domingo, 22 de maio de 2011

As maçãs podres

“Existem duas maneiras pelas quais uma maçã podre pode trazer um pouco de luz à obscuridade da Igreja hoje eclipsada. Primeiramente, não esperamos que todas as partes de uma maçã apodreçam para considerá-la podre em sua totalidade, embora partes dela ainda não tenham apodrecido. Portanto, em resposta à pergunta de se a maçã está podre, devemos fazer uma dupla distinção: como um todo, sim; em certas partes, sim; mas em outras partes, não. E em segundo lugar, embora a maçã não seja a putrefação e a putrefação não seja a maçã, a podridão não pode se separar da maçã e não pode existir sem ela. Apliquemos a primeira parte desta comparação – que é senso comum – à Missa do Novus Ordo e a “igreja conciliar”, e a segunda parte à “igreja conciliar” e o Papado.
No que diz respeito à Missa Nova, ela está podre em sua totalidade por causa do antropocentrismo conciliar, mas enquanto algumas de suas partes são claramente não-católicas (por exemplo, o Ofertório), outras partes são católicas (por exemplo, o Kyrie Eleison). Porque está podre como um todo e lentamente transforma católicos em protestantes, não convém que dela participemos, mas a parte da Consagração pode ser católica e válida. Desta forma, nem se pode dizer da Missa do Novus Ordo que é válida e portanto pode-se assistir, nem que não se pode assistir por ser inválida. Na verdade ela pode ser válida em sua parte essencial, mas essa não é uma razão suficiente para expor nossa fé ao perigo de assistir à Missa Nova como um todo.
Da mesma forma, a Igreja de hoje em dia está podre em sua totalidade, na medida em que o Conciliarismo está disseminado através dela, mas isso não significa que cada uma das partes da Igreja esteja apodrecida pelo Conciliarismo. Assim, é tão errado condenar qualquer parte que ainda seja católica por causa do todo conciliar, como é errado desculpar o todo conciliar por causa daquelas partes que ainda são católicas. Para pôr nossa mente em sintonia com a realidade, devemos reconhecer tanto a distinção entre as diversas partes como entre o todo e suas partes.
E se aplicarmos também à Igreja de hoje em dia a segunda parte da comparação com uma maçã podre, podemos dizer que é genuinamente proveitoso falar de duas igrejas, a “igreja conciliar” e a Igreja Católica, porque o Conciliarismo se encontra na vida real por quase toda a Igreja, enquanto em seu estado puro o Conciliarismo e o Catolicismo se excluem entre si como uma maçã e sua parte apodrecida. Porém, na vida real não se podem separar, como não se separam a podridão e a maçã ou qualquer parasita e o portador. Na vida real só existe uma Igreja, a Igreja Católica, sofrendo hoje em dia, em quase toda sua extensão, da podridão do Conciliarismo.
Portanto, no que se refere a um Papa Conciliar, uma maneira realmente útil de falar é dizer que ele é cabeça de duas igrejas, porque através de suas palavras e ações, algumas vezes católicas, outras vezes conciliares, ele se coloca todo o tempo à cabeça tanto da Igreja Católica como da podridão conciliar. Com isso não estamos dizendo que ele é cabeça de duas igrejas separadas na realidade. Estamos dizendo que ele é cabeça tanto do Catolicismo quanto do Conciliarismo na única verdadeira Igreja Católica, atualmente desfigurada em quase todas as suas partes pela podridão conciliar.
E por que, em nome de Deus, estão os líderes de nossa Igreja tão enamorados da podridão conciliar? Devido ao veemente desejo moderno por liberdade. Mas essa é uma outra história. Enquanto isso devemos orar com todas as nossas forças por Bento XVI para que veja a diferença entre a maçã e a podridão!”
(Mons. Richard Williamson, F.S.S.P.X, Apples Rotting)