segunda-feira, 30 de abril de 2012

A surdez singular de Ludwig van Beethoven

“É digno de nota que Beethoven chamava sua própria surdez de “singular”. Freqüentemente, mesmo nos seus últimos anos de vida, ele era capaz de ouvir um pouco e por algum tempo. Poder-se-ia quase falar de uma visita periódica de seu “demônio”. Em sua biografia, Marx descreve da seguinte forma a doença: “Já em 1816 se sabe que ele é incapaz de reger suas próprias obras; em 1824 não podia ouvir o barulho do aplauso de uma grande audiência; mas em 1822 ainda improvisa maravilhosamente em rodas sociais; em 1824 estuda com Sontag e Ungher as partes destes na Nona Sinfonia e na Missa Solene, e em 1825 ouve criticamente uma apresentação do quarteto em lá menor op. 132.” Supõe-se que em tais casos urgentes sua força de vontade dava temporariamente nova tensão aos nervos auditivos que gradualmente atrofiavam (diz-se que ele era ainda capaz de ouvir uma ou algumas poucas vozes com seu ouvido esquerdo, mas não as podia perceber se eram muitas), mas tal não era o caso em momentos de menor importância, como o atestam os livros de conversação. Nesses livros, algumas respostas também estão escritas, naturalmente quando não eram para ouvidos de estranhos.”
(Friedrich Kerst & Henry Edward Krehbiel, Beethoven: the Man and the Artist, as Revealed in His Own Words)