sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A apostasia de Roma

“Os escritores da Igreja nos contam como nos últimos dias a cidade de Roma vai provavelmente apostatar da Igreja e do vigário de Jesus Cristo; e que Roma será de novo punida, pois Ele se afastará dela; e o julgamento de Deus cairá sobre o lugar do qual Ele havia reinado sobre as nações do mundo. Pois que faz de Roma sagrada, senão a presença do vigário de Jesus Cristo? Que tem ela que a faz querida aos olhos de Deus, que não a presença do vigário de Seu Filho? Saia de Roma a Igreja de Cristo, e Roma não será mais aos olhos de Deus do que a Jerusalém de outrora.
A apostasia da cidade de Roma em relação ao vigário de Cristo, e sua destruição pelo Anticristo, pode ser um pensamento tão novo para muitos católicos, que tenho por bem recitar o texto de teólogos da maior reputação. Em primeiro lugar Malvenda, que escreve expressamente sobre a matéria, afirma como sendo a opinião de Ribera, Gaspar Melus, Viegas, Suárez, Belarmino e Bosius que Roma vai apostatar da fé, expulsar o vigário de Cristo e retornar a seu antigo paganismo. São palavras de Malvenda: — 'Mas a própria Roma, nos últimos tempos do mundo, retornará a sua antiga idolatria, poder, e grandeza imperial. Ela expulsará seu pontífice, apostatará completamente da fé cristã, perseguirá terrivelmente a Igreja, derramará o sangue dos mártires mais cruelmente que nunca, e recobrará seu estado anterior de abundante riqueza, ou até maior do que teve sob seus primeiros governantes.’
Lessius diz: — ‘No tempo do Anticristo, Roma será destruída, como vemos abertamente no décimo-terceiro capítulo do Apocalipse;’ e em seguida: — ‘A mulher que viste é a grande cidade, que tem reinado sobre todos os reis da terra, na qual está simbolizada Roma em sua impiedade, tal como era no tempo de São João, e será de novo no fim do mundo.’ E Belarmino: — ‘No tempo do Anticristo, Roma será desolada e queimada, como aprendemos no décimo-sexto verso do décimo-sétimo capítulo do Apocalipse.’ Sobre tais palavras comenta o jesuíta Erbermann o seguinte: — ‘Todos confessamos, com Belarmino, que o povo de Roma, um pouco antes do fim do mundo, retornará ao paganismo, e expulsará o Pontífice Romano.’
Então a Igreja vai-se dispersar, fugindo para o deserto, e será durante algum tempo como era no começo, escondida invisível nas catacumbas, em cavernas, em montanhas, em esconderijos; por algum tempo parecerá como que varrida da face da terra. Tal é o testemunho universal dos Padres da Igreja primitiva.”
(Cardeal Henry Manning, The Present Crisis of the Holy See)