Mostrando postagens com marcador Rafael Rosset. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Rafael Rosset. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

As grandes realizações da militância esquerdista


“Não existe algo como "esquerda democrática". A partir do momento em que você erige a igualdade material como único objetivo político, e admite a ação direta como instrumento para atingir esse objetivo, não existe nem democracia nem respeito à alteridade, na medida em que quem se opõe ao que você qualifica como BEM TOTAL só pode ser a pura expressão da maldade, da perversidade. Uma pessoa que eu considero perversa não pode ser tratada como adversária política, e sim como inimiga, e você não negocia com o inimigo, você o tratora.
Você só pode igualar pessoas que são essencialmente diferentes através da centralização política num ente que detenha poder suficiente para a consecução de seus fins, e para tanto este ente precisa ser um partido único operando num estado absoluto (como foram todos os regimes socialistas, sem exceção). Para atingir a igualdade material você pode tanto propor impostos progressivos pela renda e cotas baseadas em critérios sócio econômicos e de raça, como execução sumária e confisco de bens da "elite", mas a diferença entre essas duas proposições não é na essência, e sim no grau.
Dito isso, uma das grandes realizações da militância esquerdista foi conseguir atribuir ao inimigo (nós) todos os seus crimes e pecados. Os maiores genocídios politicamente motivados foram cometidos por regimes socialistas, mas "ditadura" é um termo impossível de ser associado à esquerda política, principalmente entre os mais jovens. Ao longo do século XX nada produziu mais fome e carestia que o socialismo, mas é ao capitalismo que se atribui o sofrimento material, onde quer que ele seja visto. Regimes socialistas SEMPRE contam com uma elite dirigente rica e parasita vivendo às custas do empobrecimento do povo, mas são os empreendedores num regime capitalista, os que geram empregos e pagam impostos, os vilanizados como exploradores do proletariado.
A segunda grande realização da militância esquerdista é a desinformação sistemática sobre o que é socialismo. Segundo o Gallup, 43% dos norte-americanos acham que o socialismo seria bom para os EUA, sendo que, destes, 25% afirmam que socialismo significa justiça social, enquanto que apenas 17% definem socialismo como propriedade estatal dos meios de produção (a definição correta). Ou seja, na cabeça de boa parte da população, numa era em que dados históricos, inclusive na forma de fotografias e vídeos dos horrores do socialismo, estão amplamente disponíveis e acessíveis, socialismo seria algo como o paraíso na Terra, enquanto que o capitalismo é nada menos que o inferno.
Todos aqueles que privilegiam a realidade empírica sobre a fabulação (ou seja, o que funciona na prática sobre as ideias brilhantes de intelectuais e "especialistas") têm a obrigação moral de denunciar esse engodo sempre que puderem.
Isso não é uma questão política, é uma questão de sobrevivência.”
(Rafael Rosset, em texto no Facebook de 02.08.2019)

sexta-feira, 19 de abril de 2019

As dificuldades para se doar ao governo no Brasil


"Sabem por que até agora já foram doados mais de 800 milhões de euros para a restauração de Notre-Dame, mas quase nada para a restauração do Museu Nacional? Eu explico:
1- Doações em dinheiro pagam até 8% de imposto no Rio de Janeiro;
2- Doações de bens e serviços (digamos que você tenha uma marcenaria ou uma empresa de construção civil e deseje doar bens de consumo ou prestar serviços gratuitamente) recolhem IPI, ICMS, PIS e Cofins;
3- Doações para universidades públicas (o Museu Nacional é administrado pela UFRJ) dependem de aprovação prévia do Conselho Técnico-Administrativo, do Conselho Deliberativo, e do Conselho Gestor, em processo administrativo que pode durar MESES; se a doação for em dinheiro, há necessidade de aprovação pela Procuradoria Geral; apesar de não haver vedação legal, as universidades em geral recusam doação de acessões artificiais (reformas) pela complexidade do processo administrativo exigido por lei;
4- Se o Procurador Geral entender que a doação implica em alguma contrapartida (por exemplo, a colocação de uma placa com o nome do doador, prática comum em todo o mundo civilizado), pode recomendar a abertura de procedimento licitatório (sim, você leu direito - se você quiser DOAR DINHEIRO AO GOVERNO PRECISA ENTRAR NUMA LICITAÇÃO);
5- Você pode contribuir pela Lei Rouanet, abatendo o valor da doação da base de cálculo do seu imposto de renda, mas isso depende da abertura de edital específico pela Secretaria de Cultura - se não há edital, não há como doar por esse caminho;
6- Não importa qual a forma escolhida, se a Polícia Federal, a Receita Federal ou o Ministério Público Federal entenderem que a sua doação importa em desvio de finalidade ou evasão fiscal, você ainda se sujeita a um processo crime, e pode ser preso por doar dinheiro ao governo.
A maior parte da diretoria do Museu Nacional é filiada ao PSOL, partido de gente que, nos últimos 40 anos, trabalhou pra criar a distopia acima descrita.
Vocês passaram a vida semeando ódio contra a "elite" e a classe média, e entuchando imposto sobre tudo o que dava. Agora, não reclamem da falta de solidariedade."
(Rafael Rosset, em postagem no Facebook de 18.04.2019)

