perseguidos, condenados e caluniados muitas vezes. Sua sagração episcopal poderá lhe acarretar uma pretensa excomunhão. Quais foram as razões principais para levar a cabo esta sagração?
A razão principal é que não podemos deixar a Resistência sem Bispos. Como o disse Mons. Lefebvre, são indispensáveis Bispos católicos para a conservação da verdadeira doutrina da Fé e dos Sacramentos.
Mons. Lefebvre pensou no senhor para ser sagrado Bispo, e agora Mons. Williamson pôde cumprir esse desejo. Qual será a sua principal preocupação?
Esforçar-me para manter a Obra de Mons. Lefebvre no caminho que ele havia traçado, não desviando nem para a direita nem para a esquerda.
Onde será seu lugar de residência?
Na França, onde pretendemos abrir um seminário perto dos Dominicanos de Avrillé.
O senhor gostaria de dizer algumas palavras aos Sacerdotes e fiéis que ainda estão sob a estrutura da Fraternidade, mas que estão inquietos por causa de seu desvio liberal nos últimos anos?
Que voltem a ler e meditar os textos de seu Fundador.
O senhor pode nos explicar a essência de seu brasão?
No centro, está o Cordeiro do Apocalipse, o Alfa e Ômega, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, anunciado por Isaías. Os corações recordam a Vendéia mártir da Revolução (Francesa); e a Flor-de-Lis é emblema da França católica. O lema, ipsa cónteret (Ela te esmagará) é tomado da Vulgata, Gênesis 3,15, onde Deus promete a vitória da Virgem Maria sobre o dragão.
Há algo que gostaria de acrescentar?
Conservemos a Fé, a Esperança e a Caridade. Não há que duvidar, e é preciso pedir isso a Deus e a Nossa Senhora, que nos mantenham nessas virtudes.
Padre, agradecemos profundamente a Deus, a Sua Santíssima Mãe e a São José, Protetor da Igreja, por esta graça tão grande. Pedimos pelo senhor, para que Deus o conserve e o guarde. Agradecemos-lhe por ter aceito tão tremendo encargo, e a Monsenhor Williamson por tê-lo sagrado como sucessor dos Apóstolos. Deo Gratias!”

Traduzido por Carla d’Amore

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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Pe. Jean de Morgon: Não ao acordo canônico antes de um acordo doutrinal

“Se Monsenhor Freppel assinalava com razão que o abandono dos princípios conduz inevitavelmente à catástrofe, o cardeal Pie nos deixa uma esperança ao afirmar que um pequeno número de reclamantes é suficiente para salvar sua integridade e manter a oportunidade de um restabelecimento da ordem. Desde o mês de julho de 2012, o capítulo dos superiores da FSSPX parece haver repudiado um princípio que havia mantido firmemente até então, a saber, que não é possível contemplar um acordo prático com o Vaticano, antes que a questão doutrinal se resolva.
No 13 de outubro seguinte, Mosenhor de Galarreta teve por bem nos explicar que:
O que se fez foi voltar a tomar toda a questão doutrinal e litúrgica para fazê-la uma questão prática.
A ordem já não se respeita e não podemos senão temer a advertência de São Pio X:
Se a regra parece um obstáculo para a ação, diz-se que dissimular e transigir facilitam o êxito: então se esquecem as regras seguras, se obscurecem os princípios sob o pretexto de um bem que não é senão aparente. Que restará desta construção sem fundamentos, construída sobre a areia?
O objetivo de nosso estudo é então demonstrar, baseando-nos na Revelação, na Tradição e nas declarações concordantes dos quatro bispos consagrados por Monsenhor Lefebvre junto com este, que o princípio mencionado é absolutamente católico, e não pode sofrer nem o abandono, nem a exceção, sendo querido por Deus mesmo, e não forjado por algum pensador tradicionalista alérgico a qualquer acordo.
I – A Revelação
Tanto no Antigo como no Novo Testamento, é a vontade firmíssima e explícita de Deus que os homens aos quais se digna gratificar com sua doutrina pura e verdadeira se abstenham absolutamente de associar-se com os que professam uma diferente, com risco de prevaricar.
É a primeira recomendação que Ele quer fazer a Moisés, quando conclui a aliança com ele:
Guarda-te de fazer algum pacto com os habitantes da terra em que vais entrar, para que sua presença no meio de vós não se torne um laço. Derrubareis os seus altares, quebrareis suas estelas...” (Êxodo, 34, 12)
Nosso Senhor, por sua vez, freqüentemente advertirá seus discípulos contra o fermento da doutrina dos fariseus e dos saduceus (MT 16,6; Mc 8, 15), contra os profetas falsos vestidos de pele de ovelha (MT 7, 15) que induzirão muitas pessoas ao erro (MT 24, 11) e até os eleitos se isso fosse possível (Mt 24, 24).
