“No texto de Gustavo Barroso publicado, "A Maçonaria", o notável Historiador cita documentos que desmentem a costumeira falácia maçônica de que a Ordem não se mete em política, bem como confirmam o caráter internacionalista da seita. Mas, como certamente vai aparecer algum bisonho dizendo que isso foi no passado, que hoje a maçonaria é boazinha, que só cuida de filantropia, serão transcritos abaixo trechos de um Livro português mais recente - é de 1998 -, que comprovam as afirmações de Barroso.
As passagens foram retiradas da Obra de A. H. de Oliveira Marques, A Maçonaria em Portugal. Lisboa: Gradiva/Fundação Mário Soares, 1998, 119 páginas. Colecção Cadernos Democráticos, Valores, Volume 6.
Os Políticos maçons não são representantes dos seus eleitores, nem dos Partidos em que estão formalmente filiados, mas, das Lojas:
“Dos 20 ao 90 anos, todo o maçon consciente sabe que pode e deve aprender com seu irmão maçon e aceita com abertura e humildade todos os ensinamentos e correctivos que sobrevierem da expressão das suas opiniões. Não é por mera disciplina ou simples eufeudamento hierárquico que os governantes maçons devem submeter projectos importantes de leis e outros actos governativos à apreciação dos seus confrades. É porque têm a certeza de que aí colherão, sem lisonja e com sinceridade, meios de aperfeiçoar a obra que visam. Cada loja maçónica surge assim como uma pequena assembleia de base onde o dirigente – na realidade, representante seu – constantemente se apoia, na busca da melhor fórmula para o bem de todos”. (p. 9)
O internacionalismo é um “dogma” maçônico, sendo o conceito de Nação transitório, devendo um dia ser superado, portanto, entre a “fraternidade” maçônica e a fidelidade à Pátria, o maçon deverá ficar com a Ordem:
“Através do ritual, que inclui vocabulário próprio e sinais de reconhecimento específicos, um maçon português pode contactar com um maçon japonês e receber dele ou transmitir-lhe ajuda e apoio de qualquer género. De facto, um dos deveres mais importantes do maçon, inserto nas Constituições do mundo inteiro, consiste em reconhecer como irmãos todos os maçons, tratá-los como tais e prestar-lhes auxílio e protecção, a suas viúvas e filhos menores. A história da Maçonaria está cheia de casos que provam o geral cumprimento deste dever.
“O internacionalismo da Ordem Maçônica estabelece-se através das Nações ou Estados politicamente constituídos. (...)”
“Não quer isto dizer que a Maçonaria aceite a Nação como realidade última da organização da Humanidade. Tal equivaleria a contradizer o princípio da fraternidade universal e da existência de uma única família na face do globo. (...) “A Nação é a escola presente para a super-Nação futura”. Em caso de conflitos entre nações o maçon encara sem dúvida problemas de difícil resolução. Mas, se for obrigado, sem quaisquer sofismas nem disfarces, a optar entre a fraternidade com seus irmãos de outro país e a fidelidade à sua Pátria, ele deverá escolher a primeira.(...)” (p. 10 e 11)
A infiltração maçônica:
“Ao sobrevirem as Revoluções Americana e Francesa, os pedreiros-livres eram já muitos milhares. Mas a acção directa da Ordem na feitura dos movimentos revolucionários não está comprovada documentalmente. A Maçonaria actuou por trás, nos bastidores, sobre o ideário e a actividade dos muitos pedreiros-livres que, integrados noutras organizações mais pragmáticas, lutaram seguindo a via revolucionária e política. Os ideais das Revoluções Americana e Francesa haviam sido, de facto, pensados, teorizados e expostos muito antes delas. E assim iria suceder, quase sempre nas interligações Maçonaria-História. Prefiguração maçónica de ideais e de acções historicamente relevantes, encontramo-la desde a Revolução Americana ao movimento francês de Maio de 1968. Ligação directa entre Maçonaria e esses movimentos, raras vezes é possível detectá-la. Desde sempre, a acção maçónica exerceu-se nos indivíduos e não nos organismos”. (p. 24 e 25)
“Uma das perguntas que vulgarmente se faz é de que maneira actua a Maçonaria no mundo profano. A resposta é simples: em grande parte através de instituições que fomenta, cria ou dirige mas que têm a sua vida própria, desligada da vida maçónica interna. Não interessa à Maçonaria que, nestas instituições, todos os membros lhe pertençam. Pelo contrário, prefere que alguns ou muitos lhe sejam alheios, para que a relacionação com o mundo profano se mostre tão grande quanto possível. Basta-lhe assegurar que o espírito de tais instituições se mantenha maçónico e que, se possível, a orientação geral ou, pelo menos, um certo controle, estejam nas mãos de maçons. O número de instituições deste tipo, a que chamaremos paramaçónicas, é grande. (...)” (p. 65)
Eis em que consiste a tão propalada beneficência maçônica:
"Mas cultura e beneficência requerem um enquadramento político. A maçonaria não faz política partidária; faz, no entanto, política no melhor sentido da palavra, identificando política com intervenção no mundo profano visando o melhoramento da sociedade. E faz política sempre que é necessário lutar pela tolerância, pela liberdade, pela igualdade e pela fraternidade, contra o fanatismo, a intolerância, a opressão, enfim. Neste caso, intervir na política não constitui apenas um direito da Maçonaria; constitui um autêntico dever". (p. 68 e 69)
Tomei a liberdade de grifar (negrito) algumas partes. Que cada Leitor tire suas próprias conclusões.”
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