segunda-feira, 9 de julho de 2012

Meditação de Santo Afonso de Ligório sobre a finalidade do homem

“Considera, ó alma, que teu ser foi dado por Deus, que te criou à sua imagem, sem teres mérito algum. Adotou-te como filho através do batismo, amou-te mais que um Pai, criando-te para que o amasses e o servisses nesta vida para gozá-Lo, depois, no Paraíso. Não nasceste, pois, nem deves viver para te satisfazeres, para tornar-te rico e poderoso, para comer, para beber e dormir, como fazem os brutos, mas somente para amar teu Deus e para que te salves eternamente. As coisas criadas foram-te dadas para que te ajudassem a alcançar o grande fim. “Ai de mim, infeliz, que em tudo pensei, menos no meu fim! Pai meu, por amor de Jesus, fazei que eu comece uma vida nova, toda ela santa e em conformidade com a vossa vontade divina”.
Considera quais terríveis remorsos, pois, sentirás na hora da morte, se agora não te aplicares em servir a Deus. Que pesar quando, no termo da vida, perceberes que não te resta senão um punhado de moscas de todas as tuas riquezas, grandezas, glórias e prazeres! Ficarás atônito ao ver como, por vaidade e ninharias, perdeste tua alma e a graça de Deus, sem que possas refazer o mal feito; nem terás tempo para tomar o bom caminho. Ó desespero! Ó tormento! Verás então o quanto vale o tempo, mas será tarde. Gostarias de comprá-lo com teu sangue, mas não poderás.
Ó dia amargo para quem não serviu nem amou a Deus.
Considera o quanto se descura este grande fim. Pensa-se em acumular riquezas, em banquetear-se, em festejar, em viver à toa: E não se serve a Deus, e não se pensa na salvação da alma e o fim eterno. Estima-se com nada. E assim, a maior parte dos cristãos, banqueteando, cantando, tocando, vão para o inferno. Ah! se eles soubessem o que significa o inferno! Ó homem, te fadigas tanto para danar-te e nada queres fazer para salvar-te...Enquanto morria, um secretário de Francisco, Rei da Inglaterra, dizia: “Mísero de mim! Gastei tanto papel escrevendo cartas para meu príncipe e não gastei nem uma folha para lembrar-me de meus pecados e fazer, assim, uma boa confissão!” Filipe II, Rei da Espanha, dizia ao morrer: “Oh, tivesse eu ido ao deserto servir a Deus e jamais tivesse sido Rei!” Mas para que servem estes suspiros, estes lamentos? Servem para aumentar o desespero. Aprende, à custa de outros, a viver, se não queres cair no mesmo desespero. Fora do gosto de Deus, tudo está perdido. Vamos logo, é tempo de mudar de vida. Queres esperar a morte chegar? Às portas da eternidade, sobre a boca do inferno, quando não mais existe a chance de emendar o erro? “Deus meu, perdoa-me. Eu te amo acima de tudo. Arrependo-me de ofender-vos”.
“Maria, esperança minha, roga a Jesus por mim”.”

Tradução de Pier Giorgio Citeroni