Os Apóstolos estarão tão marcados por estas advertências do divino Mestre, que as transmitem com força a seus próprios discípulos:
-“Rogo-vos, irmãos, que desconfieis daqueles que causam divisões e escândalos, apartando-se da doutrina que recebestes. Evitai-os! Esses tais não servem a Cristo nosso Senhor”. (Rom, 16, 17-18)
-“Repito aqui o que acabamos de dizer: se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado!” (Gal. 1, 9)
-“Se alguém vier a vós sem trazer esta doutrina, não o recebais em vossa casa, nem o saudeis. Porque quem o saúda toma parte em suas obras más”. (2 João 10)
Poderíamos acrescentar outras passagens da Escritura, mas essas são bastante suficientes, estando ditadas pelo Espírito Santo, para convencer-nos que o dever de evitar os fautores da heresia é de direito divino.
II – A Tradição
Os primeiros Padres da Igreja não podiam esquecer estes anátemas doutrinais, e não podem senão repetir em todas as cores a exortação de São Paulo:
Fugi do herege!” (Tito 3, 10)
Fugi dos hereges, eles são os sucessores do diabo que conseguiu seduzir a primeira mulher.” (Santo Inácio de Antioquia)
Fugi de todos os hereges!” (Santo Irineu)
Fugi do veneno dos hereges!” (Santo Antão do deserto)
Não te sentes com hereges!” (Santo Efrém)
E São Vicente de Lérins nos diz:
O Apóstolo ordena esta intransigência a todas as gerações: sempre haverá que anatemizar aqueles que têm uma doutrina contrária à recebida”. É por isso, que no século XIX, Dom Guéranger escreverá a Monsenhor de Astros:
Um dos meios de conservar a fé, uma das primeiras marcas de unidade, é fugir dos hereges”.
Efetivamente, esta “primeira marca da unidade” concerne evidentemente à unidade de fé, a primeira nota característica da Igreja católica, que não pode ter senão “Um só Senhor e uma só fé” (Efésios 4, 5). Esta mesma Igreja adverte solenemente aos futuros subdiáconos assim:
Permanecei firmes na verdadeira fé católica, pois segundo o Apóstolo, tudo aquilo que não provém da fé é pecado (Rom. 14, 23), cisma, estranho à unidade da Igreja”.
Também para melhor compreender não somente a antiguidade, mas sobretudo o caráter absoluto de nosso princípio, deve-se conservar bem gravado em nosso espírito que durante mais de dois mil anos de cisma entre os bizantinos e Roma, jamais, sem exceção, se concluiu um só acordo canônico com as Uniatas antes que houvessem reconhecido a doutrina católica sobre os dogmas controversos (Filioque, Primado do Papa etc).
Isto é o que recordou o Cardeal Ottaviani, Prefeito do Santo Ofício, na véspera do Concílio:
Uma vez reconhecida a verdade, esta verdade sobre a qual a Igreja não pode transigir, todos os filhos que regressem a ela encontrarão esta Mãe disposta a todas as generosidades que Ela pode acordar em matéria de liturgia, de tradições, de disciplina e de humanidade” (Itinéraires nº 70, pág. 6).
III – As declarações de nossos bispos
MONSENHOR LEFEBVRE: “Supondo que Roma nos chamasse, que nos quisesse receber, voltar a falar, então seria eu quem poria as condições. Já não me aceitaria encontrar na situação em que nos deixaram os colóquios. Isso já terminou. Eu colocaria a questão no plano doutrinal. “Estão de acordo com as grandes encíclicas de todos os Papas que lhes precederam? (...) Se não aceitam a doutrina de seus predecessores, então é inútil falar. Enquanto não aceitem uma reforma do Concílio tendo em conta a doutrina desses Papas que lhes precederam, não há diálogo possível. É inútil. As posturas seriam mais claras”. (Fideliter nº 66, nov-dez de 1988)
MONSENHOR WILLIAMSON: “O maior desafio para a Fraternidade nos próximos anos será compreender a primazia da doutrina, de tomar a medida de todas as coisas e de orar em conseqüência. Em nosso mundo sentimental, a tentação constante é a de seguir os sentimentos. Não seguir os sentimentos é o que caracterizou Monsenhor Lefebvre, e sim, neste respeito, nós não o imitamos, a Fraternidade seguirá o caminho da carne, quer dizer, nos braços dos destruidores (objetivos) da Igreja. (...) Doutrina, doutrina, doutrina!” (Angelus Press, 21 de junho de 2008)
MONSENHOR FELLAY: “A clara percepção da questão chave que acabamos de descrever nos proíbe de pôr em um mesmo plano as duas questões. É tão claro para nós que a questão da fé e do espírito de fé é tão primordial, que não podemos contemplar uma solução prática enquanto a primeira questão não encontrar uma segura solução” (...)
