quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Da "mouromania" em Portugal

“Existe hoje em Portugal uma certa "mouromania", uma mania de elogiar e enaltecer o passado mourisco da Península Ibéria, apresentando o Al-Andaluz como o expoente máximo de civilização e cultura, lugar de grande tolerância e liberdade, em oposição à suposta barbaridade, intolerância e incivilidade cristã medieval. Ora, tal idéia é apenas fruto do romantismo de alguns pseudo-intelectuais de cultura anticristã, pois nem o Al-Andaluz foi expoente máximo de cultura e civilização, nem foi lugar de grande tolerância e liberdade.
Sobre a cultura e civilização mourisca, eis o que diz o historiador Ernest Renan, citado por Antônio Sardinha no livro Na Feira dos Mitos:
Fala-se muitas vezes duma ciência e duma filosofia árabe; na realidade, durante um século ou dois na Idade Média, os árabes foram nossos mestres, mas só enquanto não conhecemos os originais gregos. A ciência e a filosofia árabe nunca deixaram de ser uma mesquinha tradução da ciência e da filosofia grega. Desde que a Grécia autêntica despertou, essas míseras traduções ficaram sem sentido e não foi sem razão que os filólogos da Renascença iniciaram contra elas uma verdadeira cruzada. De resto, olhando de perto, essa ciência não tinha nada de árabe. O seu fundo é puramente grego, e entre os que a criaram não se aponta um único semita. Eram espanhóis e persas, escrevendo o árabe.
O papel filosófico dos judeus na Idade Média é também o de simples intérpretes. A filosofia hebraica desta época é a filosofia árabe sem modificações. Uma página de Roger Bacon encerra mais espírito científico do que toda essa ciência em segunda mão, respeitável, sem dúvida, como um anel de tradição, mas despida de grande originalidade.

Ou seja, toda a cultura mourisca não passa duma cópia arabizada da antiga civilização grega, com influência hispânica e persa. Importa, porém, dizer que só há verdadeira civilização sob a Cristandade.
Sobre a liberdade e a tolerância islâmica, eis o que dizem alguns versículos do Alcorão sobre os kafirs (infiéis, não-muçulmanos):
3:28 Crentes não devem ter os kafirs como amigos em preferência a outros crentes. Aqueles que fazem isso não terão nenhuma proteção de Alá e terão apenas eles mesmos como guardas. Alá te avisa para temê-Lo, pois tudo retornará para Ele.
8:12 Então o seu Senhor falou para os Seus anjos e disse: "Eu estarei convosco. Dêem força aos crentes. Eu irei enviar terror no coração dos kafirs, cortar fora as suas cabeças e até mesmo a ponta dos seus dedos!"
33:60 Eles [os kafirs] serão amaldiçoados, e onde quer que eles forem encontrados, serão presos e mortos. Esta era a prática de Alá, a mesma prática com aqueles que vieram antes deles, e tu não encontrarás mudança no modo de Alá.
47:4 Quando tu encontrares os kafirs no campo de batalha, corta-lhes fora as suas cabeças até que os tenhas derrotado totalmente e então toma-os como prisioneiros e amarra-os firmemente.
83:34 Naquele dia, o fiel irá ridicularizar os kafirs, enquanto se senta sobre os sofás nupciais e os observa. Não devem os kafirs ter a retribuição por aquilo que fizeram?
Assim se prova que, pela lei islâmica, os não-muçulmanos são dignos de humilhação e morte.
E os chamados povos do Livro? Será que os cristãos e os judeus têm um tratamento preferencial pelos muçulmanos? Eis o que diz novamente o Alcorão:
9:29 Faz guerra àqueles que receberam as Escrituras [cristãos e judeus] mas não acreditam em Alá nem no Último Dia. Eles não proíbem o que Alá e o seu mensageiro proíbem. Os cristãos e os judeus não seguem a religião da verdade até que eles se submetam e paguem a taxa [jizya] e sejam humilhados.
Então e os dhimmis? O que acontece às pessoas doutras religiões que vivem sob o jugo islâmico? Eis as condições exigidas aos cristãos pelo Tratado de Umar (637):
- Nós não iremos construir, nas nossas cidades ou arredores, novos mosteiros, igrejas, conventos, ou celas para monges, nem iremos consertá-los, de dia ou de noite, mesmo que eles caíam em ruínas, ou sejam situados nos bairros dos muçulmanos.
- Nós iremos manter os nossos portões abertos para os transeuntes e viajantes.
- Nós iremos dar comida e alojamento por 3 dias para todos os muçulmanos que passarem no nosso caminho.
- Nós não iremos prover refúgio em nossas igrejas ou casas para qualquer espião, nem escondê-lo dos muçulmanos.
- Nós não iremos manifestar a nossa religião em público e nem converter ninguém para ela.
- Nós não iremos impedir que qualquer um de nós se converta para o Islão se ele assim desejar.
- Nós iremos mostrar respeito para com os muçulmanos, e nós iremos levantar dos nossos assentos quando eles desejarem sentar.
- Nós não buscaremos parecer como os muçulmanos, imitando o modo como eles se vestem.
- Nós não iremos montar em selas, nem cingir espadas, nem portar qualquer tipo de armas, nem carregá-las conosco.
- Nós não iremos ter inscrições em árabe nos nossos selos.
- Nós não iremos fermentar bebidas (álcool).
- Nós iremos cortar as franjas das nossas cabeças (manter um cabelo curto como sinal de humilhação).
- Nós iremos sempre nos vestir do mesmo modo onde quer que estejamos, e nós iremos amarrar o Zunar em torno das nossas cinturas (cristãos e judeus têm que usar roupas especiais).
- Nós não iremos mostrar nossas cruzes ou os nossos livros nas estradas ou mercados dos muçulmanos.
- Nós iremos apenas usar chocalhos nas nossas igrejas, bem baixinho.
- Nós não iremos aumentar as nossas vozes quando seguindo os nossos mortos.
- Nós não tomaremos escravos que tenham sido determinados para pertencerem aos muçulmanos.
- Nós não iremos construir casas mais altas que as casas dos muçulmanos.
- Qualquer um que espancar um muçulmano com intenção deliberada, perderá os direitos de proteção deste pacto.

