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segunda-feira, 5 de julho de 2021

Destruir a Missa Nova


“Qual é a crise que estamos atravessando atualmente? Manifesta-se, no meu entender, sob quatro aspectos fundamentais para a Santa Igreja. Manifesta-se, à primeira vista, acredito eu, e me parece que é um dos aspectos mais graves, porque, para mim, se se estuda a história da Igreja, dá-se conta de que a grande crise que atravessou o século XVI, crise espantosa, que arrebatou à Santa Igreja milhões e milhões de almas, regiões inteiras, Estados na sua totalidade, esta crise foi, antes de tudo, uma crise do culto litúrgico; e que, se atualmente existem divisões entre aqueles que se dizem cristãos, há que se atribuir mais que a outras causas à forma de celebrar o culto litúrgico; e se os protestantes se separaram da Igreja, a causa principal é que os instigadores do protestantismo, como Lutero, disseram, desde o primeiro momento: "Se queremos destruir a Igreja temos que destruir a Santa Missa". Esta foi a chave de Lutero.
Tinha-se dado conta de que, se chegasse a por as mãos na Santa Missa, se conseguisse reduzir o Sacrifício da Missa a uma pura refeição, a uma comemoração ou recordação, a uma significação da comunidade cristã, a uma rememoração ou memorial da Paixão de Nosso Senhor e, como consequência, que ficasse mais débil o mais sagrado que há na Igreja, o mais santo que nos legou Nosso Senhor, o mais sacrossanto, ele conseguiria destruir a Igreja. E certamente, conseguiu, por desgraça, arrebatar à Igreja nações inteiras, obrando dessa forma.
A Missa, um sacrifício
Pois bem. Hoje existe uma tendência, que ninguém pode negar, de pôr as mãos sobre a Santa Missa. Chega-se a alterar coisas que são essenciais na Santa Missa. E quais são estas coisas essenciais, na Santa Missa? Em primeiro lugar, a Santa Missa é um sacrifício. Um sacrifício não é uma refeição. Mas, na atualidade, se quis desterrar até a palavra sacrifício. Fala-se de Ceia Eucarística, fala-se de comunhão eucarística..., fala-se de tudo o que se quer, com tal de não mencionar sequer a palavra sacrifício.
E, apesar disso, a Missa é, essencialmente, um sacrifício, o Sacrifício da Cruz; não é outra coisa. Substancialmente, o Sacrifício da Cruz e o Sacrifício da Missa são a mesma coisa e o mesmo e único Sacrifício.
Não há outra mutação que na forma de oblação. Nosso Senhor se ofereceu de uma forma sangrenta, cruenta, no altar da Cruz, sendo Ele mesmo o Sacerdote e a Vítima. E sobre nossos altares, se oferece, sendo igualmente o Sacerdote e a Vítima, por ministério dos sacerdotes.
Somente o sacerdote é o Ministro consagrado pelo Sacramento da Ordem, configurado, pelo Caráter, ao Sacerdócio de Nosso Senhor Jesus Cristo, oferecendo o Sacrifício da Missa, na pessoa de Cristo: "in persona Christi".
A presença real
Se se tira a Transubstanciação da Missa... Já que vos falei de Sacrifício, falemos agora da segunda coisa necessária, essencial, que é a Presença Real de Nosso Senhor, na Sagrada Eucaristia. Se se elimina a Transubstanciação... Esta palavra é de uma importância capital, porque, ao suprimi-la, se omite a presença real, e deixa, portanto, de haver Vítima.
Deixa de haver Vítima para o Sacrifício. E, portanto, deixa de haver Missa. Dizendo de outra maneira: deixa de existir Sacrifício e nossa Missa é vã. Ficamos sem Missa. (Deixou de ser o Sacrifício que nos deu Nosso Senhor, na Santa Ceia e na Cruz, e que mandou os Apóstolos o perpetuarem sobre o altar). É o segundo elemento indispensável. Primeiro, o Sacrifício, logo, a Presença Real. Falemos agora do Caráter sacerdotal do Ministro.
É o sacerdote, não os fiéis
É o sacerdote o que recebeu o encargo, de Deus Nosso Senhor, para continuar o Sacrifício. E de nenhuma forma os fiéis. É certo que os fieis têm de se unir ao Sacrifício, unir-se de todo coração, com toda a sua alma, à Vítima, que está sobre o altar, como deve fazer também o sacerdote. Mas os fiéis não podem oferecer, de forma alguma, o Santo Sacrifício, "in persona Christi", como o sacerdote.
O sacerdote está configurado ao Sacerdócio de Cristo, está marcado para sempre, para a eternidade. "Tu es sacerdos in aeternum"... Somente ele pode oferecer verdadeiramente o Sacrifício da Missa, o Sacrifício da Cruz. E, por conseguinte, somente ele pode pronunciar as palavras da Consagração.
De joelhos!
Não é normal que os leigos se coloquem ao redor do altar e que pronunciem todas as palavras da Missa, junto com o sacerdote. Porque eles não são sacerdotes no sentido próprio em que o é o sacerdote consagrado. Tampouco podemos considerar como coisa normal o ter suprimido todo sinal de respeito à Presença Real. À força de não ver nenhum respeito à Sagrada Eucaristia, acaba por não se crer na Presença Real. E quem se atreverá a chegar, por tal caminho, a coisa parecida, depois de meditar a divina Palavra, segundo a qual "ao nome de Jesus, que se dobre todo joelho, no céu, na terra e nos infernos"? Se somente ao nome há que ajoelhar-se, vamos permanecer de pé, quando está presente em realidade, na Sagrada Eucaristia?
Ao lugar onde se oferece um sacrifício, se dá o nome de altar. Por isso, não se pode aceitar, como substituto do altar, uma mesa comum, destinada às refeições, que, segundo recordava São Paulo, se encontram nos refeitórios das casas, para comer e beber. O altar tem que ser peça que não se traslade e onde se oferece e se derrama o sangue. No momento em que se converte o altar em mesa de refeitório se deixa de ser altar.
Tomado do protestantismo
Suprimir todos os altares que são verdadeiramente tais, pôr, em seu lugar, uma mesa de madeira, diante do altar que foi solenemente consagrado, é, precisamente, fazer desaparecer a noção de Sacrifício, que vimos é de importância capital para a Igreja Católica. E é desta forma como chegou e se consolidou o protestantismo. Por esta desaparição da ideia de Sacrifício, passou a Inglaterra inteira ao cisma e logo à heresia.
... Deslizando, deslizando, pouco a pouco, vamos tornar-nos protestantes, sequer sem dar-nos conta.”
(Mons. Marcel Lefebvre, La Misa Nueva)

http://www.nossasenhoradasalegrias.com.br

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Contra as “missas animadas”


“A intrínseca perversidade do neomodernismo se comprova por sua inclinação malsã a entender o Rito divino da Missa como o resultado de perspectivas histórico-culturais que o fariam indefinidamente modificável segundo as diferentes sensibilidades dos destinatários.
A banalização da Religião, a tendência a confiná-la dentro de uma experiência psicológica oscilante entre as falsas alternativas representadas por um estéril intimismo consolador e por manifestações efusivas da assembleia, denotam as raízes da crise que insidia a integridade doutrinal e institucional da Igreja, submergindo-a nas proclamações de um ecumenismo confuso e antidogmático.
Quem quer que não se deixe condicionar pelos sofismas e pelos preconceitos ateológicos do progressismo não tardará a dar-se conta dos efeitos espiritualmente nocivos que se originam da pretensão de adaptar a Religião ao homem moderno, pretensão considerada como o resultado de um processo evolutivo natural e benéfico.
As reformas pós-conciliares facilitaram a dessacralização da liturgia, esvaziando-a de sua essência de ato sacrificial e propiciatório, cumprido pelo Senhor em benefício das almas e de sua salvação eterna.
A divina Liturgia, submetida pela agressão profanadora da pseudoteologia neomodernista a perder sua originária finalidade sobrenatural em uma atmosfera caracterizada pela sucessão de cantos e danças completamente estranhos à sacralidade do Rito, denuncia a presunçosa centralidade de uma assembleia que se autoafirma como artífice de uma nova consciência ‘religiosa’ apta a acolher os limitados horizontes do espírito mundano.
Devido às ambíguas atualizações ditadas pela inatural busca de um entendimento com os invasivos ‘idola mundi’, faz-se cada vez mais árduo aproveitar a imensa riqueza dos tesouros espirituais libertados pela Paixão redentora de Jesus. A desconsagração dos altares, imediatamente substituídos por mesas sem adornos, adaptadas à reevocação simbólica e narrativa da Ceia do Senhor, é a mais desconcertante manifestação da crise que repercute tragicamente nos diversos contextos do mundo contemporâneo, condenado ao suicídio por um ceticismo deformado e pela pertinaz vontade de institucionalizar a desordem moral e civil.
A isso se une a desvalorização do sacerdócio, ordenado por Deus para a reatualização do Sacrifício do Calvário, mas degradado pelo reformismo conciliar à direção ‘pastoral’ de uma assembleia que afirma seu arbitrário protagonismo, reduzindo a celebração eucarística a alegre ocasião convivial e desposando (segundo o conselho e a imposição de seu ‘presidente’) o já quase universal costume profanador da ‘Comunhão na Mão’.
Se a aberrante concepção da Missa como espetáculo que pressupõe uma adequada animação exibicionista é o que trouxe a culpável aquiescência à venenosidade apostática do neomodernismo, o sacrossanto dever de minar o influxo corrosivo não pode não se fundar em uma confiante devoção aos Dois Corações de Jesus e Maria, que guiam e unem os que professam a verdadeira Fé no caminho à bem-aventurança celeste.”

http://adelantelafe.com/las-misas-animadas

terça-feira, 17 de março de 2020

Que valor têm os cardeais ‘conservadores’?


