sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Karl Marx e o proletariado

“Marx tinha um sonho impossível. Ele e apenas ele podia mudar a natureza humana, porque somente para ele foi revelado o conhecimento cataclísmico do materialismo dialético. “Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos! Nada tendes a perder senão vossas cadeias!” Ele uniria o proletariado e os faria ditadores. Engorde os seres humanos como animais de raça; então tudo será um mar de rosas. Mas até mesmo o Prof. Larski admitiu que a história da raça humana não começou nem iria terminar na barriga.
Trotsky descreveu como funciona essa ditadura. Por sua natureza ela deve ser e é de um único homem, que divide uma parte de seu poder com um punhado de outros, como no Politburo da URSS.
Não há dúvida que Marx sabia que estava planejando a escravidão. Mas ele tinha suas suspeitas a respeito dos ingleses. Não podia confiar que eles se comportariam como esperado. Disse que os ingleses jamais fariam uma revolução, que estrangeiros teriam que fazer a revolução por eles. Se o fantasma de Marx pudesse ao menos fazer uma visita à atual Grã-Bretanha! Lá ele descobriria que o proletariado tornou-se uma vasta classe média, vivendo em suas casas plenas do tipo de conforto que mesmo os parentes ricos de sua época teriam invejado. Eles dirigem seus próprios carros e os agentes de viagem fazem grandes negócios, enviando-os como formigueiros ao ensolarado Mediterrâneo durante a maior parte do ano. Lá eles se esbaldam: bronzeiam-se, fumam charutos, têm suas refeições nos melhores hotéis. Os parentes ricos de Marx jamais experimentaram essas coisas.
Como foi possível tudo isso? Por meio da dedicação de homens talentosos que se sentaram e ainda se sentam às suas pranchetas de desenho, lutando para tirar a carga do trabalho manual das costas dos homens, deixando a máquina fazer todo o trabalho pelo aperto de um simples botão. As máquinas que eles inventaram e aperfeiçoaram trouxeram liberdade e lazer para muitos milhões, trazendo-lhes confortos impensáveis até mesmo para as classes altas de poucas gerações atrás. Isso tanto é válido para todas as nações ocidentais desenvolvidas como para a Grã-Bretanha. Os trabalhadores se desvencilharam das cadeias da necessidade sem qualquer ajuda de Karl Marx. É somente no paraíso marxista que os trabalhadores não têm nada a perder senão suas cadeias.
Se os trabalhadores ocidentais têm que trabalhar muitas horas quando podiam estar pescando, é porque devem pagar impostos cobrados deles como juros de empréstimos que custam apenas papel e tinta e os salários de escriturários, cobrados pelos mesmos financistas que pagaram a Marx para escrever o Manifesto. Essa manipulação é a farsa que torna insignificantes todas as farsas da história. Se não fossem tais impostos, os trabalhadores do Ocidente poderiam prover a todas suas necessidades trabalhando talvez somente dois dias por semana. O excedente serve para pagar impostos injustos. Assim é que o primeiro Rotschild pôde dizer: “Deixe-me emitir e controlar o dinheiro de uma nação e não me importarei com quem redige suas leis.
Agora que sua gangue cria e controla o dinheiro mundial, vemos os efeitos desastrosos de suas políticas sobre os povos do Terceiro Mundo, onde as exportações dessas pessoas pobres não são nem mesmo suficientes para cobrir os juros que têm de pagar sobre empréstimos que nada mais são que um lançamento no livro razão.
Não há mais um proletariado como tal no Ocidente desenvolvido, mas apenas uma vasta classe média que engloba trabalhadores, artesãos e profissionais; decerto ainda há diferenças de renda, mas um bom encanador pode ser, e freqüentemente é, mais próspero que um profissional. Ainda há também alguns que são muito pobres e outros muito ricos, mas nenhum deles é numericamente significativo. Os mais pobres contudo não morrem de fome, como o fazem em países comunistas como a Etiópia.
