quinta-feira, 3 de maio de 2012

A Escola de Mannheim

“A Escola de Mannheim floresceu principalmente durante o reinado (1743-78) do Eleitor Palatino Karl Theodor. Durante a segunda metade do século XVIII Mannheim, residência de Karl Theodor, foi uma das mais florescentes sedes das artes e ciências.
Os principais centros alemães de composição sinfônica de 1740 em diante foram Mannheim, Viena e Berlim. O fundador da Escola de Mannheim foi o músico boêmio Johann Stamitz, que lá trabalhou de 1741 em diante; sob sua liderança, a orquestra de Mannheim tornou-se famosa em toda a Europa pela virtuosidade (Burney a chamava de “exército de generais”), pela até então desconhecida variedade dinâmica que ia do mais suave pianissimo até o mais alto fortissimo, e pelo som sensacional de seu crescendo. O uso cada vez maior do crescendo e do diminuendo na metade do século foi sintoma de uma tendência à obtenção de variedade dentro de um movimento por meio de transições graduais; os movimentos barrocos ou tinham mantido um nível dinâmico uniforme ou introduzido contrastes distintos, como no concerto.
A orquestra não foi fundada por Stamitz; ela foi montada em 1720 quando os músicos das orquestras eleitorais desfeitas de Innsbruck e Düsseldorf juntaram-se em Mannheim. Foi a reunião de artistas que haviam herdado as tradições da antiga Kapelle (orquestra) silesiana do Conde Palatino Carl Philipp. Em 1723 a Hofkapelle (orquestra da corte) de Mannheim consistia de 55 músicos, entre os quais dezesseis haviam trabalhado em Innsbruck e não menos de vinte e seis em Düsseldorf. Nem todos vinham da Europa oriental; alguns eram da Bélgica e da Áustria, outros da Itália. Foi, portanto, um conjunto genuinamente europeu que se reuniu em Mannheim em 1720.
No entanto, seu caráter pan-europeu não foi, obviamente, o único fator ao qual essa orquestra deveu a fama que chegou a adquirir. Durante mais de vinte anos, a orquestra de Mannheim só gozou de reputação local. Essa situação mudou rapidamente depois que Stamitz se juntou à orquestra. Ele possuía autoridade e grandes poderes de sugestão; ele tinha, ao que parece, um talento natural para inspirar os que estavam ao seu redor a darem um passo decisivo à frente, depois de um período de desenvolvimento hesitante; um passo que levou a uma nova era da música de concerto. Não há dúvida de que a transformação da Hofkapelle de Mannheim em uma verdadeira orquestra deve-se acima de tudo a Johann Stamitz.
A Escola de Mannheim de compositores foi de grande significância para o desenvolvimento do estilo clássico vienense e da técnica orquestral. O mais velho dos muitos compositores na orquestra do Eleitor era outro compositor da Boêmia, Franz Xaver Richter. Ignaz Holzbauer, nascido em Viena, foi contratado por Karl Theodor em 1753 como Kapellmeister da corte, após ter trabalhado numa posição semelhante em Stuttgart. O sucessor de Johann Stamitz como diretor da orquestra do Eleitor foi Christian Cannabich, considerado por muitos como um dos melhores sinfonistas da Mannheim tardia. Karl Philipp Stamitz, filho mais velho de Johann Stamitz, foi o mais popular entre os compositores de Mannheim.
Quando aquele governante amante das artes herdou o trono da Baviera em 1778, muitos membros da Hofkapelle de Mannheim seguiram-no a Munique e a ex-orquestra de Mannheim se fundiu com a Hofkapelle de Munique. Essa orquestra mista estava à disposição de Mozart, que havia conhecido alguns dos músicos durante suas visitas a Mannheim em 1777-78, quando Idomeneo foi apresentado pela primeira vez, em Munique, no ano de 1781.”
(Chris Whent, The Mannheim School)