“Um fato recente e revelador:
O cardeal Raymond Burke devia celebrar uma missa em latim antigo no dia 15 de fevereiro na catedral de Ostuni, na Itália.
Então a diocese de Brindisi começou a intrigar, conforme noticiou o site LaNuovaBq.it.
O reitor da catedral exigiu que a missa fosse celebrada em privado e a portas fechadas. Somente os organizadores, alguns empresários, foram autorizados a participar.
Foi aí que Burke decidiu cancelar a missa.
Este fato, trivial em si, revela o estado de espírito dos bispos ‘conservadores’. Não é assim que um combatente da Fé como Monsenhor Lefebvre teria agido. Relembremos brevemente este estado de espírito do mundo rallié:
1º Eles não querem seguir plenamente a Tradição.
2º Eles querem estar em obediência.
3º Eles querem estar na legalidade (situação canônica regular); estar livres de censura.
4º Eles querem estar na Igreja; a Igreja é visível.
5º Eles querem trabalhar na ‘Igreja’ para que a Tradição recupere seu direito de cidadania.
6º Eles querem se opor ao ‘espírito de partido’ e ao ‘cisma’.
Monsenhor Lefebvre respondeu na teoria e na prática a todas essas objeções:
1º Seguir plenamente a Tradição consiste em conservar a fé, denunciar os erros, preservar a missa antiga por motivos de fé, rejeitar o Concílio em razão de sua oposição ao reino de Jesus Cristo. Os ralliés querem apenas se concentrar na missa e no catecismo... e ao final eles abandonam até a Missa quando ela prejudica a unidade pastoral da diocese!
2º Mons. Lefebvre lembra os fundamentos da verdadeira obediência: ‘Não é isso que nos ensina a lei natural, nem o Magistério da Igreja. A obediência supõe uma autoridade que dá ordens ou promulga leis. Até as autoridades humanas, instituídas por Deus, têm autoridade apenas para atingir a meta designada por Deus e não se desviar dela. Quando uma autoridade usa seu poder contra a lei pela qual esse poder lhe é concedido, ela não tem direito à obediência e é preciso desobedecê-la.’ Mons. Lefebvre teria obedecido ao bispo de Brindisi nessas condições?
3º O argumento de legalidade é baseado em uma desordem. O que pertence à Igreja é antes de mais nada a fé, a adesão a todas as verdades ensinadas pela Igreja. A lei, o direito canônico (o de 1917, é claro!) está a serviço da fé e da santificação das almas, e não o inverso. O cardeal Burke abandona o combate da Fé para obedecer ao bispo local.
4º Argumento para permanecer na Igreja visível. Mons.Lefebvre: ‘Esta história de Igreja visível de Dom Gérard e de M. Madiran é infantil. É inacreditável que se possa falar de Igreja visível para a Igreja Conciliar, em oposição à Igreja Católica, que estamos tentando representar e continuar. Eu não disse que somos a Igreja Católica. Eu nunca disse isso. Ninguém pode me acusar de alguma vez ter querido me considerar um papa. Mas nós realmente representamos a Igreja Católica tal como ela era antes, porque continuamos a fazer o que ela sempre fez. Somos nós que temos as notas da Igreja visível: a unidade, a catolicidade, a apostolicidade, a santidade. É isso que torna a Igreja visível.’ (Mons. Lefebvre, Fideliter No. 70, p. 6)
5º Trabalhar na Igreja? Existem duas ilusões: a ilusão de estar na Igreja Católica permanecendo na Igreja Conciliar, sujeito aos bispos modernistas que se afastam da fé católica; e a concepção errônea de autoridade: não é o inferior que tem poder de mudar algo na Igreja, mas o superior.
6º Opor-se ao espírito de cisma? Quanto a esta objeção, ela só existe para os que não conhecem a diferença entre a desobediência necessária a uma autoridade e a recusa de reconhecer esta autoridade pelo que é (como fazem os sedevacantistas). Desobedecer ao Papa não é se separar da Igreja, é preciso juntar outra coisa: constituir-se sua própria autoridade independente. Mons. Lefebvre nunca quis constituir ou criar uma igreja paralela. Ele não se cansava de repetir que seus bispos e padres não tinham jurisdição ordinária...
Para concluir sobre essa Missa anulada pelo Cardeal Burke em Brindisi, Mons. Lefebvre, de sua parte, a teria mantido firmemente, mesmo que isso significasse celebrá-la em frente à catedral ou em um estádio! Esta é a diferença entre os combatentes da Fé e os liberais.”

Original em: https://cristiadatradicinalista.blogspot.com

terça-feira, 21 de agosto de 2018

O sacrifício da Santa Missa é o mesmo sacrifício da Cruz


“A principal excelência do santo Sacrifício da Missa consiste em que se deve considerá-lo como essencialmente o mesmo oferecido no Calvário sobre a Cruz, com esta única diferença: que o sacrifício da Cruz foi sangrento e só se realizou uma vez e que nessa única oblação JESUS CRISTO satisfez plenamente por todos os pecados do Mundo; enquanto que o sacrifício do altar é um sacrifício incruento, que se pode renovar uma infinidade de vezes, e que foi instituído pra nos aplicar especialmente esta expiação universal que JESUS por nós cumpriu no Calvário. Assim o SACRIFÍCIO CRUENTO foi o MEIO de nossa REDENÇÃO, e O SACRIFÍCIO INCRUENTO nos proporciona as GRAÇAS da nossa REDENÇÃO.
Um abre-nos os tesouros dos méritos de CRISTO Nosso Senhor, o outro no-los dá para os utilizarmos.
Notai, portanto, que na Missa não se faz apenas uma representação, uma simples memória da Paixão e Morte do nosso Salvador; mas num sentido realíssimo, o mesmo que se realizou outrora no Calvário aqui se realiza novamente: tanto que se pode dizer, a rigor, que em cada Santa Missa nosso Redentor morre por nós misticamente, sem morrer na realidade, estando ao mesmo tempo vivo e como imolado: Vidi agnum stantem tanquam accisum (Apoc. 5, 6). No santo dia de Natal, a Igreja nos lembra o nascimento do Salvador, mas não é verdade que Ele nasça, ainda, nesse dia.
Nos dias da Ascensão e Pentecostes, comemoramos a subida do Senhor JESUS ao Céu e a vinda do ESPÍRITO SANTO, sem que de modo algum nesses dias o Senhor suba ainda ao Céu, ou o ESPÍRITO SANTO desça visivelmente à Terra.
A mesma coisa, porém, não se pode dizer do mistério da Santa Missa, pois aí não é uma simples representação que se faz, mas, sim, o mesmo sacrifício oferecido sobre a Cruz, com efusão de sangue, e que se renova de modo incruento: é o mesmo corpo, o mesmo sangue, o mesmo JESUS que se imola hoje na Santa Missa. Opus Redemptionis exercetur, diz a Santa Igreja.
A obra de nossa Redenção aí se exerce: sim, exercetur, aí se exerce atualmente. Este santo sacrifício realiza, opera o que foi feito sobre a Cruz. Que obra sublime! Ora, dizei-me sinceramente se, quando ides à Igreja para assistir à Santa Missa, pensásseis bem que ides ao Calvário assistir à morte do Redentor, que diria alguém que vos visse aí chegar numa atitude tão pouco modesta? Se Maria Madalena fosse ao Calvário e se prostrasse aos pés da Cruz vestida, perfumada e ataviada como em seus tempos de desordem, quanto não seria censurada! E que se dirá de vós que ides à Santa Missa como se fôsseis a uma festa mundana?
Que aconteceria, sobretudo se profanásseis este ato tão santo, com gestos, risadas, cochichos, encontros sacrílegos? Digo que, em qualquer tempo e lugar, a iniquidade não tem cabimento; mas os pecados que se cometem na hora da Santa Missa e na proximidade do altar são pecados que atraem a maldição de DEUS: Maledictus qui facit opus Domini fraudulenter (Jer 48,10). Meditai seriamente sobre esse assunto.”
(São Leonardo de Porto Maurício, As Excelências da Santa Missa)

https://pt.aleteia.org

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Missa verdadeira somente com doutrina verdadeira

“Querem os católicos verdadeiros a Missa verdadeira. Não lhes basta o sacramento essencialmente válido. É-lhes imprescindível que, qual alimento bem preparado, não apenas se misturem os ingredientes, mas que se perceba o agradável aroma de catolicidade pelo rito católico e nunca pela protestantização modernista que, se bem analisada, não é rito, mas desritualização.
Neste tempo de prolongada e grave crise o fiel corre, porém, o risco de matar sua própria alma ao buscar a Missa verdadeira. É preciso cuidado extremo, o mesmo cuidado que teríamos para rejeitar o alimento envenenado ou estragado. No caso da Santa Missa Tridentina, ela é, via de regra, ontologicamente boa, sacramentalmente válida e ritualmente católica. Mas o Diabo quis atrair às suas mentiras os católicos por meio da própria Missa Tridentina. Ele, o inimigo de Deus, tem conseguido para si sacerdotes até bem intencionados que se dispõem a celebrar ora no verdadeiro, ora no falso rito romano; outros mantêm-se no rito verdadeiro, mas legitimando o direito modernista; finalmente, vêm os piores, que silenciam em si e noutros a condenação ao modernismo e anseiam por colocar-se a serviço de autoridades modernistas, hipocritamente dizendo que não pensam nem fazem nada nessa direção. Esses últimos são os que proíbem os que resistem à Santa Missa verdadeira sem doutrina verdadeira de oferecer o Santo Sacrifício, mesmo privadamente, em suas casas, igrejas, oratórios. Então, se os sacerdotes da Resistência são tratados por uns tais como suspensos de ordens ou mesmo excomungados, como se pretende que um sacerdote da Resistência aceite sem grave preocupação de pastor que os fiéis leigos que o procuram assiduamente assistam e comunguem, ainda que em circunstâncias extraordinárias, mas fora de perigo de morte, nas Santas Missas desses modernistas disfarçados? Afinal, não se dá ou permite a um filho o alimento envenenado, por maior que seja a fome. Pois, se o Santíssimo Corpo do Senhor é bom alimento, não deixará o fiel de receber por isso o eventual mau alimento da ausência de plena comunhão com a verdade expresso nas palavras ou no silêncio omisso do celebrante.
Que os fiéis leigos pensem no alimento que levam para suas capelas particulares e se, depois de nelas acolherem para o oferecimento do Santo Sacrifício algum sacerdote que não acolhe nem visita o sacerdote resistente, podem ainda dizer que estão na mesma comunhão com a verdade em que está este último. As contas, como sabemos, serão prestadas a Deus, no momento que Ele sabe e que pode ser agora.”

http://catolicismoresistente.blogspot.com.br

quarta-feira, 19 de março de 2014

São José

"Rogamos a Vós, Senhor, que nos ajudem os méritos do esposo de Vossa Mãe Santíssima, para que alcancemos por sua intercessão o que não podemos conseguir com nossos méritos." (Coleta da Missa de São José)

quarta-feira, 5 de março de 2014

A nova missa é obra de um maçom

“Em 1975 o Papa Paulo VI tomou medidas para remover o Arcebispo Bugnini de sua poderosa posição como Secretário da Congregação para o Culto Divino: o Santo Padre dissolveu a Congregação e transferiu o Arcebispo para o Irã. Evidências mostram que o Papa assim o fez porque acreditava que o Arcebispo Bugnini era maçom. O Arcebispo Bugnini morreu em Teerã em 1982.
O mais influente dos jovens lobos, o grande arquiteto da revolução litúrgica do Vaticano II, foi o Padre Annibale Bugnini. O Padre Bonneterre relata uma visita desse liturgista italiano a uma convenção litúrgica que se realizou em Thieulin, próximo a Chartres, no final dos anos 40, à qual quarenta superiores religiosos e reitores de seminário estiveram presentes, deixando claro o nível de influência dos bolcheviques litúrgicos na estrutura da Igreja na França. Ele cita um certo Padre Duploye, que disse:
Alguns dias antes da reunião em Thieulin, fui visitado por um lazarista italiano, o Pe. Bugnini, que me pediu para lhe obter um convite. O Padre ouviu com bastante atenção, sem dizer uma palavra, por quatro dias. Durante nossa viagem de retorno a Paris, enquanto o trem passava ao longo do Lago Suíço em Versalhes, ele me disse: “Admiro o que você está fazendo, mas o maior serviço que posso lhe prestar é jamais dizer uma palavra em Roma sobre tudo que acabei de ouvir.” [Boneterre, p; 52.]
O Pe. Bonneterre comenta: “Esse texto revelador nos mostra uma das primeiras aparições do ‘coveiro da Missa’, um revolucionário mais esperto que os outros, o que matou a liturgia católica antes de sair da cena oficial.” [Ibid.]”
(Michael Davies, The Destruction of Catholic Faith Through Changes in Catholic Worship)