Em contraste, em todos os países comunistas uma pequena malta no topo dispõe de tudo, lojas exclusivas, resorts de férias reservados, todo privilégio conhecido do homem corrupto quando chega ao poder. Em todos os países comunistas, as demais pessoas não podem sequer dizer que dispõem da própria alma. Esqueça liberdade, igualdade, fraternidade. Lyons diz: “Enquanto os pobres mortais passam horas nas filas esperando obter algumas de suas necessidades diárias, os novos aristocratas divertem-se comprando em lojas exclusivas abarrotadas com o melhor que o país produz e produtos importados. Enquanto funcionários superiores e diretores ganham centenas de rublos por mês – além de um conjunto de mordomias, como carros com motoristas e apartamentos de luxo – milhões nos níveis inferiores da sociedade lutam para sobreviver com o mínimo permitido legalmente... Nas fábricas e instituições, os refeitórios são divididos socialmente: os melhores lugares para as pessoas importantes, os piores para os trabalhadores. Os trens possuem de três a quatro classes... Os melhores hospitais são exclusivos das “melhores pessoas”. As classes altas têm seus símbolos de status: casas suburbanas particulares construídas em terrenos públicos, apartamentos de cooperativa nas cidades, carros, geladeiras e outros produtos difíceis de conseguir, roupas feitas por alfaiates – tudo desesperadamente fora do alcance da maior parte da população. Eles gozam suas férias como um direito em resorts elegantes, aos quais um número simbólico de trabalhadores especializados tem acesso somente como recompensa por serviços extraordinários. Até mesmo a matrícula em instituições educacionais superiores é mais fácil para os filhos das famílias com influência política ou que usam de propinas para passar por cima dos critérios acadêmicos de admissão. Então existe o que se pode chamar de símbolo estatal de status coletivo... os metrôs são tão decorados como palácios... O trabalhador vai de uma luxuriante e marmórea estação subterrânea até seu apartamento sórdido de quarto único ou sua favela imunda. Para uma mente normal, uma sociedade sem classes significa igualdade política, econômica e social. Mas na URSS, o próprio princípio da igualdade é tabu: “um absurdo pequeno-burguês digno de uma seita primitiva de ascetas, mas não de uma sociedade organizada segundo princípios marxistas”. As palavras são de Stalin e ainda expressam a doutrina oficial.
Após haver visitado a Rússia, o ministro do trabalho britânico, George Bevin, tinha o seguinte a dizer: “As desigualdades, a infelicidade e a opressão simplesmente não podem ser escondidas ou ignoradas... há uma minoria burocrática que vive, inquestionavelmente, de modo bastante confortável.” Lyons acrescenta que há restaurantes de luxo nas maiores cidades que estão repletos de homens e mulheres bem vestidos, com preços que afastam automaticamente o comum dos mortais... são oásis de abundância e vanglória em um soturno deserto de necessidades.
Christian Rakowsky, um seguidor de Trotsky e inimigo de Stalin, disse: “Por meio de métodos desmoralizantes que transformam comunistas inteligentes em máquinas, destruindo a vontade, o caráter e a dignidade humana, os círculos governantes tiveram sucesso em converter-se a si mesmos em uma irremovível e inviolável oligarquia que substitui a classe e o partido.
Segundo Djilas, o desiludido comunista iugoslavo, para encontrar um sistema parecido ter-se-ia que voltar quinze séculos antes de Cristo, à época do Egito antigo: “Os comunistas não inventaram a propriedade coletiva, mas deram-lhe um caráter de total abrangência bem mais vasto que em épocas passadas, mais até que no Egito dos faraós.
Lyons conclui: “Desde os ukase de Stalin contra a ‘podre igualdade liberal’... uma nova classe tão esnobe quanto arrogante manda no galinheiro, e abaixo dela há outras classes, esperando e fazendo intrigas para obter o mesmo conforto e vantagens que inspiram os homens desde o começo dos tempos. Somente nas mais baixas profundezas, nos campos de concentração e nas regiões de exílio, entre os trabalhadores de mais baixo posto dos colcozes e obreiros não especializados, existe uma certa igualdade, sobre a qual Dostoiévski comentou por meio de um dos seus personagens do romance Os Possessos: ‘Todos são escravos e iguais em sua escravidão... Os escravos devem ser miseravelmente iguais.’
(Deirdre Manifold, Karl Marx: True or False Prophet?)