terça-feira, 17 de novembro de 2020

Contra as “missas animadas”


“A intrínseca perversidade do neomodernismo se comprova por sua inclinação malsã a entender o Rito divino da Missa como o resultado de perspectivas histórico-culturais que o fariam indefinidamente modificável segundo as diferentes sensibilidades dos destinatários.
A banalização da Religião, a tendência a confiná-la dentro de uma experiência psicológica oscilante entre as falsas alternativas representadas por um estéril intimismo consolador e por manifestações efusivas da assembleia, denotam as raízes da crise que insidia a integridade doutrinal e institucional da Igreja, submergindo-a nas proclamações de um ecumenismo confuso e antidogmático.
Quem quer que não se deixe condicionar pelos sofismas e pelos preconceitos ateológicos do progressismo não tardará a dar-se conta dos efeitos espiritualmente nocivos que se originam da pretensão de adaptar a Religião ao homem moderno, pretensão considerada como o resultado de um processo evolutivo natural e benéfico.
As reformas pós-conciliares facilitaram a dessacralização da liturgia, esvaziando-a de sua essência de ato sacrificial e propiciatório, cumprido pelo Senhor em benefício das almas e de sua salvação eterna.
A divina Liturgia, submetida pela agressão profanadora da pseudoteologia neomodernista a perder sua originária finalidade sobrenatural em uma atmosfera caracterizada pela sucessão de cantos e danças completamente estranhos à sacralidade do Rito, denuncia a presunçosa centralidade de uma assembleia que se autoafirma como artífice de uma nova consciência ‘religiosa’ apta a acolher os limitados horizontes do espírito mundano.
Devido às ambíguas atualizações ditadas pela inatural busca de um entendimento com os invasivos ‘idola mundi’, faz-se cada vez mais árduo aproveitar a imensa riqueza dos tesouros espirituais libertados pela Paixão redentora de Jesus. A desconsagração dos altares, imediatamente substituídos por mesas sem adornos, adaptadas à reevocação simbólica e narrativa da Ceia do Senhor, é a mais desconcertante manifestação da crise que repercute tragicamente nos diversos contextos do mundo contemporâneo, condenado ao suicídio por um ceticismo deformado e pela pertinaz vontade de institucionalizar a desordem moral e civil.
A isso se une a desvalorização do sacerdócio, ordenado por Deus para a reatualização do Sacrifício do Calvário, mas degradado pelo reformismo conciliar à direção ‘pastoral’ de uma assembleia que afirma seu arbitrário protagonismo, reduzindo a celebração eucarística a alegre ocasião convivial e desposando (segundo o conselho e a imposição de seu ‘presidente’) o já quase universal costume profanador da ‘Comunhão na Mão’.
Se a aberrante concepção da Missa como espetáculo que pressupõe uma adequada animação exibicionista é o que trouxe a culpável aquiescência à venenosidade apostática do neomodernismo, o sacrossanto dever de minar o influxo corrosivo não pode não se fundar em uma confiante devoção aos Dois Corações de Jesus e Maria, que guiam e unem os que professam a verdadeira Fé no caminho à bem-aventurança celeste.”

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