sábado, 15 de junho de 2013

Declaração do Pe. Roger Thomas Calmel em favor da Missa de Sempre

“Eu conservo a MISSA TRADICIONAL, aquela que foi codificada, não fabricada, por São Pio V, no século XVI, conforme um costume multissecular. Eu recuso, portanto, o ORDO MISSAE de Paulo VI.
Por quê? Porque, na realidade, este Ordo Missae não existe. O que existe é uma Revolução litúrgica universal e permanente, patrocinada ou desejada pelo Papa Paulo VI, e que se reveste, momentaneamente, da máscara de Ordo Missae de 3 de abril de 1969. É direito de todo e qualquer padre recusar-se a vestir a máscara desta Revolução litúrgica. Julgo ser meu dever de padre recusar celebrar a Missa num rito equívoco.
Se aceitarmos este rito, que favorece a confusão entre a Missa católica e a Ceia protestante — como o dizem de maneira equivalente dois cardeais e como o demonstram sólidas análises teológicas — então cairemos sem tardar de uma Missa ambivalente (como, de fato, o reconhece um pastor protestante) numa missa totalmente herética e, portanto, nula. Iniciada pelo Papa, depois abandonada por ele às igrejas nacionais, a reforma revolucionária da Missa seguirá sua marcha acelerada para o precipício. Como aceitar ser cúmplice?
Perguntar-me-iam: Mantendo a Missa de sempre, em oposição a todos e contra todos, o senhor refletiu a que se expõe? Sim. Eu me exponho, se assim posso dizer, a perseverar no caminho da fidelidade a meu sacerdócio, e, portanto, prestar ao Sumo Sacerdote, nosso Supremo Juiz, o humilde testemunho de meu oficio de padre. Exponho-me a dar segurança aos fiéis desamparados, tentados de ceticismo ou de desespero. De fato, todo e qualquer padre que conserve o rito da Missa codificado por São Pio V, o grande Papa dominicano da Contra-Reforma, permitirá aos fiéis participar do Santo Sacrifício sem equívoco possível; comungar, sem risco de ser enganado, o Verbo de Deus Encarnado e imolado, tornado realmente presente sob as sagradas espécies. Aliás, o padre que se submete ao novo rito, inteiramente forjado por Paulo VI, colabora, de sua parte, para instaurar progressivamente uma Missa falsa, em que a presença de Cristo já não será real, mas transformada num memorial vazio; e, por isso mesmo, o Sacrifício da Cruz já não será real e sacramentalmente oferecido a Deus; enfim, a comunhão não passará de uma ceia religiosa em que se comerá um pouco de pão e se beberá um pouco de vinho; nada mais do que isso; como entre os protestantes.
Não consentir em colaborar para a instauração revolucionária de uma missa equívoca, orientada para a destruição da Missa, será entregar-se a certas desventuras temporais e certas desgraças neste mundo? O Senhor o sabe, e Sua graça basta. Na verdade, a graça do Coração de Jesus, que chega até nós pelo Santo Sacrifício e pelos Sacramentos, sempre é suficiente. É por isso que Nosso Senhor nos diz tão tranqüilamente: “Aquele que perder a sua vida neste mundo por minha causa, salvá-la-á na vida eterna”.
Reconheço, sem nenhuma hesitação, a autoridade do Santo Padre. Afirmo, no entanto, que qualquer Papa, no exercício de sua autoridade, pode cometer abusos de autoridade. Sustento que Paulo VI cometeu um abuso de autoridade de gravidade excepcional quando construiu um rito novo da Missa baseado numa definição de Missa que deixou de ser católica. “A Missa”, escreveu ele em seu Ordo Missae, “é a reunião do povo de Deus, presidida por um sacerdote, para celebrar o memorial do Senhor”. Esta definição insidiosa omite propositadamente aquilo que faz católica a Missa católica, sempre irredutível à ceia protestante. Porque na Missa católica não se trata de um memorial qualquer, o memorial é de tal natureza que contém realmente o Sacrifício da Cruz, porque o Corpo e o Sangue de Cristo tornam-se realmente presentes por virtude da dupla consagração. Isto aparece de modo a não permitir engano, no rito codificado por São Pio V; mas aparece flutuante e equívoco, no rito fabricado por Paulo VI.
Da mesma maneira, na Missa católica o padre não exerce uma simples presidência; marcado com um caráter divino que o põe à parte por toda a eternidade, ele é o ministro de Cristo que, por si mesmo, realiza a Missa; é inadmissível que o padre seja assemelhado a um pastor qualquer, delegado dos fiéis para liderar a sua assembléia. O que é perfeitamente evidente no rito da Missa ordenado por São Pio V torna-se dissimulado, senão escamoteado, no novo rito.
Portanto, não só a simples honestidade, mas, infinitamente mais: a honra sacerdotal, exigem de mim não ter a impudência de traficar a Missa católica, recebida no dia de minha ordenação. E porque se trata de ser leal, e principalmente em matéria de gravidade divina, não há autoridade no mundo, ainda que seja a autoridade pontifícia, que mo possa impedir.
Outrossim, a primeira prova de fidelidade e de amor que o padre deve dar a Deus e aos homens é guardar intacto o depósito infinitamente precioso que lhe foi confiado quando o bispo lhe impôs as mãos. É primeiramente sobre esta prova de fidelidade e de amor que serei julgado pelo Supremo Juiz.
Espero, com toda a confiança, da Virgem Maria, Mãe do Sumo Sacerdote, que me conceda permanecer fiel até a morte à Missa católica, verdadeira e sem equívoco.
Tuus sum ego, salvum me fac.”

http://farfalline.blogspot.com.br/2013/03/pe-calmel-conservo-missa-catolica.html

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A rejeição do reinado social de Nosso Senhor pelo Concílio

“Por fim, um terceiro erro, eles [sacerdotes católicos modernos] rejeitam o reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo sob o pretexto de que não é mais viável. Já ouvi isso da boca do Núncio de Berna; ouvi-o da boca do embaixador do Vaticano, Pe. Dhanis, ex-Reitor da Universidade Gregoriana, que veio em nome da Santa Sé me pedir que não realizasse as ordenações de 29 de junho. Era 27 de junho em Flavigny, e eu estava pregando para os seminaristas. Ele me disse, “Por que você é contra o Concílio?” Eu respondi, “É possível aceitar o Concílio, enquanto em nome do Concílio você diz que todos os estados católicos devem ser destruídos, que não deve restar nenhum estado católico, e assim não haver mais nenhum estado onde Nosso Senhor Jesus Cristo reine?” Um tal estado não é mais possível. Mas uma coisa é algo não ser mais possível e outra, aceitar isso como princípio, e conseqüentemente não mais buscar o reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas o que dizemos todos os dias no Pai Nosso? “Venha a nós o Vosso reino, seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu.” Que reino é esse? Há pouco você cantou no Glória, “Só Vós, Senhor, sois o Altíssimo, Jesus Cristo.” Então vamos cantar essas palavras e logo depois dizer, “Não, Jesus Cristo não deve mais reinar sobre nós.” Não estamos vivendo em contradição? Afinal, somos católicos ou não?
Não haverá paz na terra exceto no reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo. As nações estão em conflito – todos os dias páginas e mais páginas dos jornais tratam disso, como também o rádio e a televisão; e temos agora a mudança do primeiro ministro. Que vamos fazer para melhorar a economia? Que vamos fazer para salvar a moeda? Que vamos fazer para que a indústria prospere, etc. Todos os jornais do mundo estão cheios dessas questões. Mesmo de um ponto de vista econômico, Nosso Senhor Jesus Cristo deve reinar, porque o reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo é o reinado dos princípios do amor e dos mandamentos de Deus, que estabelecem o equilíbrio na sociedade, e que fazem reinar a justiça e a paz. É somente com ordem, justiça e paz na sociedade que a economia pode prosperar...
É o reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo que nós queremos; e professamos nossa fé, dizendo que Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus.
E é por isso que nós queremos também a Missa de São Pio V, porque a Missa é a proclamação da realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Nova Missa é uma espécie de Missa híbrida, que não é mais hierárquica; é democrática, onde a assembléia toma o lugar do sacerdote, e assim não é mais uma Missa verdadeira que afirma a realeza de Nosso Senhor. Pois como Nosso Senhor se tornou Rei? Ele afirmou sua realeza na cruz. Regnavit a ligno Deus. Jesus Cristo reinou do alto da cruz. Porque Ele subjugou o pecado, Ele subjugou o demônio, e Ele subjugou a morte pela cruz: três vitórias magníficas de Nosso Senhor. Dirão que isso é triunfalismo. Se é então que seja, nós de fato queremos o triunfalismo de Nosso Senhor Jesus Cristo...
Na hora da minha morte, quando Nosso Senhor me perguntar, Que fizeste das graças de teu sacerdócio, não quero ouvir da boca do Senhor, Tu contribuíste na destruição da Igreja com os demais.”
(Arcebispo Marcel Lefebvre, Sermão em Lille, 29.8.1976, reproduzido em A Bishop Speaks: Writings and Addresses 1973-1976)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Pe. François Laisney e algumas informações úteis sobre a Missa de Paulo VI

“• O Papa Paulo VI não respeitou exatamente os procedimentos legais quando promulgou a Nova Missa. Conseqüentemente, a Nova Missa não é uma lei universal.
• A Nova Missa é má por si mesma e perigosa para a Fé Católica. Sendo assim a Igreja jamais poderia promulgar uma lei que fosse má ou prejudicial às almas.
• O Novus Ordo Missae não foi promulgado pela Sagrada Congregação dos Ritos segundo os procedimentos canônicos corretos.
• Na “Acta Apostolicae Sedis” (O órgão oficial da Igreja Católica que anuncia as novas leis para toda a Igreja) não aparece nenhum decreto da Sagrada Congregação para os Ritos impondo a Nova Missa.
• Nas edições sucessivas da Nova Missa, o decreto de 1969 é substituído por um segundo decreto (o decreto de 26 de março de 1970) que se limita apenas a “permitir” o uso da Nova Missa. Este segundo decreto, que “apenas permite” o seu uso, sem, no entanto, torná-lo obrigatório, aparece na Acta Apostolicae Sedis.
• Uma nota da Congregação para o Culto Divino concernente à Nova Missa (1971), diz que “Não se pode encontrar nesse texto nenhuma proibição explícita a nenhum sacerdote que queira celebrar a Missa Tradicional, nem alguma ordem obrigando a celebrar exclusivamente a Nova Missa”.
• Uma outra nota datada de 1974, ao invés, impõe sim uma obrigação, mas essa não aparece na “Acta Apostolicae Sedis” e nem diz que Paulo VI a tenha aprovado.
• A característica principal dessas reformas é a sua “legislação confusa”. E é exatamente nisso que se comprova a proteção infalível do Espírito Santo à Igreja. O Espírito Santo não permitiu que os modernistas promulgassem as suas reformas corretamente, com uma perfeita força legal. O Novus Ordo Missae foi promulgado pelo Papa Paulo VI com tal número de irregularidades – em particular a ausência total de termos jurídicos corretos necessários para obrigar todos os sacerdotes e os fiéis – que não se pode afirmar que esse seja coberto pela infalibilidade que o Papa empenha nas leis universais.”

http://tradicaocatolicaes.wordpress.com/2011/02/01/algumas-informacoes-uteis-sobre-a-nova-missa/

domingo, 4 de novembro de 2012

Bento XVI não tem nada contra os que assistem à missa uma vez por ano

“Eu nada tenho contra pessoas que, embora nunca entrem numa igreja durante o ano, assistem à Missa de Natal, ou vão à igreja por ocasião de alguma outra celebração, porque isso é também um modo de se aproximar da luz. Portanto, deve haver diferentes formas de envolvimento e participação.”
(Cardeal Joseph Ratzinger, em entrevista à Zenit, outubro de 2001)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Por que não assistir às missas dos ralliés