“Cada dia nos traz provas suplementares da necessidade de clarificar ao máximo as questões subjacentes (de doutrina) antes de ir mais além em uma solução canônica, que no entanto não nos é desagradável. Mas há uma ordem na natureza, e inverter as coisas nos colocaria inevitavelmente em uma situação insuportável; temos a prova disso todos os dias. O que está em jogo é nada mais nada menos que nossa existência futura
” (LAB nº 73 do 23 de outubro de 2008).
MONSENHOR DE GAGARRETA: “Há evidentemente uma vontade de nos comover, de nos atemorizar exercendo pressão no sentido de um acordo meramente prático, que foi sempre a proposta de Sua Eminência (o cardeal Hoyos). Evidentemente, vocês já conhecem nossa forma de pensar. Este caminho é um caminho morto; para nós, é o caminho da morte. Portanto para nós não é questão de segui-lo. Não podemos nos comprometer a trair a confissão pública da fé. Isto não está em questão. É impossível” (Sermão do 27 de junho de 2008 em Ecône).
Não chegou o momento de mudar a decisão do Capítulo de 2006: Não ao acordo prático sem solução da questão doutrinal” (Informe lido no Capítulo de Albano, 7 de outubro de 2011, difundido por Tradinews).
MONSENHOR TISSIER DE MALLERAIS: “Recusamo-nos a um acordo meramente prático porque a questão doutrinal é primordial. A fé vem antes da legalidade. Não podemos aceitar uma legalização sem que o problema da fé seja resolvido. (...) Trata-se de uma nova religião que não é a religião católica. Com esta religião, nós não queremos nenhum compromisso, nenhum risco de corrupção, inclusive nenhuma aparência de conciliação, e é esta aparência que daria nossa suposta ‘regularização’” (Entrevista a Rivarol do 1º de junho de 2012).
Conclusão
O princípio: “Não ao acordo canônico antes de um acordo doutrinal” é um princípio:
- fundado na Palavra de Deus que nos proíbe formalmente nos associarmos com os que professam uma doutrina diferente da transmitida pela Igreja, “coluna e fundamento da verdade” (1 Tim. 3, 15), em particular por mais de dois mil anos em suas discussões com os cismáticos orientais;
-absoluto, sem sofrer rodeios, redução ou exceção, porque concerne à “ordem da natureza” como justamente escreveu Monsenhor Fellay em outro tempo, e não a um processo convencional.
Em conseqüência. Se é verdade que ninguém se recupera do abandono dos princípios, sobretudo os mais graves porque relacionados à fé, devemos hoje em dia mais do que nunca não somente manter este princípio, mas cuidar para que não seja esquecido, alterado ou evitado, e proclamá-lo, faça chuva ou faça sol, a todas as almas de boa vontade.
Que os Santíssimos Corações de Jesus e de Maria venham em nosso auxílio no verdadeiro combate da fé, e nos guardem sempre em Seu amor!”

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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Missa verdadeira somente com doutrina verdadeira

“Querem os católicos verdadeiros a Missa verdadeira. Não lhes basta o sacramento essencialmente válido. É-lhes imprescindível que, qual alimento bem preparado, não apenas se misturem os ingredientes, mas que se perceba o agradável aroma de catolicidade pelo rito católico e nunca pela protestantização modernista que, se bem analisada, não é rito, mas desritualização.
