“Como para demonstrar a eficácia da Consagração que a Santíssima Virgem pedira, Deus houve por bem permitir a realização em Portugal do que se pode dizer que era um projeto esclarecedor. No aniversário da primeira aparição em Fátima, em 13 de Maio de 1931, e na presença de 300.000 fiéis que se deslocaram propositadamente a Fátima, os Bispos portugueses consagraram solenemente a sua nação ao Imaculado Coração de Maria. Estes bons Prelados colocaram Portugal sob a proteção de Nossa Senhora, para que Ela protegesse esta nação do contágio das idéias comunistas que estavam a espalhar-se por toda a Europa, e especialmente na vizinha Espanha. De fato, a profecia da Santíssima Virgem de que a Rússia espalharia os seus erros pelo Mundo já estava a cumprir-se com inexorável exatidão. E quem, em Julho de 1917, poderia ter previsto o aparecimento do comunismo mundial a partir da Rússia - meses antes da revolução bolchevista e da subida ao poder de Lênin? Só o Céu podia tê-lo previsto; só a Mãe de Deus, informada pelo Seu Divino Filho.
Em resultado desta Consagração de 1931, Portugal experimentou um tríplice milagre, de que aqui daremos apenas os pormenores essenciais.
Em primeiro lugar, houve uma magnífica Renascença Católica, uma grande renovação da vida católica, tão espantosa que todos os que a viveram atribuíram-na sem hesitar à intervenção de Deus. Durante este período, Portugal gozou de um aumento drástico de vocações sacerdotais. O número de Religiosos quase quadruplicou em 10 anos. As comunidades religiosas prosperaram também. Houve uma vasta renovação da vida cristã que se fez notar em diversas áreas, incluindo o desenvolvimento de uma imprensa católica, rádio católica, peregrinações, retiros espirituais, e um robusto movimento da Ação Católica que foi integrado nas estruturas da vida diocesana e paroquial.
Esta Renascença Católica foi de tal amplitude que, em 1942, os Bispos portugueses declararam numa Carta Pastoral Coletiva: “Se alguém tivesse fechado os olhos há vinte e cinco anos e os abrisse agora, já não reconheceria Portugal, tão vasta foi a transformação feita pelo fator modesto e invisível da aparição da Santíssima Virgem em Fátima. Nossa Senhora quer realmente salvar Portugal” [
Carta Pastoral Coletiva para o Jubileu das Aparições em 1942, Merv. XX's, p. 338; cit. por Frère Michel de la Sainte Trinité, Ibid., Vol. II, p. 410].
Houve também um milagre de reforma política e social, segundo os princípios sociais católicos. A seguir à Consagração de 1931, subiu à Presidência do Conselho em Portugal um líder católico, Antônio de Oliveira Salazar, que pôs em ação um programa católico e contra-revolucionário. Esforçou-se por criar, tanto quanto possível, uma ordem social católica em que as leis da governação e as instituições sociais se harmonizassem com a lei de Cristo, do Seu Evangelho e da Sua Igreja [A influência de Salazar no Governo português tinha aumentado desde 1928. Ascendeu a Presidente do Conselho em 1933. Mais tarde, Salazar recebeu, em homenagem à sua atuação, um louvor e a bênção do Papa Pio XII, que disse: “Abençôo-o de todo o meu coração, e acalento o desejo ardentíssimo de que possa completar com sucesso o seu trabalho de restauração nacional, tanto espiritual como material” (cit. por Frère Michel de la Sainte Trinité, Ibid., Vol. II, p. 412).]. Adversário convicto do socialismo e do liberalismo, Salazar opunha-se a “tudo quanto diminui ou dissolve a família” [Ibid., p. 415 (as próprias palavras de Salazar)].
Salazar, o Presidente do Conselho, não se limitava a falar bem; legislou no sentido de proteger a família, incluindo leis que desaprovavam o divórcio. Citamos o Artigo 24 de uma delas: “De harmonia com as propriedades essenciais do matrimônio católico, subentende-se que, pelo próprio fato de se celebrar um matrimônio canônico, os cônjuges renunciam ao direito legal de requerer divórcio” [Ibid., p. 421]. O efeito desta lei foi que os casamentos católicos não diminuíram em número; antes pelo contrário. Assim, em 1960 - um ano muito crítico, como veremos - quase 91% dos casamentos realizados no país eram canônicos.
Além destas espantosas mudanças religiosas e políticas, deu-se um duplo milagre de Paz: Portugal foi poupado ao terror comunista, especialmente durante a Guerra Civil que crucificava a Espanha. Portugal foi também poupado às devastações da 2ª Guerra Mundial.
A respeito da Guerra Civil de Espanha, os Bispos portugueses fizeram voto, em 1936, de exprimirem a sua gratidão a Nossa Senhora, se esta protegesse Portugal, renovando a Consagração Nacional ao Imaculado Coração de Maria. Cumprindo o seu voto, renovaram a Consagração em 13 de Maio de 1938, em ação de graças pela proteção de Nossa Senhora. Como o Cardeal Cerejeira reconheceu publicamente: “Desde que Nossa Senhora de Fátima apareceu em 1917 (…) desceu sobre a terra de Portugal uma bênção especial de Deus. (…) Se nos recordarmos dos dois anos que passaram desde a nossa promessa, não podemos deixar de reconhecer que a mão invisível de Deus protegeu Portugal, poupando-o ao flagelo da guerra e à lepra do comunismo ateu”.