“Na saída da capela, o padre discute com um fiel, Filipe, de 17 anos. Durante a conversa, Filipe conta como se passou o seu último fim-de-semana com amigos da região de Paris. Filipe diz que o grupo escolheu ir à missa dos ralliés
Filipe: Mas por que este ar reprovador? Não é a missa verdadeira?
Padre: Sem dúvida, a missa é boa. Mas isto não é o principal.
Filipe: Não é o principal? Mas o que é que falta, padre?
Padre: Bem, vou fazer uma comparação. Um licor é uma boa coisa, não é? (Filipe concorda com um sorriso). Pois bem. Mas cada vez que se bebe um licor, não se faz necessariamente uma boa ação (Filipe compreende). Ocorre algo de semelhante com a santa missa. Uma coisa é o fato de a missa ser, em si mesma, uma boa coisa. Mas é preciso que o assistir a essa missa seja também bom; é necessário que a assistência a essa missa seja uma boa ação.
Filipe: Sim, mas um licor e a missa não são a mesma coisa! O senhor parece querer dizer que se pode fazer o mal assistindo à missa tradicional!
Padre: Exatamente, é isto mesmo que eu quero dizer! Assim como se pode fazer um mau uso de um licor, do mesmo modo não é sempre bom assistir à verdadeira missa. Pode até ser um mal.
Filipe: Essa é a maior!
Padre: Caro Filipe, sua surpresa é um tanto compreensível. Normalmente, um católico não tem motivos de se questionar quando assiste a uma missa católica. Na atualidade, porém, existem muitas coisas anormais na Igreja. Nós, por exemplo, celebramos a missa em salas improvisadas, enfrentando a hostilidade do clero da região, estigmatizados, sendo considerados como excomungados, cismáticos… Muita gente não vem aqui porque crêem que isto é praticar o mal. E, no entanto, é realmente a verdadeira missa! O que ocorre, é que eles se enganam pensando que é mal vir aqui.
Filipe: Sim, eles se enganam, já que aqui é a verdadeira missa!
Padre: Não, Filipe, preste atenção. O problema deles não é a missa. O problema deles é que lhes disseram que é mal ir a ela. É bem diferente. Pois bem, o problema com os ralliés é do mesmo gênero: a sua missa é boa, certo, mas é bom ir a ela? Isto é uma outra questão! Percebe a distinção?
Filipe: Sim, eu vejo a distinção. Mas eu não vejo realmente porque não é bom ir a uma missa da Fraternidade São Pedro, ou de Cristo-Rei!
Padre: Veja, quando se começa a interrogar se assistir a tal ou tal missa é bom ou não, passamos logo a falar daquele que celebra a missa. Interessante, não?
Filipe: Não me parece muito claro…
Padre: Pois bem! Digamos, como você acaba de fazer; eu vou à verdadeira missa na Fraternidade São Pedro, em Cristo-Rei, na Fraternidade São Pio X, na praça Foch, ou na rua Buisson, e a missa celebrada nestes diferentes lugares é a mesma. Todavia, assistir aqui ou acolá, isto não é a mesma coisa. Depende de quem a celebra.
Filipe: Por quê?
Padre: Porque a missa e um licor não são a mesma coisa! Há pouco, você poderia ter me dito: quanto a mim, quando eu bebo um licor, eu me previno. Jamais tenho problemas. Bebo sempre com moderação! Mas a missa não é uma coisa que se consome sozinho num canto, de maneira privada.
Filipe: É então o quê? Eu vou à missa para me recolher, para rezar, para comungar. Pouco me importa se o padre é da Fraternidade São Pedro ou São Pio X. Que os senhores se acertem!
Padre: A santa missa é o ato mais elevado do culto público da Igreja. Quer dizer que é, antes de tudo, um ato social, no qual se honra o nosso Deus e se recebe seus benefícios sob a autoridade da Igreja, sociedade que Deus instituiu para poder ser honrado como Ele o quer.
Filipe: Hum… Um pouco difícil de entender, padre.
Padre: Vou recomeçar. Em privado, você pode rezar muito livremente, quando quiser, como quiser; de qualquer maneira, trata-se de uma oração. Mas o Bom Deus quis ser honrado também, e sobretudo, reunindo os homens em torno da cruz, para a missa; isso é que é a oração pública e oficial da Igreja. É assim que ela presta a Deus, em nome de todos os homens, toda a honra e glória que lhe são devidos. Portanto, a missa não é uma devoção privada nem dos assistentes nem dos padres que a celebram. É um ato comum de culto, o que supõe que aquele que celebra tenha recebido da Igreja a autoridade para o fazer. Ele deve depender de um bispo, o qual depende do papa. É por isso que eu falava da autoridade da Igreja.
Filipe: Mas o senhor, padre, o senhor é independente desta autoridade.
Padre: Pois bem, Filipe, chegamos ao coração do problema. O que você diz é o que dizem os “conciliares” e os que crêem neles, quando eles dizem que assistir às nossas missas não é permitido. Mais uma vez, não é porque a missa que celebramos seja má, mas porque nós resistimos à Hierarquia, a Roma. E nós dizemos: não se deve assistir à missa dos ralliés, porque eles se submetem à hierarquia conciliar.
Filipe: Se bem compreendo, então o fundo do problema é o da submissão à hierarquia atual?
Padre: Exatamente! Normalmente, na Igreja, um padre está submetido a seu bispo, que está submetido ao papa; assim ele recebe uma missão de celebrar a missa e os outros sacramentos para uma porção dos fiéis da Igreja. Ora, desde umas três décadas constata-se que, para guardar a fé, os fiéis pediram a padres, que também queriam guardá-la, para que estes se ocupassem deles, a ponto de resistir aos bispos e ao papa. Como bons gauleses, não queriam resistir por resistir, mas queriam defender sua fé diante das decisões de Roma, que contribuíam para a perda da fé dos fiéis.
Filipe: Que decisões?
Padre: Por exemplo, a promulgação da nova missa de Paulo VI, em 1969. Mas antes, houve o Concílio, com vários textos ruins, sobretudo sobre o ecumenismo e a liberdade religiosa. Mais tarde, houve mudanças nos outros sacramentos, depois o novo direito canônico, em 1983. Houve muitos escândalos de ecumenismo, como Assis, em 1986 e depois, houve a luta feroz contra D. Lefebvre que só fazia, como ele mesmo disse várias vezes, o que ele sempre tinha feito, com a aprovação de Roma. Em 1988, D. Lefebvre sagrou bispos porque ele compreendeu que Roma queria destruir a Tradição. A fé dos fiéis continuava sendo ameaçada. E isto é o essencial que deve ser compreendido: a hierarquia, os bispos, o papa, estão nas suas funções para conduzir os padres e os fiéis na fé. Se eles não fazem isto, os fiéis e os padres devem resistir e procurar guardar a fé. E isto acaba sendo uma forma de submissão mais elevada.
Filipe: Bem… Mas o que tem a ver com isto a missa dos ralliés? Se for à missa deles vou perder a fé?
Padre: É necessário considerar o problema sob um outro aspecto…
Filipe: Sob um outro aspecto?
Padre: Sim, um outro aspecto. A questão de saber se eu vou perder a fé é capital. Mas, o que é preciso que se interrogue é: qual é a atitude de fé que convém diante da missa dos ralliés? Não existe na sua questão um subtendido, do tipo: já que é a verdadeira missa, se eu me prevenir, não haverá problemas comigo, como quando eu bebo um licor. Estou enganado?
Filipe: Não, padre, é assim mesmo!
Padre: Portanto, é preciso considerar o outro aspecto, que foi explicado há pouco. A missa é antes de tudo um ato público e hierárquico. A missa de um padre rallié é a missa de um padre que, ao menos oficialmente, obedece ao bispo do lugar e ao papa, logo um padre que vai receber, de vez em quando, o seu bispo para as cerimônias, um padre que não prega que a nova missa é má, perigosa para a fé, um padre que vai assim congregar em torno de si fiéis cuja fé é mais fraca, menos informada a respeito dos sérios perigos que ameaçam a vida cristã na igreja conciliar, um padre que, se for lógico consigo mesmo, considerará que a situação da Igreja hoje é grosso modo normal, de qualquer modo normal o suficiente para tornar a resistência da Fraternidade São Pio X ilegítima, um padre que, obedecendo a autoridades liberais e modernistas, vai inevitavelmente se desviar, um padre que, finalmente, trai tudo o que fez D. Lefebvre, que trai as almas, as engana, fazendo-as crer, através de sua submissão pública à hierarquia, que o papa conduz verdadeiramente suas ovelhas e seus carneiros nos caminhos da verdadeira fé
Filipe: O senhor está exagerando um pouco, padre!
Padre: Assim falava D. Lefebvre no seu tempo! Um padre rallié, atualmente, não assume uma posição justa na Igreja. Ele não está em ordem com o Bom Deus. Não está na verdade. Há nele o conflito entre o desejo de bem fazer e a submissão às autoridades conciliares. Seus sermões se ressentem disto obrigatoriamente. Suas revistas, sites, etc., também; haverá documentos da diocese no fundo de suas igrejas. Existe ainda o sério risco de, com o tempo, deixar-se levar pela tibieza por causa do contato com fiéis bem menos formados na fé, havendo também o risco de se deixar atrair por uma doutrina mais acomodada, ou pela simpatia por fiéis ou padres.
Filipe: Portanto, não se pode jamais assistir à missa dos ralliés?
Padre: Não se pode jamais desagradar a Deus! Essas missas não são para nós! Se, por razões excepcionais, acabamos por estar presentes numa cerimônia de ralliés, convém então observar uma atitude discreta, evitando dar a impressão de que se adere à sua submissão aos bispos ou ao papa. Por exemplo, abstendo-se de comungar. Pois é preciso se preocupar com o exemplo que se dá aos outros.
Filipe: E no domingo, quando não há outra missa?
Padre: Se você compreendeu bem nossa conversa, você tem condições de concluir por si mesmo que, no domingo, neste caso, não se é obrigado a assistir à missa de um padre que não confessa publicamente que a Igreja “conciliar” põe a fé dos fiéis em perigo. Não é possível haver obrigação nestas condições. Nosso Senhor lhe dará graças de outro modo, nem que seja recompensando-o por sua corajosa fidelidade e apego à verdade.
Filipe: Apego à verdade?
Padre: Sim, à verdade. Resumamos um pouco. Dizia no começo: a missa dos ralliés é boa, mas esta não é a questão. A questão é: é verdadeiramente bom assistir a esta missa? Será que eu adiro verdadeiramente à Igreja, a Nosso Senhor através desta missa? A resposta é não, porque o padre rallié não assume uma posição verdadeira, ele não resiste aos maus pastores, como é sua obrigação. Ele se engana, e engana os outros. Como você poderá encontrar ao lado dele, sob sua influência e autoridade de padre, um verdadeiro amor da verdade, de Nosso Senhor, de sua Igreja, e até mesmo do papa? Pois ele se engana a respeito de uma questão essencial!
Filipe: Decididamente, estas conclusões vão além do que eu achava!
Padre: Sim, é preciso reconhecer que não é algo evidente. Hoje em dia é necessário, como nunca antes, buscar uma formação, saber o que se faz. Pois o perigo está em toda parte. Mas é também um período extraordinário, como dizia D. Lefebvre, pois isto nos leva a amar de maneira mais verdadeira a Igreja, a Nosso Senhor, e a permanecer firmes na fé! E é também o melhor serviço de caridade que se pode prestar àqueles que têm dificuldades em compreender todos os aspectos da situação atual. Sejamos testemunhas da verdade e da vontade de Deus!”
(Pe. Jacques Mérel, F.S.S.P.X, Discussion de Parvis sur la Messe des Ralliés)

http://luzdaverdadecrista.blogspot.com.br/2012/05/pe.html

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Explicação das Missas do dia de Natal