Neste tempo de prolongada e grave crise o fiel corre, porém, o risco de matar sua própria alma ao buscar a Missa verdadeira. É preciso cuidado extremo, o mesmo cuidado que teríamos para rejeitar o alimento envenenado ou estragado. No caso da Santa Missa Tridentina, ela é, via de regra, ontologicamente boa, sacramentalmente válida e ritualmente católica. Mas o Diabo quis atrair às suas mentiras os católicos por meio da própria Missa Tridentina. Ele, o inimigo de Deus, tem conseguido para si sacerdotes até bem intencionados que se dispõem a celebrar ora no verdadeiro, ora no falso rito romano; outros mantêm-se no rito verdadeiro, mas legitimando o direito modernista; finalmente, vêm os piores, que silenciam em si e noutros a condenação ao modernismo e anseiam por colocar-se a serviço de autoridades modernistas, hipocritamente dizendo que não pensam nem fazem nada nessa direção. Esses últimos são os que proíbem os que resistem à Santa Missa verdadeira sem doutrina verdadeira de oferecer o Santo Sacrifício, mesmo privadamente, em suas casas, igrejas, oratórios. Então, se os sacerdotes da Resistência são tratados por uns tais como suspensos de ordens ou mesmo excomungados, como se pretende que um sacerdote da Resistência aceite sem grave preocupação de pastor que os fiéis leigos que o procuram assiduamente assistam e comunguem, ainda que em circunstâncias extraordinárias, mas fora de perigo de morte, nas Santas Missas desses modernistas disfarçados? Afinal, não se dá ou permite a um filho o alimento envenenado, por maior que seja a fome. Pois, se o Santíssimo Corpo do Senhor é bom alimento, não deixará o fiel de receber por isso o eventual mau alimento da ausência de plena comunhão com a verdade expresso nas palavras ou no silêncio omisso do celebrante.
Que os fiéis leigos pensem no alimento que levam para suas capelas particulares e se, depois de nelas acolherem para o oferecimento do Santo Sacrifício algum sacerdote que não acolhe nem visita o sacerdote resistente, podem ainda dizer que estão na mesma comunhão com a verdade em que está este último. As contas, como sabemos, serão prestadas a Deus, no momento que Ele sabe e que pode ser agora.”

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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Padre Jean de Morgon: A Resistência é uma questão de princípios

“São Paulo nos disse, na Epístola aos Gálatas, que Se alguém pregar um evangelho diferente do que haveis recebido, seja anátema. Portanto, não é possível estar em paz com alguém que tem outra doutrina, outro Evangelho. Permitam-me então partir desta palavra de Deus para tratar de aplicá-la à situação atual, de hoje.
Devemos ter a preocupação de pregar a palavra de Deus, a Verdade, e aplicá-la ao tempo presente. Creio que vocês estejam a par dos acontecimentos que abalam o mundo da Tradição. Se não estão, comunico-lhes rapidamente. Alguns sacerdotes deixaram a Fraternidade e também comunidades amigas, as quais tomaram distância das autoridades da Fraternidade.
Tenho a permissão de meu superior de pregar hoje sobre este tema, de explicar-lhes por que esta divisão. É muito importante compreender, pois esta divisão visível, sensível, é resultado de uma divisão muito mais profunda, mais grave, sobre a qual quero falar. É uma divisão dos princípios. É muito importante compreendê-lo, não é uma divisão de pessoas, é uma questão de princípios.
À saída da Missa, vocês encontrarão cópias de um texto que escrevi há algum tempo. Não está assinado, mas fui eu quem o redigiu e assumo a responsabilidade.
Na primeira parte quero demonstrar que nós devemos ser pessoas de princípios. Na segunda parte, quero demonstrar-lhes que se depois de cinqüenta anos nós estamos na Resistência, no combate pela Fé e a Tradição, é porque somos homens de princípios; e em terceiro lugar quero aplicar isto ao que ocorre atualmente; há um problema de princípios na Tradição.
Primeiro ponto: Devemos ser pessoas de princípios.
Baseamo-nos nos ensinamentos do Papa Pio IX, em 1871 disse aos franceses que, desde a Revolução, já não têm a bênção de Deus pois alteraram os princípios. Depois São Pio X em sua encíclica Pascendi que disse que quando se alteram os princípios por menos que seja, as conseqüências são enormes. Depois o Papa Pio XII, recebendo os franceses, disse-lhes que a França não se levantará até que os católicos sejam homens de princípios, homens de doutrina, homens com formação.
Depois citarei o grande Cardeal Pie, que fez um sermão para explicar a seus diocesanos que a Igreja sempre foi intransigente com os princípios, e tolerante na prática com as pessoas. E o mundo, os liberais, são totalmente o contrário: São tolerantes com os princípios e intolerantes na prática. Isto é o que explica o Cardeal Pie.
E Monsenhor Freppel diz que quando abandonamos os princípios, é a ruína. Eles também nos dizem que todas as revoluções não se fazem pelas pessoas, mas que são batalhas pelos princípios.
