“Carl Schmitt foi um notável filósofo católico de política e jurista que exerceu uma grande influência no pensamento político e que também apoiou o governo do Terceiro Reich após a sua fundação. Seu mais famoso livro foi O Conceito do Político, embora ele seja também o autor de inúmeros outros trabalhos, tais como Teologia Política e A Crise da Democracia Parlamentar.
O “político”, para Schmitt, era um conceito distinto da política no sentido normal do termo, e baseado na distinção entre “amigo” e “inimigo”. O político existe onde quer que exista um inimigo, um grupo que seja diferente e defenda diferentes interesses, e com quem haja uma possibilidade de conflito. Este critério inclui tanto os grupos fora do estado como os dentro do estado, e portanto tanto a guerra interestadual como a guerra civil são levadas em consideração. A população pode ser unificada e mobilizada por meio do ato político, no qual um inimigo seja identificado e combatido.
Schmitt também defendia a prática da ditadura, que ele distinguia da “tirania”. A ditadura é uma forma de governo que é estabelecida quando um “estado de exceção” ou emergência exista no qual seja necessário contornar lentos processos parlamentares a fim de defender a lei. Segundo Schmitt, o poder ditatorial está presente em qualquer caso em que um estado ou líder exerça o poder independentemente da aprovação das maiorias, não importando se o estado é ou não “democrático”. Soberania é o poder de decidir o estado de exceção, e assim, “soberano é quem decide sobre a exceção”.
Schmitt ainda criticou a democracia parlamentarista ou liberal arguindo que a base original do parlamentarismo – que defendia que a separação de poderes e o diálogo aberto e racional entre as partes resultaria em um estado plenamente funcional – era de fato negada pela realidade da política de partidos, na qual líderes de partidos, coalizões, e grupos de interesse tomavam decisões a respeito de políticas sem qualquer discussão. Outro argumento notável feito por Schmitt é que a verdadeira democracia não é a democracia liberal, na qual uma pluralidade de grupos é tratada igualmente sob um único estado, mas um estado unificado e homogêneo no qual as decisões dos líderes exprimem a vontade do povo unificado. Nas palavras de Schmitt, “Toda verdadeira democracia descansa sobre o princípio de que não apenas serão tratados igualmente os iguais, mas também que os desiguais não serão tratados igualmente. A democracia requer, portanto, primeiro homogeneidade e depois, se surge a necessidade, a eliminação ou erradicação da heterogeneidade.”
(Lucian Tudor,
The German Conservative Revolution & Its Legacy)