Missa da meia-noite
Mas é tal a grandeza deste mistério que a Igreja não se limitará a oferecer um só Sacrifício. A Chegada de um dom tão precioso e longamente esperado merece ser reconhecida com novas homenagens. Deus Pai dá seu Filho à Terra; o Espírito de Amor opera esta maravilha: convém que a Terra corresponda à gloriosa Trindade com a homenagem de um triplo Sacrifício.
Além disso, Aquele que nasce hoje não se manifestou em três nascimentos? Ele nasce, nessa noite, da Virgem bendita; ele vai nascer, pela sua graça, nos corações dos pastores que são as primícias de toda a cristandade; ele nasce eternamente do seio de seu Pai, nos esplendores dos santos; este triplo nascimento deve ser honrado por uma tripla homenagem.
A primeira missa honra o nascimento segundo a carne. Os três nascimentos são como efusões da luz divina; ora, eis a hora onde o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, e onde o dia nasceu sobre aqueles que habitavam a região das sombras da morte. Fora do templo santo onde nos reunimos, a noite é profunda: noite material, por causa da ausência do sol; noite espiritual, por causa dos pecados dos homens, que dormem no esquecimento de Deus, ou que estão acordados para cometer crimes. Em Belém, em torno do estábulo, na cidade, o ambiente é de sombras; e os homens que não encontraram lugar para o Hóspede divino repousam numa paz grosseira; eles não serão despertados pelo concerto dos anjos.
Entretanto, à meia-noite, a Virgem sentiu que chegava o momento supremo. Seu coração maternal é, de repente, inundado de delícias desconhecidas; ele se liquefaz num êxtase de amor. Súbito, ultrapassando com sua onipotência as barreiras do seio maternal, do mesmo modo que ele penetrará um dia a pedra do sepulcro, o Filho de Deus, Filho de Maria, aparece estendido sobre o solo, sob os olhares de sua mãe, para a qual ele estende os braços. O raio de sol não ultrapassa com mais rapidez o puro cristal, que não o pode impedir. A Virgem Maria adora esse menino divino que sorri para Ela; Ela ousa abraçá-lo; Ela o envolve de panos que Ela tinha preparado. Ela o deita no presépio. O fiel José adora com Ela; os santos anjos, segundo a profecia de Davi, rendem profundas homenagens a seu criador, no momento de sua entrada nesta Terra. O céu se abre por cima do estábulo, e os primeiros votos do recém-nascido sobem ao Pai dos séculos; seus primeiros gritos, seus doces vagidos chegam aos ouvidos do Deus ofendido, e já preparam a salvação do mundo.
No mesmo momento, a pompa do Sacrifício atrai todos os olhares dos fiéis para o altar; os ministros sagrados partem, o padre santificador chega aos degraus do santuário. Enquanto isso, o coro canta o cântico de entrada, o Intróito. É Deus mesmo quem fala; Ele diz a seu Filho que Ele o engendrou hoje. Em vão, as nações tremerão na sua impaciência por causa de seu jugo; este Menino as dominará, e Ele reinará. Pois Ele é o Filho de Deus.
Missa da Aurora
Eis que, nesse mesmo momento, os pastores, convidados pelos santos anjos, chegam apressados a Belém; eles se comprimem no estábulo, que era muito pequeno para conter o seu número. Dóceis à advertência do Céu, eles vieram para reconhecer o Salvador que, disseram-lhes, tinha nascido para eles. Eles encontram todas as coisas conforme ao que os anjos lhes tinham anunciado. Quem poderia narrar a alegria de seus corações, a simplicidade de sua fé? Eles não se espantam de encontrar, sob as aparências de uma pobreza semelhante à sua, Aquele cujo nascimento comove mesmo aos anjos. Seus corações compreenderam tudo; eles adoram e querem muito bem a esse menino. Eles já são cristãos: a Igreja cristã começa com eles; o mistério de um Deus rebaixado é recebido por corações humildes. Herodes tentará matar o menino; a Sinagoga tremerá; seus doutores se elevarão contra Deus e contra o seu Ungido; eles levarão à morte o libertador de Israel; mas a Fé permanecerá firme e inabalável na alma dos pastores, esperando que os sábios e os poderosos por sua vez se abaixassem diante do Presépio e da Cruz.
Que se passou no coração desses homens simples? Cristo nasceu nesses corações, Ele aí habita doravante pela Fé e pelo Amor. Eles são nossos pais na Igreja. E nós devemos nos tornar semelhantes a eles. Chamemos, pois, o divino Menino, para que Ele venha às nossas almas; deixemos um lugar para Ele, e que nada lhe feche a entrada nos nossos corações. Os anjos falam também para nós, eles nos anunciam a boa-nova; este benefício não deve se restringir somente aos habitantes dos campos de Belém. Ora, a fim de honrar o mistério da vinda silenciosa do Salvador nas nossas almas, o padre vai daqui a pouco subir ao santo altar e apresentar, pela segunda vez, o Cordeiro sem mácula aos olhares do Pai Celeste que o envia.
Que nossos olhos estejam pois fixos sobre o altar, como os olhos dos pastores sobre o Presépio; procuremos aí, como eles, o Menino recém-nascido, envolvido em panos. Entrando no estábulo, eles ainda ignoravam Aquele que eles iriam ver; mas os seus corações estavam preparados. De repente eles o perceberam, e seus olhos se fixaram sobre o Sol divino. Jesus, do fundo do Presépio, olha para eles com amor; eles são iluminados, o dia nasce em seus corações. Mereçamos que se cumpra em nós esta palavra do Príncipe dos Apóstolos: a lucerna que alumia num lugar obscuro, até que venha o dia e a estrela da manhã nasça em seus corações (II Pe. 1, 19).
Nós chegamos aí, a essa aurora bendita; o divino Oriente apareceu, Aquele que nós esperávamos, e ele não desaparecerá mais em nossa vida: pois nós queremos temer acima de tudo a noite do pecado, noite da qual Ele nos livrou. Nós somos os filhos da luz e os filhos do dia (I Tess. 5, 5); nós não conhecemos mais o sono da morte; mas nós sempre velaremos, lembrando-nos que os pastores velavam quando o anjo lhes falou e o céu se abriu sobre as suas cabeças. Todos os cantos dessa Missa da Aurora nos mostrarão de novo o esplendor do Sol de Justiça; desfrutemos deles como se fôssemos cativos presos há muito tempo numa prisão tenebrosa, aos quais uma doce luz vem lhes devolver a vista. O Deus da luz resplandece no fundo do Presépio; seus raios divinos embelezam os traços nobres da Virgem Maria, que o contempla com tanto amor; a face venerável de São José também recebe dele um brilho novo; mas estes raios não são contidos nos estreitos limites da gruta. Eles deixam nas suas trevas merecidas a ingrata Belém, mas eles se espalham pelo mundo inteiro e acendem em milhões de corações um amor inefável por esta Luz do alto, que arranca o homem dos seus erros e paixões e o eleva em direção ao sublime fim, para o qual ele foi criado.
Missa do dia
O mistério que a Igreja honra nessa terceira missa é o do nascimento eterno do Filho de Deus no seio do seu Pai. Ela celebrou, na meia-noite, o Deus-Homem nascendo do seio da Virgem no estábulo; na aurora, o divino Menino nascendo no coração dos pastores; nesse momento, resta-lhe contemplar um nascimento muito mais maravilhoso que os dois outros, um nascimento cuja luz ofusca o olhar dos anjos e que é o eterno testemunho da fecundidade de nosso Deus. O Filho de Maria é também o Filho de Deus: nosso dever é o de proclamar hoje a glória desta inefável geração, que o produz consubstancial ao Pai, Deus de Deus, Luz da Luz. Elevemos nossos olhares até o Verbo Eterno que era no princípio com Deus e sem o qual Deus não foi jamais. Pois Ele é a forma de sua substância e o esplendor de sua eterna verdade.
A santa Igreja abre os cantos do terceiro sacrifício pela aclamação ao Rei recém-nascido. Ela celebra o poderoso principado que Ele possui, enquanto Deus, antes de todos os tempos, e que Ele receberá, como homem, por meio da Cruz que um dia Ele deverá carregar sobre seus ombros. Ele é o Anjo do Grande Conselho, quer dizer, o enviado do Céu para cumprir o sublime desígnio concebido pela gloriosa Trindade, de salvar o homem pela Encarnação e pela Redenção. Nesse augusto conselho, o Verbo teve sua parte divina. E seu devotamento à glória de seu Pai, junto a seu amor pelos homens, lhe faz tomar sobre si o cumprimento.”
(D. Prosper Guéranger, O.S.B, L’Année Liturgique)

sábado, 10 de dezembro de 2011

Missa Nova versus Missa Tridentina

Para os católicos do século IV seria correto assistir às missas celebradas por um padre ariano que ensinasse o arianismo? Se não, então por que é correto assistir, hoje, a missas que pregam o protestantismo e o humanismo? Não importa que sejam válidas, o que importa é a própria missa e o que ela ensina. Nós não temos que suportar abusos e sacrilégios para cumprir nossa obrigação dominical. Esse tipo de pensamento nada tem de católico, como a história o demonstra (por exemplo, na crise ariana do século IV ou na Inglaterra do século XVI).
A Missa Nova não pode ser lei verdadeira por causa do estrago que produziu. Sto. Tomás de Aquino diz que a lei que causa dano à Fé não é lei verdadeira.
Além disso, o papa não tem a proteção da infalibilidade para promover uma liturgia defeituosa.
A Missa Nova, quando dita adequadamente, é realmente válida. Mas isso não tem importância. O que importa é o sacrilégio e o simples fato de que ela não ensina a verdadeira religião. A Missa Ortodoxa é uma missa válida, mas não ensina a verdadeira religião. Da mesma maneira é a Missa Nova. Quando a Missa Tridentina era corretamente considerada a “Forma Ordinária” do rito romano, jamais tivemos uma crise tão grave de Fé como a por que passamos. Por quê? Porque uma missa ensina a verdadeira religião e a outra, não.
No fim das contas, não temos a liberdade de escolher um caminho pecaminoso para realizar algo de bom. Creio que para nós, que temos conhecimento desse assunto, assistir à Missa Nova é pecaminoso e nos torna cúmplices das destruições que ela tem causado.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Formas "Ordinária" e "Extraordinária"

Não se deveria usar a terminologia “Forma Ordinária” e “Forma Extraordinária” porque é ridículo dizer que existem duas formas do mesmo rito. A distinção não tem qualquer fundamento na tradição ou na história. Não é teológica. É política. São palavras inventadas, usadas tendo em vista um compromisso político, a fim de encobrir o gravíssimo problema de haver dois ritos romanos.
Essa é a verdadeira questão. Elas não são duas formas do mesmo rito, mas duas missas distintas e dois ritos diferentes. Hoje nós temos dois ritos romanos na Igreja. Trata-se de um problema que tem de ser resolvido por algum papa no futuro. A distinção entre “Forma Ordinária” e “Forma Extraordinária” criada por Bento XVI apenas adia a solução. Outro papa e outra hierarquia deverão enfrentar esse problema e solucioná-lo. Não é algo normal e sim uma contradição que precisa ser resolvida. O rito latino não pode ter duas missas diferentes.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A FSSPX e as comunidades Ecclesia Dei

