terça-feira, 4 de agosto de 2009

Gerard Manley Hopkins: O Falcão


Ao Cristo Nosso Senhor

Eis que avistei esta manhã o amado da manhã, delfim do
reino
da luz do dia, Falcão arrebatado pela aurora
mosqueada em seu cavalgar
No encapelado que, sob ele, firme se alisa, e ao galgar
Tanta altura, como se eleva espiralando, preso às rédeas de
uma asa ondulante,
Em seu êxtase! E então lá vai, lá vai balouçante
Qual pé de patim macio desliza em arco retesado; o
arremesso, o planar
Afrontam a ventania. Meu coração escondido, em sigilo,
Batia pelo pássaro – o alcance, a maestria daquilo!

Beleza bruta, bravura, ação, oh! altanaria, plumas,
amplidão –
Aqui concentrai-vos! E a fagulha que então de ti irromper,
um bilhão
De vezes mais amorável, mais temível, Ó meu paladino!

Nem surpreende: o arar paciente, o arado lá sob o sulco
contínuo
Faísca; e o borralho azul-pálido, ah! meu tesouro,
Ao tombar atrita-se, e abre-se em talhos vermelho-e-ouro.


Tradução de Aíla de Oliveira Gomes

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