domingo, 1 de novembro de 2015
Salvatore Quasimodo: Oboé Submerso
Avara pena, tarda o teu dom
nesta minha hora
de suspirados abandonos.
Um oboé gélido ressoa
alegria de folhas perenes,
não minhas, e esquece;
Em mim anoitece:
a água transborda
sobre as minhas mãos de erva.
Asas oscilam em frágil céu,
efêmeras: o coração transmigra
e eu sou deserto,
e os dias são escombros.
Tradução de Miguel João Ferreira