Quais são as chamadas "comunidades Ecclesia Dei"?
Após a consagração de quatro bispos pelo Arcebispo Lefebvre em Écône, em 30 de junho de 1988, as autoridades do Vaticano permitiram que algumas comunidades celebrassem a liturgia antiga. São elas, particularmente, a Fraternidade São Pedro (fundada por ex-padres da Fraternidade São Pio X em 1988), o Instituto de Cristo Rei (criado pelo Padre Wach em Griciliano, perto de Florença, na Itália), a abadia beneditina de Le Barroux (sob Dom Gérard), a Fraternidade São Vicente Ferrer, em Chéméré, na França (que de repente passou do sedevacantismo para o realinhamento conciliar, no momento em que o Arcebispo Lefebvre fazia negociações com Roma em 1987), o instituto de Opus Mariae (Padre Wladimir), as irmãs educadoras dominicanas de Pontcallec (fundada pelo Padre Berto) e, mais recentemente, a Fraternidade São João Maria Vianney, de Campos, no Brasil (sob o Bispo Rifan) e o Instituto do Bom Pastor, fundado em 2006 por ex-padres da Fraternidade São Pio X.
De onde vem esse nome?
Essas comunidades têm o nome genérico de "comunidades Ecclesia Dei" porque a maioria delas depende da comissão (um pequeno grupo de bispos e padres designados pelo Papa para assumir o comando de um assunto específico) de mesmo nome fundada em Roma depois das consagrações episcopais de 1988 a fim de receber os sacerdotes e seminaristas que deixaram a Fraternidade São Pio X.
As palavras "Ecclesia Dei" são o título de um documento de João Paulo II que excomungou o Arcebispo Lefebvre em 2 de julho de 1988: assim, podemos dizer que todas essas comunidades são estabelecidas nessa excomunhão e, portanto, beneficiam-se do ato heróico realizado pelo Arcebispo Lefebvre em 30 de junho de 1988. Se o fundador de Écône não tivesse anunciado (29 de maio de 1987) e, em seguida, realizado (30 de junho de 1988) a consagração de bispos, as autoridades romanas jamais teriam concedido a liturgia tradicional a todas essas comunidades.
O Vaticano exige dessas comunidades garantias para conceder-lhes o direito de celebrar a liturgia antiga?
Elas devem de fato reconhecer a Missa Nova como um rito plenamente legítimo; porque a liturgia dita tradicional é considerada pelas autoridades romanas apenas como um "rito extraordinário" da Missa, em comparação com a Missa Nova, que é o rito "ordinário", ou seja, a forma habitual de celebrar a Missa. Aliás, em 2000, isso foi lembrado pelo Cardeal Castrillón Hoyos aos superiores da Fraternidade de São Pedro que se opunham a um grupo de sacerdotes seus que também desejavam celebrar a Missa Nova.
Os membros dessas comunidades devem, portanto, abster-se de qualquer crítica ao Vaticano II; devem principalmente aceitar - ou, pelo menos, não criticar - a liberdade religiosa e o ecumenismo. É por isso que eles ficam tão perturbados pelas cerimônias inter-religiosas como as praticadas em Assis: elas os deixam desolados, sem dúvida, mas eles não podem protestar publicamente.
Por que a Fraternidade São Pio X não faz parte dessas comunidades?
As consagrações de 1988 ajudaram a salvar a Tradição Católica, não só garantindo a transmissão do sacramento da Ordem - e, portanto, da Missa Tradicional e dos sacramentos -, mas também protegendo uma pequena parte do rebanho da Igreja dos erros do Concílio Vaticano II. Infelizmente, esses erros conciliares ainda devastam a Igreja e imperam até mesmo em Roma. A fim de proteger-se eficazmente, é necessário manter distância das autoridades romanas.
Pode fazer uma analogia?
Em tempos de epidemia, a prudência mais básica exige separar os doentes das pessoas saudáveis. Algum contato continua sendo indispensável a fim de se cuidar dos doentes, mas é limitado ao mínimo possível e cercado de grandes cuidados. O mesmo vale para a situação atual: não se pode visitar de forma habitual as autoridades conciliares sem se expor à contaminação de seus erros. O exemplo das comunidades Ecclesia Dei manifestamente o comprova.
Os membros das comunidades Ecclesia Dei verdadeiramente aceitaram os erros conciliares ou eles estão satisfeitos com manter silêncio sobre eles?
Sem a intenção de julgar as disposições internas ou possíveis exceções, parece que a maioria de seus membros acabou, infelizmente, por aderir aos erros conciliares. Eles começaram com um silêncio que consideraram prudente. Eles tiveram que cada vez mais mostrar sinais de boa vontade em relação às autoridades romanas. Eles foram submetidos, sem sequer se darem conta, à pressão do liberalismo - que é mais eficaz quando menos parece se impor. Eles acabaram se proibindo a si mesmos de pensar diferentemente do que diziam e faziam. Em suma, eles foram completamente engolidos pela máquina na qual imprudentemente colocaram o dedo.
Essa aceitação dos erros conciliares é comum a todas as comunidades Ecclesia Dei?
Há nuances, certamente, mas de um modo geral todas essas comunidades atualmente aceitam os erros conciliares. No momento do ralliement de julho de 1988, Le Barroux tinha publicamente colocado como condição “que nada litúrgico ou doutrinário seja exigido de nós em troca e que nenhum silêncio seja imposto à nossa pregação antimodernista". No entanto, no mês seguinte de outubro um monge notou "uma certa relativização da crítica da liberdade religiosa e da reunião de Assis" dentro da abadia. De fato, Le Barroux tentará até mesmo justificar publicamente os erros do Concílio Vaticano II. A Fraternidade São Pedro, que pretendia, de início, continuar exatamente no interior da Igreja o que fazia a Fraternidade São Pio X, sofreu a mesma queda.
Essas comunidades não se mantiveram firmes sequer em relação à liturgia?
Longe de resistir com firmeza, elas todas aceitaram mais ou menos a nova liturgia, que em todo caso evitam atacar abertamente: Dom Gérard, o ex-abade de Le Barroux, teve que concelebrar a Missa Nova com o Papa em 27 de abril de 1995. O Padre Wach, superior do Instituto de Cristo Rei, já teve que fazer o mesmo em 21 de dezembro de 1991. O Bispo Rifan concelebrou também a Missa Nova em 8 de setembro de 2004. A Fraternidade São Pedro teve que aceitar o princípio da concelebração da Missa Crismal de Quinta-Feira Santa com o bispo diocesano.
Em troca dessas concessões, tais comunidades pelo menos recebem grandes possibilidades de apostolado?
A situação varia muito consoante os países e as dioceses, mas a maioria dos bispos continua a ser muito restritiva em relação a essas comunidades. Mesmo aqueles que não lhes são hostis hesitam em recebê-las, com medo das reações de seu clero ou dos leigos engajados. Roma, por sua vez, teme as reações dos bispos. A situação dessas comunidades seria de uma extrema fragilidade sem o contrapeso da Fraternidade São Pio X.”
(La Foi de Toujours, novembro de 2011)

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Mistério pascal

“Não são poucos os que insistem, talvez de boa-fé, que a missa nova é tão católica quanto a missa que chamamos tridentina, e isso se vê refletido no modo habitual de falar com a já conhecida expressão “rito ordinário-extraordinário”. Mas, como já se disse no artigo anterior sobre o tema, detrás da missa nova achamos uma outra teologia que não pertence ao depósito da revelação e que lhe é estanha; tal teologia é chamada pelos seus mesmos criadores de Mistério Pascal. Já não é possível negar a existência desta teologia posto que os mesmos papas, começando por Paulo VI até o atual, a reconhecem abertamente e a consideram o primeiro princípio da liturgia. Como o MP não é uma idéia única, mas um sistema completo de pensamento, é necessário estudá-lo por partes à luz da doutrina católica para que aos poucos nos vá revelando seus secretos pensamentos.
Vamos agora tocar um ponto neurálgico do dito sistema, e que à sua vez é também centralicíssimo na missa católica e que é o modo como se realiza o sacrifício dentro dela. Ensina Pio XII: No altar há uma imolação incruenta “com sinais exteriores, que são signos de morte, já que, graças à ‘transubstanciação’ do pão no Corpo e do vinho no Sangue de Cristo, assim como está realmente presente seu Corpo, também o está seu Sangue; e dessa maneira as espécies eucarísticas, sob as quais Ele se acha no altar e há uma imolação incruenta, simbolizam (figurant) a cruenta separação do Corpo e do Sangue” (DzH 3848). Todo católico sabe que o fato da transubstanciação ocorre por uma única razão: o poder sacerdotal conferido na ordenação dos Apóstolos na última ceia (fazei isto) e que, geração após geração, a Santa Igreja guardou e distribuiu aos que o mesmo Senhor chamava (vocação). Em resumidas contas: a missa é o que é porque tem sacerdote, e ponto final.
Mas, oh surpresa! O MP não pensa assim, a missa é missa por uma razão completamente diferente. Vejamos: Jesus e os apóstolos, inseridos no contexto cultural do AT e totalmente impregnados de sua espiritualidade, não podem ser compreendidos senão a partir dele. Os novos teólogos têm de voltar-se, pois, para a Páscoa judaica, a fim de entender a natureza íntima da Eucaristia. Pois bem, dizem-nos, o ritual da antiga Páscoa era essencialmente comemorativo, em razão do triplo objeto que tinha: Israel recordava a libertação milagrosa do Egito, dando graças a Deus com cânticos de ação de graças — com uma “eucaristia” — por sua intervenção a favor de seu povo. Mas, prosseguem eles, não se tratava de simples memorial de uma ação passada: essa recordação não era exclusivamente subjetiva; também fazia com que Deus se lembrasse de seu povo, tornando-se, deste modo, presente no meio dele para renovar o efeito salvador de sua ação passada: “Na noite de Páscoa, não só Israel se recorda de Javé e de suas ações salvíficas, mas também Javé se recorda de Israel e de seus devotos. Esta recordação por parte de Javé significa, em correspondência com as concepções bíblicas e do judaísmo tardio, um certo tornar-se presente de Deus e um certo atualizar-se de sua salvação”. O memorial era, pois, objetivo, ou seja, atualização e anúncio da Aliança diante de Deus e diante dos homens. Mas os judeus sabiam que esta Aliança celebrada estava em via de realizar-se: Israel esperava a vinda do Messias. Assim, concluem, o rito da Páscoa tomava uma terceira dimensão, profética e escatológica. Comemoração de uma ação salvadora passada, anúncio e celebração eucarística da Aliança presente, e profecia da plenitude futura: tal era, segundo eles, a Páscoa judaica.
Assim, pois, ao instituir a Eucaristia durante o banquete Pascal, Cristo teria assumido o rito da Páscoa antiga, e este só nos é descrito em sua dimensão comemorativa; portanto, a missa é considerada antes de tudo como “memorial do Senhor”. Como já vimos, o memorial judeu tinha a característica de fazer com que Deus estivesse novamente presente e de atualizar sua salvação; era um memorial objetivo e não uma simples comemoração psicológica. O mesmo sucede com a Eucaristia: não é uma simples recordação, senão que torna a fazer presentes os atos salvadores de Cristo que comemora: “[A celebração eucarística] é, portanto, um memorial objetivo, e não só (conquanto naturalmente o seja) uma recordação subjetiva do que o Senhor fez por nós. Em outras palavras: é um memorial real, não só mental; não uma recordação meramente conceitual, não uma nuda commemoratio, como definiu o Concílio de Trento contra Lutero”.
Esta ação, para que não se interprete como exteriorização de uma recordação subjetiva, terá de ser, por natureza, comunitária, social, e dizer, sem povo não teremos missa. Seguindo sempre o princípio da continuidade comemorativa estabelecida entre a Páscoa nova e a antiga, será um banquete, pois Jesus Cristo instituiu o memorial eucarístico durante uma refeição ritual judaica: “A idéia fundamental [na Missa da Igreja primitiva] foi sempre comemorar num repasto sagrado a paixão redentora do Senhor. Por isso aparece em primeiro plano a estrutura de uma ceia. [...] Aquele banquete não era uma refeição ordinária, e sim sagrada, santificada e espiritualizada não só pela comemoração a que se referia, e que se realizava sacramentalmente, mas também porque ficava sublimado até o trono mesmo de Deus, em virtude das orações que se diziam”.
(...) Não sei se o caro leitor foi seguindo o fio da meada nesta densa explicação, mas em definitivo o que se nos está dizendo é que a virtude (força) de nossa missa depende da virtude da páscoa judaica; é lógico, pois, que sejam os nossos irmãos maiores. Existe um ponto significativo: O vocabulário da Institutio generalis Missalis romani. Nela não aparece nem uma só vez a palavra “transubstanciação”, nem sequer a expressão “presença real”.
O magistério infalível da Igreja não tolera esta omissão e a qualifica de: “perniciosa, derrogando à exposição da verdade católica a respeito do dogma da transubstanciação, favorecendo os hereges” (DzH 2629).
Se há um sacrifício verdadeiro, e não simplesmente o signo de um sacrifício, não é pela objetividade do memorial, mas porque a transubstanciação faz que estejam realmente presentes o corpo e o sangue da divina Vítima.
Então, caro irmão na Fé, já é hora de purificar a nossa linguagem católica. Chamemos o rito ordinário da Igreja latina de missa Tridentina e à outra de extraordinária falsificação!”
(Padres do Priorado Padre Anchieta, F.S.S.P.X, A Eficácia do Rito “Ordinário”)

