domingo, 4 de dezembro de 2011

Eugenio Montale: Talvez Uma Manhã

Talvez uma manhã andando num ar de vidro,
voltando-me, verei cumprir-se o milagre:
o nada às minhas costas, detrás de mim
o vazio, com um terror de bêbedo.

Depois como numa tela, acamparão de um jato
árvores casas colinas para a ilusão costumeira.
Mas será tarde - e eu partirei calado
entre os homens que não se voltam, com o meu segredo.

Tradução de Geraldo H. Cavalcanti