segunda-feira, 29 de abril de 2019

Christopher Fleming: A fortaleza abandonada


"Pouco antes de sua execução por Henrique VIII, o rei da Inglaterra de infausta memória, o bispo São João Fisher pronunciou estas dramáticas palavras: A fortaleza foi abandonada pelos que a tinham que defender.
Não se referia a uma invasão de seu país por uma nação estrangeira ou uma horda de bárbaros; nem sequer se lamentava do cisma provocado por uma luxúria de seu rei. Seu pesar foi sobretudo pela TRAIÇÃO de seus irmãos bispos, que um após outro abençoaram o falso matrimônio entre Henrique VIII e Ana Bolena. Não só pisotearam o sacramento original, ao permitirem o divórcio do matrimônio válido e consumado com Catarina de Aragão, tia carnal do imperador Carlos I da Espanha, como também traíram a mesma Igreja a que Jesus Cristo fundou ao separarem-se de Roma, sob uma nova "Igreja da Inglaterra", cuja cabeça era o rei. Muitos hoje em dia se assombram que todo o episcopado inglês pudesse apostatar desta maneira, com a única exceção do mártir Fisher. Parece inverossímil que os bispos vendessem sua alma para manterem seus postos (e suas cabeças), sabendo perfeitamente o que estava em jogo. No entanto, não deveria nos surpreender o ocorrido na Inglaterra no século XVI, porque está ocorrendo outra vez hoje, diante de nossos próprios narizes.
No domingo passado tive que assistir à Missa do primeiro aniversário do falecimento de um familiar, com o infortúnio de que foi no templo dos jesuítas. Dado que os conheço e que procuro cuidar de minha alma, não costumo pisar em igreja jesuíta, mas me propus isolar-me mentalmente com meu Rosário, como cada vez que tenho que assistir a uma Missa moderna. Ia bem até a metade da homilia. Era uma homilia tipicamente modernista: o importante era a experiência de seguir Jesus. A religião católica se reduzia a uma emoção, a um subjetivismo absoluto, como se a revelação divina não tivesse conteúdo claro e imutável. Tudo era um caminho, uma vivência. Havia ouvido mil vezes a mesma estupidez e continuei rezando sem alterar-me. Logo o sacerdote disse algo que me deixou gelado, algo que não esperava, nem sequer de um jesuíta modernista, neomarxista. Entre uma heresia e outra, pôs-se a falar dos chamados "refugiados", que não são tal coisa, mas isso deixamos para outro artigo. O homem teve a ousadia de dizer, DO PÚLPITO, que quem quisesse fechar as fronteiras aos "refugiados" era porque não cria em Deus. Nesse momento me levantei e saí da igreja.
Dizia que conhecia os jesuítas. Em aula de catequese de confirmação escutei um jesuíta (não o da Missa de domingo passado, mas dá no mesmo, porque seguem o mesmo padrão) negar o dogma da Imaculada Conceição. Eu era muito mais jovem e bem mais ignorante que agora, mas ainda assim sabia que o que ele dizia estava errado. Quando tentava rebater seus argumentos, se enfurecia. Uma vez, por afirmar que era possível estar a favor da pena de morte e ser pró-vida, chegou a insultar-me aos gritos e me expulsou de sua aula. Agora me parece incrível que um jesuíta, com uns 12 anos de formação teológica, pudesse perder a calma pelas objeções de um jovem catecúmeno, que só defendia o que está em qualquer catecismo. Ao final, para poder crismar-me, tive que aprender a morder-me a língua e fingir. A experiência com os jesuítas me ensinou que a Igreja Católica estava seriamente enferma. Os que antes foram os mais ferozes e leais guardiães da fé haviam-se tornado uma quinta coluna. Em vez de lutar pela glória de Deus, como pregava seu fundador, Santo Inácio de Loyola, lutavam, com um ódio realmente diabólico, por destruir o que restava da ordem social cristã.
Nesse momento não entendia as razões desta traição da Companhia de Jesus. Doía-me enormemente comprovar como uma ordem que havia dado tão bons frutos para Deus havia-se apodrecido por completo. Vem-me à cabeça a máxima: "corruptio optima pessima" (a corrupção do melhor é o pior). À época, com o Papa João Paulo II, os jesuítas ultramodernistas, que desde pelo menos a metade do século XX haviam sido a ponta de lança da infiltração modernista na Igreja, ainda eram mal vistos na maioria dos círculos eclesiais. No entanto, desde a eleição do jesuíta Jorge Bergoglio como Papa, viraram a mesa. Já gozam de liberdade absoluta para difundir seu veneno por toda a Igreja, porque a máxima autoridade é um dos seus. Pode-se dizer sem medo de errar que a Companhia de Jesus traiu a fortaleza que tinha que defender, mas a maior traição comete quem está no comando. Vejamos as traições de Francisco.
