sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Não é a direita que irá nos defender

A direita mais organizada (mas nem tanto) de que dispomos para nos defender das arbitrariedades do PT não é uma aliada verdadeira, mas os momentos antigos da Revolução que ainda sobrevivem. Na sua época eles é que eram os radicais, os de esquerda. São hoje em dia os protestantes, que querem ser chamados de evangélicos, sem nenhuma razão, pois Deus não confiou a transmissão de sua mensagem a hereges sem a menor sombra de autoridade; são os liberais que querem ser chamados de conservadores porque querem conservar um momento passado da Revolução, tão funesto quanto os seguintes. Sobre os evangélicos nem é preciso falar de seu ódio à Igreja e por tabela, embora não admitam, pois não seria cristão fazê-lo, aos que a Ela pertencem; sua livre interpretação da Bíblia é capaz de justificar os piores crimes e aberrações morais, inclusive, se preciso for, as futuras perseguições aos autênticos cristãos. Não podemos, portanto, contar com eles. Em relação aos conservadores, o verdadeiro conservadorismo é o verdadeiro catolicismo, o que ainda é praticado por bem poucos neste mundo progressista e enlouquecido, pelos que ainda seguem o depósito inalterado da fé e por uma graça especial de Deus não se contaminaram de liberalismo, os que o mundo chama com desprezo de ultramontanos, integristas, tradicionalistas e, recentemente, de um modo indevido, e ainda por cima por um papa que devia saber mais, de pelagianos. Porque somente o verdadeiro católico conserva o que deve ser conservado, ou seja, o depósito da fé que foi confiado aos apóstolos, e a fé espelha a verdadeira doutrina, a que fica longe de quimeras humanas, mostrando a realidade tal como é, que não se limita ao mundo material, natural, mas abarca igualmente o preternatural e o sobrenatural, ambos negados pelo liberalismo. A direita organizada portanto crê naquilo em que o PT acredita, só que em um estágio anterior. Ela não vai nos defender porque em termos de princípios tem os mesmos da Revolução que só quer extirpar o Cristianismo da face da terra, usando dos maiores malabarismos filosóficos para se justificar e de sentimentos humanos nobres deturpados e falsificados. Além disso sua miopia materialista em enfatizar sua diferença em termos de direito de propriedade e resultados econômicos mostra que não estão nem aí para a resistência espiritual, que é o único campo em que a Revolução realmente deve ser combatida e pode ser destruída. Esta resistência tanto vem do sacrifício pessoal por algo maior que nós mesmos, maior que o indivíduo sagrado dos liberais, como do exercício pessoal de renúncia que lhes é extremamente estrangeiro, tendo em vista o hedonismo em que descamba a civilização que os direitos do homem criaram. Os liberais que seguem até o fim as conseqüências de seu individualismo materialista não podem portanto oferecer resistência nenhuma à última fase da Revolução cujo alcance é universal e que também nada nas águas turvas do materialismo. Os sinais dos tempos estão também neste desamparo absoluto, de não haver mais quem nos defenda contra a sanha do Leviatã moderno, não mais um Sacro Império, uma França militantemente católica. Os papas conciliares esperam esta defesa da ONU, sem atentar que é a maior organização promotora da vinda do Anticristo em toda a terra. Este desamparo, no entanto, ao invés de nos desesperar deveria nos alegrar, porque nos indica que a vitória de Nosso Senhor também mais se aproxima quanto mais desesperadora a situação da Igreja no mundo. Portanto, afastemo-nos de esquerdas e direitas, mantenhamo-nos no centro católico, realista e equilibrado, nesta fé de cuja manutenção depende nossa salvação.