segunda-feira, 4 de junho de 2018

O que realmente está em jogo na imposição da teoria de gênero

"Como de costume, a tirania sempre vem disfarçada de "direitos civis".
A última manifestação desta regra geral é a diretriz do Presidente Obama que procura impor uma política de banheiro, vestiário e dormitório transgênero à nação inteira, começando com as crianças na escola. Muitos de nós ficamos pasmos com tal notícia, mas na verdade não deveríamos. A ordem é simplesmente a última encarnação de uma longa linha de engenharia social. A meta, como é sempre o caso com tais movimentos, é refazer a humanidade. O que as pessoas por trás desta última versão não contarão para você é que o projeto delas exige que todos e cada um de nós neguemos nossa própria humanidade.
Deixem-me explicar.
O movimento transgênero jamais teve a ver com "gênero". Ele só tem a ver com sexo. Sexo é o verdadeiro alvo. "Gênero" é simplesmente um veículo linguístico politizado que facilita um banimento legal de distinções sexuais. Não há muitos pontos a juntar para descobrir aonde logicamente se pretende chegar: se você abolir distinções sexuais na lei, poderá abolir o reconhecimento estatal de laços biológicos de família, e o estado poderá regular relacionamentos pessoais e consolidar poder como nunca antes.
Verifiquemos a Realidade
A realidade física existe independente da lei de "não-discriminação de identidade de gênero" – ou de qualquer lei humana. Leis não têm o poder de afastar a realidade, mas podem alterar a maneira como as pessoas se comportam em resposta à realidade. Elas podem impor o desprezo à realidade por meio de protocolos de discurso, pressões econômicas e sociais, invasões de privacidade, e policiamento do pensamento. E é somente disso que o decreto-lei de Obama se trata.
Ele servirá para criminalizar o discurso que identifique homens como homens e mulheres como mulheres. No momento pode não parecer assim, pois vemos pessoas esforçando-se para serem reconhecidos como um ou outro sexo específico. Mas, creiam-me, todos estamos sendo forçados à "transição" para a conformidade de pensamento. Em Nova York, você já pode ser multado se não reengenharizar seu discurso (e pensamentos) para se alinhar com os novos protocolos pronominais em constante mudança.
Estamos sendo forçados a "evoluir" rapidamente de leis que parecem permitir distinções entre homens e mulheres para leis que rejeitarão categoricamente tais distinções em um futuro não muito distante. Formulários federais já estão refletindo essas mudanças, excluindo termos como "mãe" e "pai". E a cada passo, estamos vendo o termo específico "sexo" ser substituído pelo termo "gênero", inexpressivo e ambíguo. Isso nos coloca a caminho de banir o reconhecimento da realidade de que cada ser humano existe devido à união de um homem e de uma mulher. Não há exceções a essa realidade. Você existe como a união de dois opostos por meio dos quais foi criado.
O ato da administração é portanto uma ordem que visa a uma modificação de comportamento de um tipo um tanto quanto suicida: tenta fazer-nos negar a realidade de nossa humanidade. Na prática, isso significa a negação de nossa própria existência. Todas as negações de realidade semelhantes exigem uma censura pesada. Já vimos os governos da Dakota do Sul e da Geórgia se dobrarem em face de ameaças de que recursos federais seriam suspensos e grandes empresas se retirariam desses estados se tentassem impor vestiários de mesmo sexo.
Sem Sexo, Não Há Famílias
Que acontecerá quando toda a sociedade for assexuada tanto na linguagem quanto na lei? Se a lei não reconhecer o corpo de alguém fisicamente como homem ou mulher, aplicando apenas a palavra "gênero" a sua autopercepção interna e autodeclarada, como é que sequer reconhecerá o corpo dessa pessoa? Cada uma de suas células tem escrito "homem" ou "mulher" em seu DNA, mas a lei recusa-se a reconhecer tais categorias. Tais leis reconhecerão somente um "espectro de gênero" infinito e imensurável, e o lugar nele de cada indivíduo será determinado apenas pelo seu pensamento. O que exatamente cada um de nós será depois que a lei nos dessexualizar? Em que sentido seu corpo será um ente legal?
E que acontecerá com suas relações familiares depois que a lei o dessexualizar? Serão legalmente reconhecidas? Não vejo como poderiam ser. Certamente não automaticamente, certamente não pelo reconhecimento de que cada criança vem de uma união de dois pais de sexos opostos.