Portanto, devemos ser homens de princípios, os Papas dizem, a Igreja diz. Se somos homens de interesse, se colocamos os princípios embaixo de nós, de nossos interesses, então vamos à catástrofe, não estamos fazendo a vontade de Deus.
Os princípios não são obrigatoriamente dogmas de fé. Mas se não os respeitamos, há graves conseqüências. Na França e na Inglaterra há um princípio para conduzir em um mesmo sentido pela rua. Embora na Inglaterra conduzam pela esquerda e nós, pela direita. Mas o princípio é o mesmo. E se não queremos respeitar esse princípio, vamos à catástrofe. Assim são os princípios, não necessariamente são dogmas de fé, mas é um princípio que se não respeitamos, vamos à catástrofe, ao acidente.
Segundo ponto: Quero demonstrar que na Tradição, na Resistência que levamos a cabo apesar de nós, resistência ao Papa, aos bispos, é porque é uma questão de princípios. Não estamos contra o Papa, não estamos contra os bispos, pelo contrário, estamos contra seus falsos princípios. Sim. E dou-lhes um exemplo para compreender rapidamente: O Concílio Vaticano I impôs um princípio: Tudo aqui embaixo está ordenado para a glória de Deus. Princípio que é dogmático, está na Sagrada Escritura. O Vaticano I não inventou nada declarando isto. O Vaticano I só recorda o princípio de que tudo aqui embaixo está ordenado e foi criado para a glória de Deus. Mas o Vaticano II colocou outro princípio: Tudo aqui embaixo está ordenado para o homem. Impuseram outro princípio. E Monsenhor Lefebvre, o Padre Calmel, e outros, não aceitaram este novo princípio. Queridos fiéis, dirijo-me aos mais antigos na Tradição dentre vocês, vocês não aceitaram o novo princípio tampouco, pois a nova religião que ordena tudo ao homem ocasionou que vocês se surpreendessem quando, chegando à sua igreja, já não viram o Sacrifício da Missa, e seu sentido católico, inclusive sem conhecer o princípio, fez com que não quisessem voltar à nova missa. Foi graças a estes pioneiros na Tradição que estamos no bom combate pela Fé; se não fosse por Monsenhor Lefebvre e tantos outros, não estaríamos aqui. E eles foram homens de princípios, que não quiseram transigir. Vocês devem saber que Monsenhor Lefebvre não quis nenhuma vez em sua vida celebrar a nova missa. Foi pressionado por alguns, mas Monsenhor era um homem de princípios e se essa missa é má, ele sempre disse: “Não, eu não a vou celebrar!”, nem uma só vez o fez. Se Monsenhor Lefebvre tivesse sido um homem de interesse, teria dito: podemos resolver as coisas, estas pessoas são muito amáveis, elas me darão uma capela, vamos poder resolver as coisas. Outro exemplo: quando o rei da Inglaterra quis se divorciar, o Papa lhe disse que não, não podia se divorciar. O Papa teria podido dizer que sim, é um rei católico, a Inglaterra continuará sendo católica etc. Mas não, não era possível, e como resultado o rei se separou da Igreja e deu-se o cisma. Mas é uma questão de princípios, não podemos fazer um mal para conseguir um bem, disse São Paulo. Não podemos deixar de lado um princípio querido por Deus por um interesse passageiro ou particular contra o bem comum.
Podemos citar muitos outros exemplos. Agora resumo o segundo ponto: Os antigos foram fiéis aos princípios e graças a eles estamos aqui, lutando o bom combate.
Terceiro ponto: Sua aplicação na atualidade.
Onde se situa o problema? Onde se situa a divisão? Não é uma questão de sacerdotes ou de comunidades religiosas amigas. A divisão está nos espíritos em nosso mundo da Tradição. Nos priorados, nos conventos, está nos espíritos, os quais professam um princípio que mantiveram por muitos anos, que Monsenhor Lefebvre nos legou, e agora este princípio já não está mais, e este é o problema. Agora, qual é este princípio? É o princípio de que não podemos firmar um acordo prático com as autoridades romanas se antes não estamos de acordo sobre a doutrina, se não professamos a mesma Verdade. E este é um princípio católico. Vejam as cópias que coloquei à sua disposição, leiam-nas, ali demonstro que é um princípio católico fundado na Sagrada Escritura, nos Padres da Igreja, fundado também na prática da Igreja, a qual é a atitude do Papa diante, por exemplo, dos ortodoxos que, depois do grande cisma, discutiram com Roma para voltarem a se reunir com um acordo prático, mas a Igreja sempre insistiu na questão da doutrina. Sempre. O Primado do Papa e o Filioque. E os acordos que houve com alguns ortodoxos gregos ou russos, eles se tornaram católicos, Roma nunca transigiu com a doutrina. Nunca. Roma sempre foi muito firme na doutrina. Primeiro a doutrina e depois as questões práticas, a questão litúrgica, por exemplo. Mas na Fé não se transige. A Igreja é de fato intolerante com a doutrina, é a Fé, ela não nos pertence, é um depósito que recebemos e não temos direito de tocá-lo. Nem sequer o Papa.