A primeira visita do Papa Francisco fora de Roma em 2013 foi à ilha siciliana de Lampedusa, onde celebrou uma Missa para os imigrantes que haviam morrido tentando cruzar o Mediterrâneo. Teve o detalhe de felicitar o Ramadã aos muçulmanos presentes. Denunciou a dureza de coração da Europa frente ao sofrimento dos países em guerra e apelou à solidariedade para com os "refugiados". Durante a campanha presidencial estadunidense, disse que o candidato republicano Donald Trump não era cristão, por querer construir um muro na fronteira com o México, em vez de estender pontes. Não perdeu a oportunidade de atacar qualquer grupo político que pleiteia defender suas fronteiras da imigração massiva e descontrolada. Quanto ao maior perigo que ameaça o Ocidente, o Islã, que fez este Papa para proteger a civilização cristã? Não só não a protege, como tem insistido repetidas vezes na grande mentira de que o Islã é uma religião de paz, e nos insta a abrir-lhe as portas da Europa. Em lugar de pregar o Evangelho, prega o indiferentismo religioso. Toda vez que se reúne com seus amigos rabinos e muftis para plantar uma oliveira da paz, poucos dias depois se comete uma nova atrocidade em nome de Alá. Não sai uma só palavra de denúncia de sua boca contra o terrorismo islâmico, porque o alvo de suas invectivas sempre somos os poucos católicos que ainda cremos nos dogmas de fé: os rígidos e intolerantes tradicionalistas. É um homem contagiado com o vírus liberal: o ódio a si mesmo.
Enquanto Francisco se lamenta pelo sistema econômico desumano que existe no mundo, alia-se com os mesmos globalistas que o construíram. Repreende os católicos por "obcecarem-se" com o tema do aborto, enquanto recebe com sorrisos e adulações a marxista e abortista Emma Bonino. Dói-lhe terrivelmente a morte de Fidel Castro, e distribui abraços a todo tipo de indesejáveis no Vaticano. No entanto, nega-se a receber a família de Asia Bibi, uma pobre mulher paquistanesa, sentenciada à morte por ser católica. Permite que se questione a indissolubilidade do matrimônio, e insulta os poucos bispos que lhe formulam perguntas respeitosas a respeito. Frente à ofensiva do lobby gay para legalizar o sodomônio em todo o Ocidente, sua única resposta é "quem sou eu para julgar?" Diante do inverno demográfico da Europa, ocorre-lhe insultar os católicos que querem receber a todos os filhos que Deus lhes queira dar, como sempre se fez, dizendo que "não faz falta parir como coelhos". Ri-se dos católicos que preferem a Missa tradicional, enquanto aplaude vergonhosos espetáculos de tango na liturgia ou lava os pés de uma muçulmana no rito da quinta-feira santa. Quer que todo mundo o veja como um homem humilde, por viajar de ônibus e viver em um apartamento simples, mas se nega redondamente a ajoelhar-se ante o Senhor na Eucaristia.
Até teve a desfaçatez de comparar a evangelização católica das Américas com a expansão sangrenta do Islã. Quem quer que tenha um mínimo conhecimento histórico sabe que o Islã sempre expandiu suas fronteiras com a espada, tal como o fez em seu tempo Maomé. A religião católica também se expandiu com sangue, mas com o sangue de seus mártires. Como jesuíta, Francisco deve conhecer a história de Santo Isaac Jogues, o evangelizador dos índios iroqueses do Canadá. Esse mártir foi torturado tão cruelmente pelos iroqueses que apenas o reconheceram quando conseguiu voltar à civilização e foi proclamado um "mártir em vida" pelo Papa Urbano VIII. Apesar dos evidentes perigos, o santo quis retornar ao Canadá, onde finalmente foi assassinado pelos Mohawks. Se esse mártir tivesse seguido os conselhos do Papa Francisco, que considera o proselitismo "uma solene bobagem", nunca se teria movido de sua França natal. As palavras de Francisco são um insulto à memória de todos os missionários que arriscaram (e em muitas ocasiões perderam) sua vida para trazer almas à Igreja. Equiparar o Islã e outras falsas religiões à religião católica é pior que um insulto: é uma blasfêmia.
Por acaso é melhor esse Papa que os bispos desertores da Inglaterra no século XVI? NÃO, É PIOR. Muito pior. Porque há um agravante importante no caso de Francisco. Ele não corre o perigo de ser torturado e decapitado por agir e falar como deveria. Se dissesse a verdade sobre o Islã, se pregasse a favor da civilização cristã, se defendesse a família e o direito à vida, não lhe aconteceria nada. Simplesmente não gozaria do status de superestrela midiática que tem atualmente. Deixaria de ser um ídolo de todos os progressistas, de todos os inimigos do Ocidente. Os meios de comunicação de massas já não o adulariam como fazem agora. Os futebolistas e diversas celebridades liberais deixariam de visitá-lo no Vaticano. Vê-se que isso é mais importante para ele que seu destino eterno. Deus queira que se arrependa enquanto ainda há tempo."

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