segunda-feira, 29 de junho de 2015

Materialismo e liberdade

"Quando o materialismo leva o homem ao completo fatalismo (como geralmente acontece), é inútil fingir que ele é, em qualquer sentido, uma força libertadora. É um absurdo dizer que você se torna sensivelmente mais livre quando usa o livre pensamento apenas para destruir o livre arbítrio. Os deterministas vieram amarrar, não soltar. Eles podem muito bem chamar sua lei de "corrente de causalidade". É a pior corrente que já prendeu um ser humano. Se quiser, você pode falar de liberdade no discurso materialista, mas isso seria tão obviamente inaplicável quanto falar da mesma liberdade para um homem preso num hospício. Se quiser, você pode dizer que um homem é livre para achar que é um ovo cozido. Porém, com certeza o fato mais colossal e importante é que, como um ovo cozido, ele não é livre para comer, beber, dormir, andar ou fumar um cigarro. Da mesma forma, você pode dizer que o cético corajoso e determinista é livre para não acreditar na realidade da vontade. Mas é um fato muito mais colossal e importante que ele não é livre para se levantar, praguejar, agradecer, justificar-se, exortar, punir, resistir tentações, incitar revoltas, fazer resoluções de ano-novo, perdoar os pecadores, derrubar tiranos, ou mesmo dizer 'obrigado' pela mostarda."
(Gilbert Keith Chesterton, Orthodoxy)