Então, nosso problema atual. Durante anos, e até as consagrações episcopais, Monsenhor Lefebvre buscou as discussões com Roma. Desde 1975, depois da condenação injusta – e nula – de Roma à FSSPX, até 1988, Monsenhor Lefebvre era chamado a Roma e discutia – sobre doutrina. Depois quis um acordo prático cuja assinatura retirou no dia seguinte. Então por isso se pode citar Monsenhor no sentido de ir a Roma, de fazer a experiência da Tradição etc. Mas deu-se conta – inclusive o disse – que havia ido demasiadamente longe com o Protocolo de acordo de 1988, foi muito longe pois transigiu na doutrina, colocou a prática primeiro, ele reconheceu. E depois afirmou que se fosse ter novos colóquios com Roma, era ele quem colocaria as condições (Fideliter 66). Portanto, a posição de Monsenhor Lefebvre desde as consagrações até sua morte é que por princípio diria a Roma se concordava com as encíclicas dos Papas. Dir-lhes-ia: “Está de acordo com esta encíclica? Quanta Cura, Mortalium Animos, etc. etc. etc. Está de acordo com as encíclicas de seus predecessores? E a segunda condição que é muito importante: Está de acordo com reformar o Vaticano II com base nestas encíclicas? Porque o Vaticano II diz o contrário de Mortalium Animos, por exemplo. Está de acordo não somente com a doutrina de seus predecessores, mas também mudar ou fazer retornar o Vaticano II sobre esses pontos principais? Eu não invento nada, está em Fideliter 66. E outras declarações de Monsenhor Lefebvre, por exemplo em Flavigny: Não podemos nos entender até que tenham recoroado Nosso Senhor, que afirmem que Ele deve reinar na sociedade.
Retenhamos então, queridos irmãos, que Monsenhor Lefebvre – depois das consagrações – até sua morte se manteve firmemente neste princípio: Eu colocaria minhas condições – a doutrina. Os ensinamentos dos papas: estão de acordo ou não? Se não estão, inútil dialogar. Isto está escrito em Fideliter 66. Inútil discutir. Inútil! Se não estamos de acordo sobre a doutrina, inútil falar da questão prática. Isto é o que Monsenhor Lefebvre nos legou. E nosso mundo da Tradição sempre esteve perfeitamente unido enquanto este princípio se manteve.
Nas cópias que lhes ofereço se encontram as declarações dos cinco bispos que defendem este princípio. Claramente, Monsenhor Fellay em uma carta aos amigos e benfeitores, em outubro de 2008, afirma este princípio na ordem da natureza: “Mas há uma ordem da natureza, e inverter as coisas nos colocaria inevitavelmente em uma situação insuportável; temos a prova disso todos os dias. O que está em jogo é nada mais nada menos que nossa existência futura.”
Desgraçadamente, depois de algum tempo, depois de terminar com as discussões romanas, vemos, constatamos como pouco a pouco as autoridades da Fraternidade abandonaram este princípio. Digo-o sem zelo amargo, digo-o pacificamente, estou disposto a assumir as conseqüências do que digo, e não podem discutir comigo pois isto é público. Primeiro começou Monsenhor Fellay pouco a pouco. No Canadá colocou como exemplo os ortodoxos, que fizeram acordos sobre a questão do matrimônio etc. Então para Monsenhor Fellay há exceções aos princípios e pode-se transigir. Mas o assunto do matrimônio dos ortodoxos não é questão de fé, é questão de disciplina, completamente diferente. E Monsenhor de Galarreta, nessa conferência que deu em 13 de outubro de 2012 em Villepreux. Ele disse que era uma questão prática, que todos deveriam estar juntos e que podemos sim contribuir com algo, continuaremos o bom combate no interior, como uma ponta de lança no interior, combateremos do interior. E Monsenhor Tissier em uma conferência recente em Toulon disse que Monsenhor Lefebvre sempre buscou um acordo prático. Eu lhe escrevi dizendo-lhe que é certo que antes das consagrações, há citações de Monsenhor Lefebvre neste sentido, mas depois das consagrações deixou bem claro o princípio que se encontra em Fideliter 66: Serei eu quem colocará as condições, etc. Em setembro de 2013, me respondeu, tenho a carta, e me disse: Monsenhor Lefebvre não era perfeito.