Fica assim demonstrado que o Al-Andaluz nunca foi o auge de civilização e cultura peninsular, muito menos um lugar em que a população cristã (maioritária) vivesse sob grande proteção e liberdade. Porém, quero deixar claro que pelo fato de denunciar a farsa da liberdade e tolerância islâmica, não significa que defenda a liberdade religiosa. Isso seria cair num relativismo e num indiferentismo grotesco, algo que foi veementemente condenado pelos Papas antes do Concílio Vaticano II.
Mas quero ainda acrescentar que os mouros e os judeus não têm qualquer direito a viver em terras ibéricas, onde sempre foram estrangeiros. Se eles viveram cá até ao decreto de expulsão, viveram segundo a condição de pessoas toleradas. E caso os nossos reis católicos quisessem expulsá-los, como veio a acontecer, estavam no seu pleno direito. Recordo que na Ata das Cortes de Lamego (1139) está expresso: Qui non sunt de Mauris, et de infidelibus Iudaeis, sed Portugalêses.
Contudo, importa também clarificar que nenhum judeu ou muçulmano foi perseguido por ser judeu ou muçulmano. O Santo Ofício apenas vigiava a conduta dos cristãos. As pessoas que foram condenadas por judaísmo, por exemplo, foram-no por se terem falsamente convertido ao Catolicismo. Muitos judeus, pela ambição de ascender socialmente, convertiam-se aparentemente ao Catolicismo, mas permaneciam secretamente judeus. Foram esses os condenados pela Inquisição. Já as outras confissões religiosas eram toleradas e estavam restritas ao culto privado, nunca público. Por exemplo, ainda hoje a sinagoga de Lisboa não tem fachada para a rua por esse mesmo motivo. Não que os judeus não pudessem ser judeus, antes o seu culto era exclusivamente privado. Estas eram as leis católicas do Reino de Portugal.”

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