terça-feira, 27 de outubro de 2015

Zbigniew Herbert: As Mãos dos Meus Antepassados


As mãos dos meus antepassados trabalham em mim sem descanso
mãos esguias fortes ossudas hábeis em conduzir um cavalo de batalha
em manejar um gládio um sabre uma espada

- Oh quão sublime é a paz dum golpe mortal

Que me querem dizer as mãos dos meus antepassados
mãos cor de azeitona que eles estendem do além
não cederei provavelmente
então elas trabalham em mim como numa massa
de que se faz pão negro

E - isto ultrapassa a minha imaginação -
colocam-me brutalmente numa sela
e os meus pés nos estribos


Tradução de Jorge Sousa Braga