domingo, 10 de fevereiro de 2019

O imã que assinou o documento de "fraternidade humana" com o Papa é partidário de matar os apóstatas


"'A liberdade é um direito de toda pessoa: todos desfrutam da liberdade de crença, de pensamento, de expressão e de ação... Por isto se condena o fato de que se obrigue as pessoas a aderirem a uma religião ou cultura determinada, como também de que se imponha um estilo de civilização que os demais não aceitam.'
Este parágrafo citado forma parte do Documento sobre a Fraternidade Humana e pela Paz Mundial e a Convivência Comum assinado ontem com grande fanfarra em Abu Dabi pelo Papa com quem é considerado a máxima autoridade do Islã sunita, o Grande Imã da mesquita egípcia de Al Azhar. Mas é difícil que um muçulmano possa aceitar estas palavras e pretender que os seus o sigam nisto.
Já ontem escrevíamos: o Islã é uma religião real, com textos sagrados, uma doutrina concreta e uma história que contradizem o que está escrito nessa elevada declaração de intenções, e é pouco menos que impossível que semelhante documento tenha eco entre os seguidores de Maomé no mundo real.
Mas parece que nem sequer o signatário muçulmano está de acordo com o que assinou, a não ser que tenha mudado de opinião sem dizê-lo a ninguém. Pode uma autoridade islâmica crer que seja ilícita a execução dos fiéis que se convertem ao cristianismo (ou qualquer outra religião)?
El Tayeb tem fama de moderado, e Sua Santidade mantém com ele uma amizade de anos que se concretizou em vários encontros. É para Francisco uma peça fundamental na estratégia de aproximação entre o cristianismo e o Islã na qual está trabalhando desde o início de seu pontificado. Tem-se posicionado contra a violência do terrorismo jihadista e a favor dos direitos humanos em várias ocasiões, e inclusive no começo de 2016 declarou no Bundestag alemão que o Alcorão garante a liberdade religiosa.
Mas segundo o especialista no Islã e Oriente Médio Raymond Ibrahim, El Tayeb tem uma longa história de jogar com dois baralhos, empregando uma linguagem quando se dirige aos 'kafirun' do Ocidente e outra muito diferente quando fala para sua paróquia. Durante o Ramadã desse mesmo ano no qual tranquilizava os legisladores ocidentais, em seu próprio programa de televisão, confirmou a nunca disputada doutrina islâmica da obrigação de matar os apóstatas:
'Os doutores do Islã e os imãs das quatro escolas de jurisprudência consideram a apostasia um crime e coincidem em que o apóstata deve renunciar a sua apostasia ou ser executado', afirma em um segmento que não se traduziu a nenhum idioma ocidental na web do programa.
Nada que censurar aqui ao imã, nem significa isto que El Tayeb tenha um desejo especial de matar ninguém: simplesmente, uma autoridade muçulmana não pode contradizer por sua conta o que afirma a palavra de Deus incriada, o Alcorão, os hadith, as quatro escolas corânicas e toda a história do Islã. Por outro lado, as grandes pesquisas de opinião confirmam que, no mundo islâmico, o apoio popular à execução de apóstatas é esmagador.
Mas se a execução dos muçulmanos que se convertem a outra religião é obrigatória, também é lícito ao fiel seguidor de Maomé ocultar ao infiel a verdade em proveito da comunidade muçulmana, a ‘taqiyya’. O dilema é evidente: ou El Tayeb mente agora, ou mente quando defende o que a doutrina muçulmana deixa meridianamente claro, em cujo caso sua assinatura não vale nada porque não representa ninguém mais que a si mesmo. Em qualquer dos dois casos, o documento é letra morta.
Da parte católica, o documento surpreende pela total ausência de referência a Cristo pelo Papa, compreensível mas ignoramos se justificável, e por, pelo menos, uma afirmação que tem provocado a perplexidade de muitos comentaristas: ‘O pluralismo e a diversidade de religião, cor, sexo, raça e língua são expressão de uma sábia vontade divina, com a qual Deus criou os seres humanos’.
Ora, Deus não criou o ser humano com toda essa diversidade, ao menos não em religião e língua. Mas assombra ainda mais a idéia de que a ‘diversidade de religiões’ seja algo ativamente querido por Deus. As religiões reais se contradizem, de modo que não podem ser todas verdadeiras; de fato, só poderia sê-lo uma delas. Pode querer Deus que grandes grupos humanos vivam no erro? Uma humanidade finalmente convertida a Cristo e formando uma só Igreja estaria contradizendo a Vontade Divina?”

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