“No domingo 15 de abril Francisco visitou a paróquia romana de São Paulo da Cruz. No encontro que teve com crianças da paróquia, uma menina lhe perguntou se os que não foram batizados são filhos de Deus. Ao que Francisco respondeu com outra pergunta, sibilina e maliciosa em grau supremo, fazendo crer à pequena, como bom modernista, que a “verdade” deve ser encontrada nas “profundezas do coração humano”: “E tu? Que pensas disto? Que te diz o coração? As pessoas não batizadas são filhas de Deus ou não?”
Quando a pobre criatura lhe respondeu afirmativamente, Francisco lhe fez saber que ela havia respondido corretamente a sua pergunta e a felicitou por ter um bom “olfato cristão”, já que “todos somos filhos de Deus”, inclusive “os não batizados” e os que professam “religiões muito distintas, e que têm ídolos”.
Por fim, Francisco explicou que a diferença entre os não batizados e os batizados reside no fato de que estes últimos são “mais filhos de Deus” [!!!] que os primeiros. Ou seja, segundo Francisco, o batismo não confere a filiação divina por adoção – só Cristo a possui por natureza – mas provoca em quem o recebe um aumento de “intensidade” em sua original e natural filiação divina – conceito soberanamente absurdo, como se pudesse existir uma gradação na filiação -, a qual deve, por conseguinte, atribuir-se indistintamente a todos os homens, em virtude de seu caráter comum de “criaturas”. O que implica, logicamente, a abolição da distinção entre a ordem natural e a sobrenatural, com todas as conseqüências que isto traz inevitavelmente aparelhadas no plano teológico, a saber, o panteísmo modernista da “imanência vital”, que faz da concepção humana a fonte da revelação divina: reler a respeito a luminosa encíclica Pascendi de São Pio X.
Depois um menino, cujo pai ateu havia morrido recentemente, perguntou-lhe se ele pensa que “está no Céu”, ao que Francisco respondeu de maneira afirmativa, dado que seguramente era uma “boa pessoa”, e aconselhou ao pequeno que lhe falasse e que lhe rezasse (!!!) - Parla con tuo papà, prega tuo papà -. Não lhe pediu que rezasse por ele, o que é o primeiro reflexo que todo bom cristão tem por um ser querido falecido, mas o animou a que rezasse a ele, como se se tratasse de um santo, como se fosse um fato certo e indubitável que seu pai não somente se salvou, mas que, ademais, conseguiu escapar aos suplícios do Purgatório, sendo admitido diretamente nas fileiras gloriosas da Igreja Triunfante, com sua alma resplandecente e imaculada gozando para sempre da visão beatífica...
Estamos aqui diante de uma antítese grotesca da necessária e piedosa obra de misericórdia espiritual que um autêntico Vigário de Cristo deveria ter inspirado na alma desta pobre criatura, explicando-lhe que suas orações em favor de seu pai defunto poderiam ser-lhe de grande proveito, seja ajudando-o a que tenha recebido da parte de Deus a graça da conversão final, seja, em caso de haver-se salvado, contribuindo com suas orações a que saldasse as penas temporais devidas por seus pecados, abreviando assim sua estada purificadora no Purgatório.
Mas não, destas elementares considerações cristãs diante da morte, nem sequer rastros encontramos no discurso bergogliano. Com efeito, graças a Francisco, nem o pai do menino poderá contar com os pios sufrágios de seu filho, nem este conhecerá a verdadeira doutrina cristã sobre a necessidade do batismo – in re ou in voto – e da fé em Jesus Cristo para alcançar a vida eterna.
Francisco mentiu descaradamente a todos estes pequenos que inocentemente acudiram a seu encontro nessa paróquia romana, a quem não somente omitiu brindar o benéfico alimento do ensinamento evangélico mas que ademais enganou com uma malícia diabólica, iniciando-os às elucubrações envenenadas da gnose panteísta.