Eu não estou contra ninguém. Não estou contra Monsenhor Fellay, nem contra Monsenhor de Galarreta ou Tissier, são bispos, eles me ordenaram sacerdote, mas o que eu digo são coisas públicas, estão publicadas, o do Canadá, de Villepreux, de Toulon, é público. O que quero é que vocês compreendam o problema que há neste momento. Há uma divisão nos espíritos. Este princípio, que se manteve durante muitos anos, agora foi abandonado. Em 2006, a Fraternidade fez um Capítulo geral onde reafirmou solenemente este princípio. E em 2012, o abandonou. Colocou suas condições nas quais se contempla o acordo prático. E Monsenhor Fellay escreveu a Bento XVI em 16 de junho de 2012 onde deixa de lado os problemas doutrinais que não se resolveram, façamos um acordo prático e depois veremos os problemas doutrinais. E Monsenhor Fellay disse a Bento XVI que tinha a intenção de continuar neste caminho. No 2 de julho seguinte há uma reunião de superiores de religiosos em Paris com Monsenhor Fellay e Monsenhor de Galarreta e os padres dominicanos perguntaram a Monsenhor Fellay: Monsenhor, não pode retornar ao princípio do capítulo de 2006? E respondeu: Não, não. Isso já é passado. Quatro anos antes havia dito que era da ordem da natureza, para a qual não há exceção possível.
Este é então, estimados irmãos, o problema atual. Quis que o compreendessem, não procurei tomar partido nem atacar as pessoas, dei nomes, mas são coisas públicas. Peço que meditem sobre estas coisas para que cada um de nós, em consciência, veja qual é a vontade de Deus neste assunto. Isto é o mais importante: Qual é a vontade de Deus neste assunto.
Estamos em uma guerra de princípios, e o mais importante, o primordial é que se dêem conta que todas as revoluções se fizeram sobre os princípios.
Então os sacerdotes estamos diante de um grave problema de consciência, como disse Monsenhor de Galarreta no Capítulo de Albano em 2011: se abandonarmos este princípio, haverá um grande problema de consciência para os sacerdotes. Ele avisou. Desgraçadamente o que vemos hoje, esta separação dos sacerdotes, é porque estes sacerdotes têm um grave problema de consciência e não são os únicos. Que devo fazer neste momento?
Convido-os a rezarem muito, para que sejamos fiéis a este princípio, o qual estou convencido que vem da vontade de Deus, nesta crise da Igreja quanto a nossas relações com Roma.
A condenação do livro do Padre Pivert é porque ele defende o antigo princípio. Não há que buscar outras causas, é porque defende o princípio que tivemos durante 25 anos e que agora foi abandonado.
Estimados fiéis, espero ter falado em conformidade com Deus. Espero não ter causado nenhuma inquietação em nenhuma alma, ao contrário, deve haver paz. Se estamos convencidos da vontade de Deus, só podemos estar em paz. Inclusive se estamos nas piores situações. Pensemos na Santíssima Virgem ao pé da Cruz, Stabat Mater. Ela não entrou em pânico, estava tranqüila apesar da tortura de seu Filho, seu Coração de Mãe Imaculada, que terá sentido? Ela estava em paz. Não soframos com esta situação na Tradição. Peçamos à Santíssima Virgem estar como Ela ao pé da Cruz, tranqüilos e fazendo a vontade de Deus. Ela esteve tranqüila na Cruz pois sabia que essa era a vontade de Deus. E isso foi suficiente para que Ela estivesse em paz. Peçamos essa graça a Nossa Senhora.”

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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O discernimento da subversão

"Em sua última carta aos amigos e benfeitores, o superior do Seminário de Winona da FSSPX, pe. Le Roux, tece considerações interessantes a respeito da oposição entre subversão e tradição, considerando a primeira não somente como ferramenta, mas como núcleo da Revolução, a qual, por sua vez, institucionaliza o ódio à autoridade.