Em uma sociedade dessexualizada por lei, o estado reconheceria o relacionamento de alguém como esposo ou esposa? Mãe ou pai? Filha ou filho? Esses são todos termos sexuados. Um sistema que não reconhece a existência de homem e mulher estaria livre para ignorar os pais de qualquer criança. Você poderia ser reconhecido como “guardião legal” de seu filho, mas apenas se o estado concordasse. Qualquer pessoa poderia ser guardião de seu filho se o estado decidisse que seria “para o maior bem” da criança. Nesta perspectiva, não há nada que evite que o estado quebre o vínculo entre mãe e filho à vontade.
Em tal cenário, o estado controla todas as relações pessoais diretamente na fonte: a família biológica. A abolição da autonomia familiar seria completa, porque a família biológica deixaria de existir como arranjo padrão. A "família" seria qualquer coisa que o estado assim definisse. Repita-se que, no mundo dessexualizado da políitca de gênero, todas as relações pessoais terminariam controladas e reguladas pelo estado.
Martha Fineman, uma teórica jurídica de gênero, tocou neste ponto em seu livro de 2004, O Mito da Autonomia. Nele, ela defende a abolição do casamento reconhecido pelo estado porque permite privacidade familiar, escrevendo que "assim que a proteção institucional for removida, o comportamento será julgado pelos padrões estabelecidos para regular interações entre todos os membros da sociedade" (ênfase adicionada).
A ideologia de gênero é uma ferramenta estatista eficaz. Marxistas culturais usam-na para corromper a linguagem e semear confusão, especialmente entre crianças. Ela abre caminho para a remoção das proteções institucionais a liberdade de associação e privacidade familiar que impedem "regular interações entre todos os membros da sociedade".
Como Poderia Uma Sociedade Rejeitar Sua Própria Liberdade?
Fazer com que pessoas livres rejeitem a liberdade pode parecer um pedido exagerado. Como seria possível convencer, você poderia perguntar, que as pessoas deixassem suas famílias e consentissem com uma tal estrutura distópica da sociedade? Como se faria com que a opinião pública apoiasse uma agenda que levasse à negação da realidade de sua própria humanidade?
Há muitas peças neste quebra-cabeças, inclusive a erosão da confiança social, a destruição da família, polarização social, e crescente ignorância de história. Mas os fundamentos foram colocados há muito tempo.
Em primeiro lugar, virtualmente todos os canais de comunicação tiveram que estar a bordo – Hollywood, academia, a mídia. Confere. Todo o quadro de pessoal médico, particularmente o de saúde mental, teve que ser "educado" a obedecer o programa transgênero ou arriscar-se a perder suas licenças. Confere. O sistema educacional teve que infundir a ideologia entre as crianças na escola. Confere. Grandes corporações tiveram que subir a bordo como partes interessadas e fiscais. Confere. E, naturalmente, o impulso para dessexualizar legalmente a sociedade teve que ser incorporado – estilo Cavalo de Tróia – a uma idéia um pouco menos estrangeira, com o pegajoso lema da "igualdade matrimonial". Confere. As igrejas tiveram que ser trazidas a bordo para que até a religião se tornasse conduto à antiverdade. Confere. Pressões sociais, emocionais e econômicas tiveram que ser estabelecidas para censurar qualquer um que ousasse questionar a sabedoria de todo o esquema. Confere. Tais pessoas tiveram que ser tachadas de fanáticas, odientas e não-pessoas. Cheque-mate.
Nesta altura, o mais primitivo e universal dos medos humanos entra em cena: o medo de ser socialmente rejeitado. A autocensura toma conta. As pessoas começam a falsificar aquilo em que acreditam, até que eventualmente nem sabem mais no que acreditam. Ninguém pode mais falar abertamente com o outro. No final, é como se estivéssemos sendo conduzidos para uma cela isolada de confinamento solitário. É o que acontece quando a livre associação é atingida, quando o estado quebra relações particulares em nome da união coletiva. Então, quando não podemos mais verificar a realidade uns com os outros – por termos tanto medo de sermos excluídos – acabamos vivendo em uma era de ilusão em massa.
A única saída é afirmar a realidade. Devemos recuperar nossa humanidade inteira. Comecemos reinjetando em nossa linguagem uma palavra muito boa que aponta a realidade: sexo. Sim, vamos reviver a palavra "sexo" e usá-la generosamente sempre que nos referirmos à realidade biológica de nossa natureza física. (E natureza espiritual também.) Ao mesmo tempo, vamos recusar – sempre – o uso da palavra "gênero" quando queiramos dizer sexo. É uma palavra envenenada e armamentizada que tem sido usada para legalmente dessexualizar e assim desumanizar a nós todos. Devemos trabalhar juntos para resistir a seus enganos."
(Stella Morabito, A De-Sexed Society is a De-Humanized Society)