domingo, 21 de fevereiro de 2010

A motivação para um tratado sobre a sodomia


“Quando o humilde monge e futuro santo, Pedro Damião, apresentou sua carta 31, o Livro de Gomorra, ao Papa Leão IX em 1049, ele deixou claro que sua preocupação primeira e primordial era a salvação das almas. Embora o trabalho fosse dedicado especificamente ao Santo Padre, sua distribuição foi destinada à Igreja universal, especialmente aos bispos do clero secular e aos superiores das ordens religiosas.
Na introdução, o santo escritor deixa claro que a vocação divina da Sé Apostólica faz que sua consideração principal seja “o bem das almas”. Portanto, ele exorta o Santo Padre a tomar medidas contra “um certo vício abominável e assaz vergonhoso”, o qual identifica abertamente como “o câncer corruptor da sodomia”, que assola tanto as almas do clero e o rebanho de Cristo na sua região, antes que Deus descarregue Sua justa ira contra o povo. Reconhecendo quão nauseante a própria menção da palavra sodomia deve ser ao Papa, ele no entanto pergunta com franqueza brusca: “...se um médico ficar horrorizado com o contágio da praga, quem é que vai manejar o cautério? Se ele fica enjoado quando está prestes a aplicar o remédio, quem vai restaurar a saúde aos corações feridos?”
Evitando qualquer dubiedade, Damião distingue entre as várias formas de sodomia e as fases de corrupção sodomita, começando pela masturbação solitária e mútua e terminando na estimulação interfemoral (entre as coxas) e coito anal. Destaca que há uma tendência entre os prelados de tratar os primeiros três graus do vício com uma “leniência imprópria”, preferindo reservarem a expulsão do estado clerical somente àqueles homens que comprovadamente se envolveram com penetração anal. O resultado, diz Damião, é que um homem, culpado do vício em graus “menores”, aceita suas penitências mais suaves, mas permanece livre para poluir outros sem o menor receio de perder sua posição. O resultado previsível da leniência de seu superior, diz Damião, é que o vício se espalha, o culpado fica mais ousado em seus atos ilícitos pois sabe que não irá sofrer qualquer perda em seu estado clerical, perde todo o temor a Deus e seu último estado é pior do que o primeiro.
Damião condena a audácia de homens que estão “habituados à porcaria desta doença purulenta”, e ainda assim ousam apresentar-se para o sacerdócio ou, se já ordenados, permanecer em seus cargos. Não foi em razão de tais crimes que Deus Todo-Poderoso destruiu Sodoma e Gomorra, e matou Onan por deliberadamente derramar sua semente no chão?, pergunta. Citando a epístola de São Paulo aos Efésios (Ef 5:5), ele continua, “...se um homem impuro não tem absolutamente nenhuma herança no Céu, como pode ser ele tão arrogante de assumir uma posição de honra na Igreja, que é certamente o reino de Deus?”
O santo monge assemelha os sodomitas que buscam o sacerdócio aos cidadãos de Sodoma que ameaçaram “usar de violência contra o justo Lot” e estavam já quase quebrando a porta quando foram feridos com cegueira por dois anjos e não conseguiram mais achá-la. Tais homens, ele diz, foram feridos com uma cegueira semelhante, e “pela justa decisão de Deus caíram em treva interior.” Se fossem humildes seriam capazes de achar a porta que é Cristo, mas estão cegos por sua “arrogância e vaidade”, e “perdem Cristo por causa de seu apego ao pecado”, nunca achando, lamenta Damião, “o portão que leva à habitação celeste dos santos”.
Não poupando os eclesiásticos que conscientemente permitem que sodomitas ingressem no sacerdócio ou permaneçam em posições clericais maculando seu cargo, o santo monge ataca os “superiores de clérigos e padres que nada fazem”, lembrando-os de que eles deveriam estar tremendo por eles mesmos terem-se tornado “parceiros na culpa de outros”, ao permitirem que “a praga destruidora” da sodomia continuasse em suas fileiras.”
(Randy Engel, St. Peter Damian's Book of Gomorrah: A Moral Blueprint for Our Times)

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