“No final da Segunda Guerra Mundial, a Áustria foi dividida em quatro zonas ocupadas pelos aliados: americanos, ingleses, franceses e russos. Os russos controlavam a parte que incluía a capital, Viena, a mais industrializada e rica em recursos naturais; era portanto de grande interesse para Moscou, que para lá enviou um contingente enorme de tropas.
Em 25 de novembro de 1945, as eleições que se realizaram em todo o país resultaram em retumbante derrota para os comunistas, que ganharam somente 4 cadeiras de um total de 165. Apesar disso,
A Voz do Povo, o jornal do partido, comentava: “Perdemos uma batalha, mas estamos apenas no começo da guerra na Áustria, e essa guerra nós vamos vencer.” De fato, a pressão na zona ocupada cresceu constantemente, acompanhada de assassinatos e saques, confirmando as intenções de Moscou em anexar definitivamente o país.
Foi então que um sacerdote franciscano interveio, o Pe. Petrus Pavlicek (1901-82). Retornando do cativeiro em 1945, ele fez uma peregrinação de ação de graças a Mariazell, a
Magna Mater Austriae, a mãe amorosa da Áustria. Em suas orações, enquanto perguntava a Nossa Senhora o que ele poderia fazer para ajudar seu país, ouviu uma voz interior que lhe disse: “Faça como lhe digo: reze o rosário todos os dias e haverá paz.”
Após um ano de reflexão, em 2 de fevereiro de 1947 ele iniciou uma cruzada do rosário por reparação no espírito de Fátima, com os seguintes objetivos: reparação pelas ofensas a Deus, a conversão dos pecadores, paz e salvação para o mundo e especialmente para a Áustria. Um ano depois, em 1948, 10.000 pessoas estavam alistadas na cruzada de oração, inclusive o Chanceler Figl, o principal político do país. Os fiéis prometeram rezar o rosário em casa pela libertação do país, recitações públicas foram organizadas nas igrejas, e procissões de várias centenas e às vezes milhares de pessoas rezando o rosário eram vistas nas cidades e vilas.
Em 1949 a situação tornou-se cada vez mais crítica, e cresceu a ansiedade quando se soube o que havia acontecido nos países vizinhos: a Tchecoslováquia e a Hungria haviam caído nas mãos dos comunistas, e a Igreja estava sendo perseguida; o Cardeal Mindszenty fora julgado e condenado. Quando novas eleições se aproximaram na Áustria, o Pe. Petrus resolveu intensificar a cruzada: cinco dias de preces públicas foram organizados. Em Viena, confissões eram ouvidas dia e noite, e 50.000 pessoas visitaram o convento franciscano. O resultado foi que os comunistas só ganharam cinco cadeiras nas eleições. Mas eles não tinham a intenção de desistir tão fácil e todos já esperavam um golpe de estado.
Pio XII disse a outro sacerdote austríaco durante uma audiência privada: “Viena é o último baluarte da Europa. Se Viena cair, a Europa cairá. Se Viena resistir, a Europa resistirá. Os católicos de Viena não têm o direito de ser medíocres. Diga-o repetidamente aos vienenses. E diga-lhes que o papa está rezando muito, sim, que ele está rezando bastante pela Áustria.”
Foi então que o Pe. Petrus organizou um novo encontro de oração de três dias em Viena, que terminou a 12 de setembro, festa do Santo Nome de Maria, um grande dia de júbilo na Áustria por celebrar a vitória de Sobieski sobre o Islã. O Pe. Petrus resolveu organizar uma grande procissão do rosário no centro da cidade. O arcebispo de Viena mostrava-se reticente. Ele temia que os católicos não se mobilizassem, tanto já se havia pedido deles. Mas o Chanceler Figl disse: “Mesmo que haja apenas dois, eu estarei lá. Pelo nosso país, vale a pena.” Compareceram 35.000 pessoas, com o Chanceler Figl à frente, terço e vela à mão.
Foi na hora certa, pois no fim do mês os comunistas tentaram um golpe militar. Eles proclamaram uma greve geral; a Chancelaria Geral foi ocupada. Mas os sindicatos anti-comunistas lançaram seus membros, armados de paus, em uma contra-ofensiva. A greve foi dissolvida e o golpe revolucionário falhou. À época, a cruzada do rosário contava com 200.000 membros.
No entanto, em Berlim, Molotov, o ministro russo das relações exteriores, ridicularizava o Chanceler Figl: “Não tenham esperanças. O que os russos uma vez possuímos, nós jamais entregamos.” O Chanceler Figl transmitiu ao Pe. Petrus: “Rezem mais do que nunca”.
O Pe. Petrus continuou a percorrer o país recrutando novos membros para a cruzada. Em abril de 1955, a cruzada contava com 500.000 membros. O chanceler à época, Raab, foi chamado a Moscou. Ele se preocupava com o que iria acontecer. Foi recebido no dia 13 do mês. Na noite da entrevista, escreveu em seu diário: “Hoje, um dia de Fátima. Os russos ainda estão endurecidos. Oração à Mãe de Deus para que ela ajude o povo austríaco.”
Humanamente falando, estava tudo perdido. Mas é justo nesses momentos que Deus intervém quando se manteve a fé e perseverou-se na oração. E, de fato, em maio de 1955 deu-se um milagre. Ao contrário de todas as expectativas, Molotov subitamente concedeu a independência à Áustria. Depois de dez anos de lutas e esforços, a ameaça vermelha, sem qualquer problema, desapareceu no ar como se ao toque de uma varinha mágica. O último soldado russo deixou a Áustria em 26 de outubro de 1955, mês do rosário. Desde então a data tornou-se um feriado nacional na Áustria.
Uma grandiosa cerimônia de ação de graças foi organizada em Viena na Praça dos Heróis na presença de personalidades políticas e religiosas. Todos os discursos proclamavam a Virgem do Rosário como a causa da vitória.”
(Pe. Marie-Dominique, O.P,
Great Historical Victories of the Rosary)
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