Até o Papa Pio XII exprimiu o seu espanto por Portugal ter sido poupado aos horrores da Guerra Civil Espanhola e à ameaça comunista. Numa alocução ao povo português, o Papa falou do “perigo vermelho, tão ameaçador e tão próximo de vós, e apesar disso evitado de maneira tão inesperada” [Ibid., p. 422].
Os portugueses passaram incólumes este primeiro perigo, mas logo a seguir viram-se de caras com outro: a Segunda Guerra Mundial estava a começar. Em cumprimento de mais outra profecia da Santíssima Virgem a 13 de Julho de 1917, a guerra começaria “no reinado de Pio XI”, anunciada por “uma noite alumiada por uma luz desconhecida (…)”
Em 6 de Fevereiro de 1939, sete meses antes da declaração de guerra, a Irmã Lúcia escreveu ao seu Bispo, D. José Correia da Silva, avisando-o de que a guerra estava iminente - mas acrescentando em seguida uma promessa maravilhosa. Escreveu ela que “nesta guerra horrível, Portugal seria poupado devido à consagração nacional ao Imaculado Coração de Maria feita pelos Bispos” [Ibid., p. 428] .
E Portugal
foi, de fato, poupado aos horrores da guerra, cujos pormenores são demasiado numerosos para aqui serem relembrados [Cf. Frère Michel de la Sainte Trinité, Ibid., Vol. II, pp. 369-439]. E - o que ainda é mais notável - a Irmã Lúcia escreveu ao Papa Pio XII em 2 de Dezembro de 1940, para lhe dizer que Portugal estava a receber uma proteção especial durante a guerra - e que outros países a teriam igualmente recebido, se os seus Bispos os tivessem consagrado ao Imaculado Coração de Maria. Escreveu ela: “Santíssimo Padre, (...) Nosso Senhor promete, em atenção à consagração que os Exmos. Prelados portugueses fizeram da nação ao Imaculado Coração de Maria, uma proteção especial à nossa Pátria, durante esta guerra; e que esta proteção será a prova das graças que concederia às outras nações, se como ela Lhe tivessem sido consagradas” [Ibid., p. 428. Cf.
Novos Documentos de Fátima (editado pelo Padre Antônio Maria Martins, S.J., Livraria A.I., Porto 1984), p. 248].
Do mesmo modo, o Cardeal D. Manuel Gonçalves Cerejeira não teve a menor dúvida em atribuir a Nossa Senhora de Fátima as grandes graças que Ela obtivera para Portugal durante esses tempos. E declarou, em 13 de Maio de 1942: “Para exprimir o que se tem passado aqui nos últimos vinte e cinco anos, o vocabulário português só tem uma palavra: milagre. Sim, estamos convencidos de que devemos a maravilhosa transformação de Portugal à proteção da Santíssima Virgem” [Ibid., p. 405. O Cardeal Cerejeira disse estas palavras durante a celebração do jubileu das aparições de Fátima, ocorrida em 1942].
O Cardeal Cerejeira afirmava aquilo que nós afirmamos nesta obra: que as bênçãos miraculosas que Nossa Senhora obteve para Portugal como recompensa do Céu pela Consagração do País, em 1931, eram apenas uma amostra do que Ela fará por todo o Mundo, logo que a Rússia seja também devidamente Consagrada ao Seu Imaculado Coração [Acreditamos na palavra de um crente em Fátima, como o Cardeal Cerejeira, de preferência a um cético como o Cardeal Ratzinger (cf. mais adiante)]. Nas palavras do Cardeal Cerejeira:
“O que se tem passado em Portugal proclama o milagre. E prefigura o que o Imaculado Coração de Maria preparou para o Mundo” [Cardeal Cerejeira, prefácio a
Jacinta (1942),
Obras pastorais, Vol. II, p. 333. Cf. também a sua homilia de 13 de Maio de 1942,
Merv. XX's, p. 339. Citado a partir de Frère Michel de la Sainte Trinité, Ibid., Vol. II, p. 437].
Não é difícil compreender a razão para Portugal ser chamado nesta altura a “Demonstração de Nossa Senhora”. E o triplo milagre de Portugal é só uma amostra de como ficarão a Rússia e o Mundo depois da Consagração Colegial daquele país. O exemplo miraculoso de Portugal também nos ajuda a compreender o presente. Se contrastarmos o tríplice milagre de Portugal com a situação atual da Rússia e do Mundo, torna-se evidente que a Consagração da Rússia ainda está por fazer.”
(Pe. Paul Kramer,
The Devil’s Final Battle)
Gostaria de parabenizá-lo também pelo seu blog que é muito bom, coloquei-o na lista de sites católicos do meu blog. Um abraço
ResponderExcluir