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quinta-feira, 9 de junho de 2011

A teologia da missa nova

“A esterilidade da igreja conciliar, como a denominou um famoso cardeal, está chegando às últimas etapas, como um cadáver no qual a decomposição vai-se acelerando mais e mais. Infelizmente, a França, outrora primogênita da Igreja (não da conciliar) está na dianteira, e os dados são assustadores: a média de idade no seu clero é de mais de 70 anos, párocos idosos estão a cargo de dezenas de paróquias (nos casos extremos, mais de cem), uma parte ínfima da população pratica a religião, etc, etc. O fim está próximo, distando talvez em 5 ou 6 anos. Mas assim como ela é primeira no mal, o é também no bem. Considere-se que hoje 25% das ordenações francesas são de sacerdotes jovens que “fazem a escolha pelo rito tradicional”, isto considerando a tradição num sentido amplo, e não só a FSSPX. Agora, nesta pequena onda de volta ao normal, por assim dizer, é evidente que existem passos a serem dados uns depois dos outros, tal qual uma pessoa que, depois de sofrer um gravíssimo acidente, precisa fazer uma reabilitação progressiva. Poderíamos dizer que a missa nova (e a liturgia em geral) é a causa próxima do mal, já que “lex orandi lex credendi”, e assim uma corrosiva e desnaturada liturgia corresponde a um povo corroído e desnaturado (ou talvez poderíamos dizer des-sobrenaturalizado). Pois bem, a causa próxima do reestabelecimento da Igreja será sem dúvida a missa e todos os outros sacramentos dos quais e pelos quais flui a vida divina (eles são causa instrumental da graça).
Agora para dizê-lo sem rodeios, o Corpo Místico morre por falta de circulação da graça divina de um modo análogo ao corpo físico de qualquer ser vivo onde as veias já não transportam o sangue. O que o Motu Proprio Summorum Pontificum chama de “rito ordinário” da missa não pode ser considerado tal por razões seriíssimas, que podem ser reduzidas a uma só: a doutrina contida nela não forma parte do depósito da Revelação divina. Mas, será possível que uma missa (e a liturgia em geral) aprovada pela autoridade competente padeça deste defeito de base? É fato!
O Papa João Paulo II no documento “Vicesimus quintus annus” - 4 de dezembro 1988 - diz: “O primeiro princípio é a atualização do mistério pascal de Cristo na liturgia da Igreja” O incauto católico, não iniciado neste tipo de linguagem, pensa automaticamente: isso é verdade! Isso é católico! Pensa nas palavras ‘mistério pascal’ e diz inconscientemente: mistério é normal, a religião está cheia de mistérios sem os quais não poderia ser divina e pascal; bom, deve ser algo relacionado com a páscoa ou talvez com o cordeiro pascal…
Infelizmente, caro leitor, mistério pascal não é o que se pensa. Se fizermos uma pequena retrospectiva histórica, veremos logo que a expressão “mistério pascal” aparece raras vezes nos Padres da Igreja, e, com mais freqüência, no plural, nos antigos sacramentários. Uma só vez é utilizada no singular pelo sacramentário gelasiano. Até o século XX não teve nenhum significado especial entre os teólogos. Como explicar a frase de João Paulo II, então? Peçamos ao magistério da Igreja que nos explique o que é este mistério pascal que é agora o primeiro princípio litúrgico! Mas...ai!...não existe documento Romano oficial explicativo. Dá para acreditar numa coisa dessas? Ele simplesmente não existe.
Pois bem, onde vamos achar o que seja o mistério pascal? Perguntemos aos “teólogos” aos quais Pio XII chama de “néscios”. Que nos dizem os senhores Dom Odo Casel, Aimon-Marie Roguet, Yves de Montcheuil, Henry Pinard de la Boullaye (todos mestres dos Papas pós-conciliares) acerca do que é o mistério pascal? “O modo como a Redenção foi apresentada pela Igreja até agora não é conveniente para o homem atual, posto que é demasiado negativo-pessimista. Ressaltemos no lugar da morte de Cristo a sua Ressurreição gloriosa e a Ascensão como a manifestação do amor incondicional de Deus aos homens. Paremos com aquilo de que o Pai eterno escolheu seu próprio Filho para expiar em nosso lugar e, tendo diante dos olhos a vítima mais inocente, mais amada e mais apropriada para levá-lo à compaixão, exigiu-lhe a reparação mais humilhante e dolorosa! Que rigor! Que incompreensível insensibilidade! – Digam antes, Senhores: que modo abominável de interpretar os pensamentos de Deus! Nada o justifica!
“Como se chega até isto?”, perguntará o caro leitor. A explicação é como segue, se abreviarmos um pouco:
1) Deus é infinito e perfeito: assim como o dom de uma criatura não lhe agrega nada, o pecado não lhe tira nada.
2) Deus é amor: o amor que Deus nos tem nunca diminui, ainda que nossos corações se fechem a este amor.
Como o amor de Deus continua apesar do pecado, e como sua justiça não exige nenhuma compensação, seria contrário à bondade de Deus infligir-nos penas como conseqüência de nossas faltas. A desgraça que se segue ao pecado vem só do homem mesmo, não de Deus.
Jesus Cristo não veio satisfazer os pecados dos homens (que não ferem a Deus), mas manifestar o amor de Deus aos homens e isso em primeiro e único lugar.
Com esta “nova luz” podemos afirmar que Jesus Cristo não fez uma obra de Redenção, posto que não havia dívida nenhuma a pagar, simplesmente.
O que pode fazer um liturgista com esta teologia na cabeça? Fazer esquecer que na missa há uma vítima! Apenas alguns exemplos:
• O centro da missa será agora a assembléia
• Equiparação entre “a liturgia da palavra e a da eucaristia”
• Mudança do ofertório tradicional pela bênção judaica para as refeições ou “berakoth”
• Diminuição das genuflexões do sacerdote de 14 para 3
• Diminuição dos sinais da cruz sobre a hóstia de 24 para 1
• Supressão da mediação de Cristo (quase desapareceu o “per Dominum nostrum Iesum Christum”)
• Supressão da mediação dos santos
• No momento da comunhão não se diz mais: “que o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo guarde tua alma para a vida eterna. Amém”
• Etc...etc
A conclusão se impõe sozinha: uma liturgia que contém uma doutrina que não é a dos Apóstolos, mesmo na boca dum Anjo...deve ser anatematizada. São Paulo não brinca! A missa nova não pode ser tida como católica, ainda que tenha “elementos católicos”, tal como uma cerimônia anglicana que ainda guarda vestígios de um remoto passado. Para concluir estas linhas, gostaríamos de dizer expressamente que não é a nossa intenção, nem está no nosso ânimo querer brigar ou disputar por ter um espírito inflado, senão só queremos seguir o que a Igreja de sempre sente e rejeitar o que a Igreja de sempre rejeita. E que não se diga, como alguns bispos alemães, que 40 anos já criam uma tradição, e por isso devem ser mantidas as reformas!”
(Padres do Priorado Padre Anchieta, Podemos chamar a Missa Nova de “Rito Romano Ordinário”?)

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A Nova Missa e a Missa de Lutero (II)


