sexta-feira, 11 de julho de 2014

O conhecimento sem paixão das coisas divinas

“O conhecimento sem paixão das coisas divinas não move a mente a desprezar totalmente as coisas materiais, senão que a faz assemelhar-se ao pensamento simples de uma coisa sensível. Por isso é possível encontrar muitos homens que têm muita ciência mas se revolvem como porcos na lama das paixões da carne. Após terem sido purificados pela sua diligência e ter obtido o conhecimento, e se tornarem, depois, negligentes, fizeram-se semelhantes a Saul, que foi considerado digno do reino mas, tendo governado indignamente, foi expulso dele com terrível ira.
Assim como o pensamento simples das coisas humanas não obriga a mente a desprezar as coisas divinas, assim tampouco o simples conhecimento das coisas divinas a persuade a desprezar totalmente as coisas humanas, estando por isso a verdade entre luz e sombra. E por isso há necessidade da bem-aventurada paixão da santa caridade, que liga a mente às contemplações espirituais e a persuade a preferir as coisas imateriais às materiais, e as coisas espirituais e divinas às sensíveis.”
(São Máximo, o Confessor, Terceira Centúria sobre a Caridade)

Tradução de Carlos Ancêde Nougué e Clarice Rodrigues