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

A mente do coletivista


“A FSP informa que Jair Bolsonaro já nomeou metade de seus ministros, mas nenhum deles é do Norte-Nordeste. E o faz em tom de "denúncia". O autor da matéria é Gustavo Maia, o mesmo que em 5 de novembro "denunciou" que todos os membros da equipe de transição eram homens.
A mente do coletivista é interessantíssima. Extrapolando o conceito de consciência de classe, o coletivista do século XXI só consegue raciocinar em termos de grupos, categorias ou classes. A sociedade, assim, seria o ajuntamento não de indivíduos e famílias, mas de milhares de pequenos sindicatos de gente que nunca se viu nem se conheceu, mas que rema unida pelo fato de partilharem não só uma declaração de renda similar, mas também um local de nascimento, uma determinada cor de pele, um gênero ou uma orientação sexual.
Logo, o coletivista espera genuinamente que eu, sendo homem, branco, heterossexual e paulistano, direcione todos os meus atos a defender essa específica classe de seres humanos parecidos comigo, e a atacar gratuitamente qualquer um que não seja meu próprio reflexo no espelho. Assim é que o Neymar é mais rico e mais famoso que a Marta não porque em boa parte do mundo as pessoas estão mais dispostas a pagar pra assistir homens, e não mulheres, jogando futebol, e sim porque em algum momento o sindicato dos homens se reuniu e decretou em ata que, a partir daquele momento, todos iriam sabotar o esporte feminino em detrimento do masculino. E se porventura a maioria das mulheres também prefere ver o Neymar à Marta jogando, e se a maioria das mulheres vota em candidatos homens, mesmo tendo à disposição candidaturas de outras mulheres para escolher, é porque foram coagidas pelo sindicato dos homens, também conhecido por "patriarcado". Aliás, o pouco interesse que grande parte das mulheres naturalmente nutre pelos dois assuntos (futebol e política) só pode ser uma construção social, um veneno inoculado pelos homens na cabecinha de cada menina desde a mais tenra idade, cabendo aos bondosos engenheiros sociais a tarefa de "desconstruir" paradigmas forçando uma igualdade que as próprias partes supostamente beneficiadas nunca pediram.
Evidentemente o coletivista é muito seletivo quanto aos setores em que quer impor suas "cotas" de representatividade. 99% dos pedreiros são homens, mas o coletivista não tem interesse em equalizar as chances das mulheres nessa área. Interessam posições de poder apenas.
Obviamente ninguém nunca explicou a vantagem concreta de se impor representatividade em cargos de chefia. Ninguém nunca se deu ao trabalho de elaborar porque uma mulher, um negro, ou um gay, ou qualquer membro de qualquer minoria imaginável, é objetivamente um líder melhor que, digamos, um homem branco. Trata-se de um daqueles truísmos politicamente corretos que você deve aceitar bovinamente como auto-demonstrável, e evitar questionar a menos que queira ser taxado como misógino, supremacista branco ou homofóbico.
Se tivesse que escolher, o coletivista preferiria afundar o país com um governo que representasse as minorias de acordo com o censo do IBGE, que prosperar com um governo em que as minorias que ele cafetina não estivessem representadas, ainda que, na prática, essas minorias fossem beneficiadas por essa prosperidade. O gabinete de Trump, por exemplo, é composto por 16 pessoas, sendo 15 secretários (equivalentes aos nossos ministros) e mais o vice-presidente. 4 são da Florida, 2 são de Indiana, só um é da California (o estado mais rico) e não há ninguém de Nova Iorque ou do Texas, também estados ricos e populosos. Apenas 3 são mulheres, a despeito de elas serem 51% da população. Apenas um é negro, apesar de 12% da população daquele país ser negra. Mas gente comum está pouco se lixando se os secretários de Trump são homens, mulheres ou cosplays do Pablo Vittar, porque a taxa de desemprego do país é a menor em 49 anos, as Forças Armadas estão sendo reequipadas com um orçamento extra de US$ 700 bilhões e o crime está em franca queda.
TODOS estão vivendo melhor, e pra gente normal é isso que interessa. Menos para os engenheiros sociais. Esses não vão descansar enquanto não formos todos iguais. Mesmo que pra isso precisemos nos tornar igualmente miseráveis.”
(Rafael Rosset, em postagem no Facebook de 21.11.2018)