Estas considerações, no entanto, vão logo servir ao intento principal da carta, que é também o intento dos dirigentes atuais do referido instituto, ou seja, o reforço da própria autoridade pela estigmatização dos resistentes à nova orientação, e isto simplesmente negando a existência desta última. O autor da carta não titubeia em afirmar: “Algumas pessoas, enganadas por suspeitas repetidas e ampliadas pela internet, contraíram um medo irracional de uma suposta traição, inexistente e nunca provada (…). Seus ataques difamatórios (…) são somente ferramentas do espírito de subversão e revolução”.
Sim, querem ganhar pelo cansaço. Mas não nos cansemos. Recordemos então, brevemente, o motivo essencial que levou, leva e levará numerosos sacerdotes, fiéis e comunidades amigas a tomar distância do antigo carro-chefe da Tradição: a sua nova orientação. Em direção a que? À Igreja Conciliar. A prova principal: a resolução do capítulo de 2012, com suas 6 condições “roda-quadrada”, que oficializam a vontade de acordo, ou seja, a vontade de submissão à Roma conciliar, trocando a conversão desta pelas garantias da mesma, confiando, dando fé à Roma que perdeu a Fé (1).
Este é o ponto. Não é preciso que se chegue ao ensino formal de heresias para se constatar a desorientação, fruto da subversão instalada (2). Pois aqui a autoridade suspeita da Roma conciliar passa adiante da Fé, bem comum necessário sem o qual não se alcança a finalidade da Igreja, a salvação das almas, que é sua lei suprema (3). Não há garantias que justifiquem essa vontade de submissão, no máximo elas podem disfarçar sua malignidade, mais ou menos como a falsa justificação protestante cobriria os pecados sem os apagar realmente.
Além disso, essa mudança de orientação devia permanecer conhecida de poucos, e se apresentou esse Capítulo como um triunfo de pacificação, como um alívio, uma resolução dos problemas. Assim, a subversão estava no seu ambiente: o segredo e o falso compromisso, imobilizadores eficazes da maioria (4).
Estas constatações estão longe de ser as únicas, muitos escreveram sobre outros aspectos da crise da FSSPX e da Tradição como um todo. Mas elas são suficientes para mostrar o papel de funcionário sem escrúpulos que faz o pe. Le Roux, negando friamente toda traição e imputando a subversão aos que resistem a ela. Não trabalha com a realidade, mas intenta impor uma visão que, com certeza, não se exerce à luz da Fé.
“Nós não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter um certo efeito.”
Josef Goebbels.
(1)- Por mais escandalosa que seja, a declaração de abril de 2012 não é a chaga mais profunda nessa crise. Poder-se-ia até imaginar que, numa situação de pressão, as autoridades da FSSPX chegassem a, finalmente, retratá-la. Não seria o fim da crise, pois outra declaração ambígua poderia tranquilamente sair de uma direção que aceita passar pela contradição nas suas resoluções para se submeter à Roma tal qual ela é.
(2) – Note-se que mesmo na Carta Magna da Igreja Conciliar, os documentos do Vaticano II, as novidades não aparecem de forma evidente, talvez somente em 5% dos textos… Mas os outros 95% não são íntegros. Porque o Concílio como tal foi perpassado por uma atração maligna, expressa sobretudo no célebre discurso de encerramento: a vergonhosa simpatia entre a religião de Deus que quis ser homem e a da religião do homem que quer ser Deus. Hoje muitos constatam o desastre, mas na época poucos o pressentiram. Os pontífices da revolução com tiara e pluvial se encarregaram de fomentar a passividade da maioria: Credo do Povo de Deus, declarações sobre a fumaça de Satanás, algumas punições para os mais radicais, etc. A passividade foi mantida, o desastre aí está, e a estratégia foi tão bem sucedida que a passividade permanece.
(3) – Ainda ecoa nos nossos ouvidos esta triste confissão de desistência contida na resposta do Conselho Geral aos 3 bispos: “Pelo bem-comum da Fraternidade, preferiríamos de longe a solução atual de statu quo intermediário, mas, manifestamente, Roma não tolera mais”.
(4) – Pois a Subversão trabalha mais pela imobilização que pela mobilização da maioria. Isto porque ela quer garantir que a sua minoria ativa trabalhe sem possível concorrência, a fim de que os fins subversivos sejam melhor alcançados. Numa sociedade hierárquica que tanto preza a obediência, como a Igreja, ela então procurará atingir a cabeça, e depois imporá a mudança pela falsa obediência. Falará muito de liberdade quanto estiver para se apossar do comando (durante o Vaticano II muito se falou de liberdade), mas falará mais de obediência quando, ocupado o poder, encontrar resistência.
Ir. Joaquim Daniel Maria de Sant’Ana, FBMV."

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