segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Meditação de Santo Afonso de Ligório sobre o Inferno

“Considera como o inferno é uma prisão infelicíssima, cheia de fogo. Neste fogo estão submersos os danados, tendo um abismo de fogo acima, um abismo aos lados, um abismo abaixo. Fogo nos olhos, fogo na boca, fogo por inteiro.
Todos os sentidos têm sua própria pena: os olhos cegos pelo fumo e pelas trevas, aterrorizados pela vista dos demônios e dos outros danados. Com a audição escutarão dia e noite urros contínuos, prantos e blasfêmias. O olfato será afetado pelo fedor daqueles corpos mal cheirosos. O paladar atormentado por uma ardentíssima sede e por uma fome canina, sem jamais obter uma gota d’água nem uma côdea de pão. Por isso, aqueles infelizes encarcerados, abrasados pela sede, devorados pelo fogo, afligidos por todo tipo de tormentos, choram, gritam, desesperam-se, mas não existe, nem existirá, quem os alivie ou console. Ó inferno, inferno! Muitos só crêem quando em ti caem. Que dizes, tu que estás lendo? Se tivesses, agora, que morrer, para onde irias? Tu que não suportas uma centelha de vela em tua mão, suportarás, depois, o estar em um lago de fogo, desconsolado e abandonado por todos, por toda a eternidade? A memória dos danados será sempre atormentada pelo remorso da consciência. Este é o verme que sempre roerá o danado: pensar por que, por uns poucos prazeres envenenados, danou-se voluntariamente. Ó Deus, o que lhe padecerão, então, aqueles prazeres momentâneos, depois de cem mil, milhões de anos de inferno? Este verme recordar-lhe-á o tempo que Deus pôs à sua disposição para salvar-se; as comodidades que lhe apresentou o Senhor; os bons exemplos dos companheiros; os bons propósitos feitos, mas nunca seguidos. E então verá que não mais existe remédio para sua eterna ruína. O intelecto conhecerá o grande bem que perdeu: o Paraíso e Deus. “Ó Deus, ó Deus, perdoai-me por amor de Jesus Cristo”.
Pecador, tu que agora não te importas em perder o paraíso e Deus, conhecerás a tua cegueira ao ver os bem-aventurados triunfarem e gozarem no reino dos céus; e tu, como um cão fétido, serás expulso daquela pátria beata, privado da bela face de Deus, da companhia de Maria, dos Anjos e dos santos. Então, delirando, gritarás: “Ó paraíso de contentes, ó Deus infinito, não és, e nem serás, mais meu?”. Então vamos com a penitência... Muda de vida: não esperes que o tempo termine. Dá-te a Deus: começa a amá-lo verdadeiramente. Roga a Jesus, roga a Maria – que eles tenham piedade de ti.”