“Nos domingos se celebra a Missa. Mas Lutero conserva a palavra Missa com certa repugnância. As vestes sagradas, as velas são ainda mantidas provisoriamente. Começa-se com o Intróito em alemão, depois o Kyrie, depois uma Oração cantada pelo celebrante, ainda voltado para o altar, não para o povo. Mas para a Epístola e para o Evangelho, cantados em alemão, se voltará para o povo, quando então todos cantam o Credo em língua vulgar (pág. 316).
O celebrante dirá uma paráfrase do Pater, uma exortação à Comunhão, depois vem a Consagração, que será cantada, em alemão, assim: “Na noite em que foi traído, Nosso Senhor Jesus Cristo tomou o pão, rendeu graças e o partiu e apresentou a seus discípulos e disse: Tomai e comei, isto é o meu Corpo que é dado por vós”. – HOC EST CORPUS MEUM QUOD PRO VOBIS TRADETUR; estas são as palavras exatas –. “Fazei isto todas as vezes que o fizerdes, em memória de mim. Do mesmo modo, Ele tomou também o cálice, após a Ceia e disse: Tomai e bebei dele todos, este é o cálice, um novo Testamento em meu Sangue, que é derramado por vós, para a remissão dos pecados”. Não disse PRO VOBIS ET PRO MULTIS, fez desaparecer as palavras PRO MULTIS e também MYSTERIUM FIDEI (pág. 317).
Mysterium fidei e pro multis desapareceram… “Que é derramado por vós, para a remissão dos pecados, fazei isso todas as vezes que beberdes esse cálice em memória de mim”. Essas palavras que Lutero dizia ser a consagração, portanto as palavras essenciais, correspondem exatamente às palavras do documento da Congregação do Culto. A única expressão a mais é pro multis, que restou no documento do Vaticano. Mas todas as palavras, assim como as que são ditas antes: “Na noite em que foi traído, Nosso Senhor tomou o pão”, essas palavras não são da forma; nunca a Igreja disse que as palavras que precedem a Consagração fazem parte da forma do Sacramento.
Depois da elevação, que Lutero conservou até 1542, vinha a Comunhão na mão. Uma última oração – a coleta – terminava a Missa como a Postcomunio dos católicos (págs. 317-318).
Evidentemente Lutero não aceitou o celibato e lutou contra os votos dos religiosos. Ele queria o fim desses costumes da Igreja. Mas, coisa bastante curiosa, ele sempre teve certo medo das reformas que ele tinha feito. Seus discípulos iam à vanguarda, mais depressa do que ele; ele sempre estava um pouco ansioso. Dizia a seus discípulos: “Eu condeno a nova prática de dar a Eucaristia de mão em mão, bem como o uso irrefletido da Comunhão sob as duas espécies”. Isso nos primeiros tempos, depois ele aceitou; mas logo de começo lhe parecia que essa Comunhão na mão não era boa coisa.
Depois de ter dito que a Confissão não era necessária, mesmo para aqueles que tinham pecados graves, hesitou e disse: “A Confissão é boa, mas se o Papa me pedir para me confessar, eu me recusarei a fazê-lo, eu não me quero confessar. Nem por isso eu aceito que alguém me proíba essa confissão secreta. Eu não a cederei nem por todos os tesouros da terra, porque eu sei o que ela já me proporcionou de força e de consolação…”
Lutero estava roído de remorsos, no entanto vivia devorado pela necessidade de fazer novidades, de mudar tudo, de ir contra o Papa, contra a Igreja Romana, contra o dogma. Por isso ele continuou sua reforma.
A reforma litúrgica atual se inspira na reforma de Lutero
É evidente que a reforma litúrgica atual se inspira na reforma de Lutero. Eu disse isso, em Roma, a muitos Cardeais: “Vossa nova Missa é a Missa de Lutero!” A isso me foi respondido: “Mas então ela é herética!” E eu respondi: “Não, ela não é herética, mas é ambígua, equívoca, pois um pode celebrá-la com a fé católica integral do Sacrifício, da Presença Real, da Transubstanciação e outro pode celebrá-la sem ter essa intenção e, nesse caso, a Missa não será mais válida. As palavras que ele pronuncia e os gestos que ele faz não o contradizem. Ela é equívoca, sim, equívoca. E certamente Lutero, durante muitos anos, a celebrou validamente, quando ele ainda não estava contra o Sacrifício, quando ele era ainda mais ou menos católico. Porém, mais tarde, quando ele recusou o Sacrifício, o Sacerdócio, a Presença Real, então sua Missa passou a não ter mais validade”.
Mas como uma Missa pode ser assim equívoca? É impossível fazer isso com o antigo rito, porque ele é claro, ele é claro. O Ofertório todo diz com clareza o que nós realizamos. O Ofertório é uma verdadeira definição do Sacrifício da Missa. Por isso é que Lutero era contra o Ofertório, porque ele era por demais claro, e foi por isso que ele fez aquelas mudanças no Cânon para não deixar perceber se é uma narração ou uma ação; mas nós, nós sabemos que a Consagração é uma ação sacrifical.
Eles sabem que em nossos antigos Missais, antes do Communicantes, está escrito infra actionem, pois não se trata de uma narração, nem de um memorial, uma simples recordação. É uma ação. Uma ação sacrifical.
Todas essas mudanças no novo rito são realmente perigosas
Todas essas mudanças no novo rito são realmente perigosas, porque, pouco a pouco, sobretudo para os padres novos, que não têm mais a idéia do Sacrifício, da Presença Real, da Transubstanciação, para os quais tudo isso não significa mais nada, esses padres novos perdem a intenção de fazer o que a Igreja faz, e não celebram mais missas válidas; não há mais a Presença Real.
Certamente os padres idosos, quando celebram conforme o novo rito, conservam ainda a fé de sempre. Celebraram a Missa no antigo rito, durante tantos anos, que conservam as mesmas intenções; então se pode crer que a Missa deles é válida. Mas na medida em que essas intenções se vão, desaparecem, nessa mesma medida as Missas deixarão de ser válidas.
Eles quiseram se aproximar dos protestantes, mas foram os católicos que se tornaram protestantes e não os protestantes que se tornaram católicos. Isso é evidente, ninguém pode dizer o contrário.
Quando cinco Cardeais e quinze Bispos compareceram ao “Concílio dos Jovens”, em Taizé, como esses jovens poderiam saber o que é catolicismo e o que é protestantismo? Alguns receberam a Comunhão das mãos dos protestantes, outros dos católicos.
Quando o Cardeal Willebrands esteve em Genebra, no Conselho Ecumênico das Igrejas, declarou: “Temos que reabilitar Lutero”. Ele o disse, como enviado da Santa Sé.
Vede a Confissão. Em que se transformou a Confissão, o Sacramento da Penitência, com essa absolvição coletiva? É acaso pastoral esse modo de dizer aos fiéis: “Nós demos a absolvição coletiva, os senhores podem comungar; quando tiverem oportunidade, se tiverem pecados graves, confessem-se no prazo de seis meses a um ano…” Quem pode dizer que esse modo de proceder é pastoral? Que idéia se poderá fazer do pecado grave?
E a Confirmação
O Sacramento da Confirmação também está numa situação idêntica. Realmente eu penso que as palavras do livro dos Sacramentos da Comissão do Arcebispo de Paris, que constituem a forma, tornam o Sacramento inválido. Por quê? Porque não há mais a significação do Sacramento na forma. O Bispo, quando confere o Sacramento da Confirmação, diz: “Signo te, signo Crucis et confirmo te Chrismate salutis, in nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti” e “Confirmo te Chrismate salutis”. A Confirmação: “confirmo te.”
Agora estão dizendo: “Eu te assinalo com a Cruz e recebe o Espírito Santo”. É obrigatório esclarecer qual a graça especial do Sacramento, no qual se confere o Espírito Santo. Se não se diz esta palavra: “Ego te confirmo in nomine Patris…” Não há o Sacramento! Eu o disse também aos Cardeais, porque eles me declararam: “O senhor confere a Confirmação sem ter o direito de o fazer”. – “Eu o faço, porque os fiéis têm medo que seus filhos fiquem sem a graça da Confirmação, porque eles têm dúvida a respeito da validade do Sacramento, que é conferido atualmente nas igrejas. Não se sabe mais se é verdadeiramente um Sacramento ou não. Então, ao menos para ter essa certeza de ter realmente a graça, me pedem para crismar, e eu o faço porque me parece que eu não posso recusar aos que me pedem a Confirmação válida, pois ao menos eles recebem a graça, mesmo que não seja lícito, porque nós estamos num tempo em que o direito divino natural e sobrenatural passa à frente do direito positivo eclesiástico, já que este se lhe opõe, em vez de lhe servir de canal”.
Estamos em uma crise extraordinária
Nós não podemos seguir essas reformas. Onde estão os frutos dessas reformas? Eu, de fato, me pergunto! Reforma litúrgica, reforma dos seminários, reforma das congregações religiosas, todos esses capítulos gerais! Onde eles estão colocando essas pobres congregações atualmente? Tudo se acabando…! Não há mais noviços, não há mais vocações…!
Eles próprios reconhecem que não há mais vocações. O Cardeal Arcebispo de Cincinatti o reconheceu também no Sínodo dos Bispos, em Roma: “Em nossos países (ele representava todos os países de língua inglesa), não há mais vocações, porque não sabem mais o que é o padre”.
Nós devemos nos conservar na Tradição. Só a Tradição nos concede realmente a graça, nos proporciona realmente a continuidade na Igreja. Se abandonarmos a Tradição, passaremos a contribuir para a demolição da Igreja.
O liberalismo penetrou na Igreja através do concílio
Também isso eu disse àqueles Cardeais! “Não vedes que o Esquema da Liberdade Religiosa do Concílio é um esquema contraditório? Na primeira parte do Esquema está dito: ‘Nada muda na Tradição’, e, dentro do Esquema, está tudo ao contrário da Tradição. O contrário do que disseram Gregório XVI, Pio IX e Leão XIII”.
Portanto é preciso escolher! Ou estamos de acordo com a liberdade religiosa do Concílio e então somos contrários ao que esses Papas disseram, ou então nos conservamos de acordo com esses Papas e nos recusamos a concordar com o que está contido no Esquema sobre a Liberdade Religiosa. É impossível estar de acordo com os dois. E acrescentei: eu me atenho à tradição, eu sou pela tradição, e não por essas novidades que constituem o liberalismo. Não é absolutamente outra coisa senão o liberalismo, que foi condenado por todos os pontífices, durante século e meio.
Esse liberalismo penetrou na igreja através do concílio: a liberdade, a igualdade, a fraternidade.
A liberdade: a liberdade religiosa.
A fraternidade: o ecumenismo.
A igualdade: a colegialidade.
E estes são os três princípios do liberalismo, originado dos filósofos do século XVIII, e que levou a efeito a revolução francesa.
Foram essas idéias que entraram no concílio, por meio de palavras equívocas.
E agora vamos à ruína, a ruína da Igreja, porque essas idéias são absolutamente contra a natureza e contra a fé. Não existe igualdade entre nós. Não existe verdadeira igualdade. O papa Leão XIII disse isso bastante claro, em sua encíclica sobre a liberdade.
A fraternidade também! Se não houver um pai, como acharemos fraternidade? Se não há pai, se não há deus, como podemos ser irmãos? Como se pode ser irmão, se não houver um pai comum? Impossível! Devemos então abraçar todos os inimigos da igreja, os comunistas, os budistas e todos os outros que são contra a igreja, os Maçons?
Esse decreto de uma semana atrás, que diz que agora não há mais excomunhão para um católico que entre na maçonaria. Mas onde está a igreja? Isso é impossível! Os Mações são os inimigos tradicionais da igreja, são aqueles que querem destruir os países católicos! Quem destruiu Portugal? Quem estava no Chile? E agora no Vietnam do sul! Porque esses países são católicos! E que será da Espanha dentro de um ano, da Itália etc…? Por que a Igreja abre os braços a toda essa gente que são seus inimigos?
Temos que rezar
Na verdade temos que rezar, rezar; é um assalto do demônio contra a Igreja, como jamais se viu igual. Devemos rezar a Nossa Senhora, a Bem-Aventurada Virgem Maria, para que Ela venha em nosso socorro, porque realmente nós não sabemos o que será de amanhã. E realmente parece que toda essa ruína trará conseqüências terríveis ao mundo. É impossível que Deus aceite todas essas blasfêmias, sacrilégios que são praticados contra Sua Glória, Sua Majestade!
Ele tem muita paciência, mas virá o dia (quando virá, eu não sei), virá o dia do castigo, porque todas essa legalizações, leis sobre o aborto, que vemos em tantos países, o divórcio na Itália, toda essa ruína da lei moral, ruína da verdade, realmente é difícil acreditar que tudo isso se possa fazer, sem que Deus fale um dia!
Então temos que pedir a Deus misericórdia por nós e por nossos irmãos. Mas também temos que lutar, combater. Combater para conservar a Tradição e não ter medo. Conservar, acima de tudo, o rito de nossa Santa Missa, porque Ela é o fundamento da Igreja e da civilização cristã. Quando não houver mais uma verdadeira Missa na Igreja, a Igreja acabará.
Temos que conservar esse rito, esse Sacrifício
Portanto temos que conservar esse rito, esse Sacrifício. Todas as nossas igrejas foram construídas para esta Missa, não para uma outra Missa; para o Sacrifício da Missa, não para uma Ceia, para uma Refeição, para um Memorial, para uma Comunhão, não! Para o Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, que continua sobre nossos altares! Foi por isso que nossos pais construíram essas belas igrejas, não para uma Ceia, não para um Memorial, não!
Conto com vossas orações por meus seminaristas, para fazer de meus seminaristas verdadeiros padres, que tenham fé e que possam, assim, ministrar sacramentos verdadeiros e o verdadeiro Sacrifício da Missa. Obrigado.”
(Arcebispo Marcel Lefebvre, La Messe de Luther)

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