Não viria mal ao ímpio ocupante de Santa Marta reler a seguinte passagem do Evangelho segundo São Mateus, na qual Nosso Senhor adverte severamente aos que constituem uma ocasião de escândalo para as crianças que crêem n'Ele:
"Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar." (Mt. 18, 6)
A doutrina professada por Bergoglio, portanto, se encontra nos antípodas da revelação divina. Trata-se, pura e simplesmente, de uma heresia manifesta e notória. Isto nem precisa ser demonstrado, pois deveria ser algo perfeitamente claro para qualquer cristão que conhecesse minimamente o catecismo ou que tivesse lido o Novo Testamento. Mais ainda: antes do Vaticano II, qualquer criança cristã teria estado em condições de perceber imediatamente o embuste e refutar sem vacilar tamanha impiedade. Não obstante a evidência flagrante da tolice bergogliana, e para utilidade daqueles que pudessem abrigar dúvidas a respeito, eis aqui algumas citações do magistério da Igreja, para dissipar qualquer tipo de ceticismo:
552. - Que é o sacramento do Batismo? O Batismo é um sacramento pelo qual renascemos para a graça de Deus e nos fazemos cristãos. 553. - Quais são os efeitos do sacramento do Batismo? O sacramento do Batismo confere a primeira graça santificante, pela qual se perdoa o pecado original, e também os atuais, se os há; remite toda a pena por eles devida; imprime o caráter de cristãos; faz-nos filhos de Deus, membros da Igreja e herdeiros da glória e nos habilita para receber os demais sacramentos. (Catecismo maior de São Pio X)
O Batismo é o sacramento da regeneração pela água com a palavra, pois nascendo pela natureza filhos da ira, por ele renascemos em Cristo filhos de misericórdia e filhos de Deus. [...] A lei do Batismo foi imposta por Deus a todos os homens, de modo que se não renascem para Deus por graça do Batismo, são gerados por seus pais para a morte eterna: Quem não renasce da água e do Espírito Santo, não pode entrar no Reino de Deus. [...] O Batismo confere à alma a divina graça, com a qual fica justificada, feita filha de Deus e herdeira do céu, e adquire uma formosura divina aos olhos de Deus. (Catecismo do Concílio de Trento)
O primeiro lugar entre os sacramentos é ocupado pelo santo batismo, que é a porta da vida espiritual, pois por ele nos fazemos membros de Cristo e do corpo da Igreja. E tendo pelo primeiro homem entrado a morte em todos, se não renascemos pela água e pelo Espírito, como diz a Verdade, não podemos entrar no reino dos céus. (Concílio de Florença, Decreto dos Armênios, Dz. 696)
Depois da miserável queda de Adão, todo o gênero humano, viciado com a mancha original, perdeu a participação da natureza divina e nos tornamos todos filhos da ira. Mas o misericordiosíssimo Deus de tal modo amou o mundo, que lhe deu seu Filho Unigênito, e o Verbo do Pai Eterno com aquele mesmo único divino amor assumiu da descendência de Adão a natureza humana, mas inocente e isenta de mancha, para que do novo e celestial Adão derivasse a graça do Espírito Santo a todos os filhos do primeiro pai; os quais, havendo sido pelo pecado do primeiro homem privados da adotiva filiação divina, feitos já pelo Verbo Incarnado irmãos, segundo a carne, do Filho Unigênito de Deus, receberam o poder de chegar a ser filhos de Deus. (Pio XII, encíclica Mystici Corporis, §6º)
Poder-se-iam multiplicar ad infinitum as citações, que Francisco de nenhuma maneira pode ignorar, mas com estas basta e sobra. Ao negar a necessidade do batismo e da fé em Jesus Cristo para alcançar a filiação divina por via da adoção, Francisco suprime de fato a distinção entre a natureza e a graça – o que o faz incorrer no erro panteísta -, tornando ociosa a obra da Redenção operada por Nosso Senhor Jesus Cristo no altar da Cruz e a missão divina por Ele confiada a seu Corpo Místico, a Igreja.
Concluamos esta breve nota com uma citação do prólogo do Evangelho de São João, que põe mais ainda em evidência, se fosse possível, a heresia naturalista e panteísta que difunde desavergonhadamente e com um cinismo a toda prova Francisco há mais de cinco anos, ante o silêncio ensurdecedor da quase totalidade do clero católico, cachorros mudos e indolentes, incapazes de discriminar uma verdade de fé de uma heresia, tragicamente ineptos para distinguir um legítimo pastor de um lobo voraz disfarçado com pele de cordeiro:
Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jn. 1, 11-13).”
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