quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Ernst Jünger e a mobilização total

"Ernst Jünger é bem conhecido por seu trabalho sobre o que ele via como os efeitos positivos do estado de guerra e das batalhas, dos quais teve experiência na Primeira Guerra Mundial. Jünger rejeitava a civilização burguesa do conforto e da segurança, que ele via como fraca e moribunda, em favor do endurecimento e da "magnífica" experiência de ação e aventura na guerra, que transformaria um homem do mundo burguês em um "guerreiro". O tipo guerreiro lutava "contra a eterna Utopia da paz, a busca da felicidade e da perfeição." Jünger acreditava que a crise e a inquietação depois da Guerra Mundial eram essencialmente algo bom.
Em seu livro Der Arbeiter, o "guerreiro" era seguido pelo "trabalhador", um novo tipo que se tornaria dominante depois do fim da ordem burguesa. Jünger tinha percebido que a tecnologia moderna estava mudando o mundo; o homem individual estava perdendo sua individualidade e liberdade em um mundo mecanizado. Ele antecipou uma sociedade na qual as pessoas aceitariam a anonimidade nas massas e o serviço obediente ao estado; a população passaria por uma "total mobilização". Citando Jünger:
"A total mobilização é bem menos consumada do que ela se consuma; em guerra e paz, ela expressa a afirmação secreta e inexorável à qual nossa vida na era das massas e máquinas nos sujeita. Assim se dá que cada vida individual se torna, cada vez mais inequivocamente, a vida de um trabalhador; e que, seguindo as guerras dos cavaleiros, reis, e cidadãos, nós temos agora as guerras dos trabalhadores. Este primeiro dos grandes conflitos do século vinte nos ofereceu um pressentimento tanto de sua estrutura racional como de sua falta de misericórdia."
A aceitação por Ernst Jünger da tecnologia no estágio "trabalhador" coloca-se de alguma forma em contraste com a posição tomada por seu irmão, Friedrich Georg Jünger, que escreveu críticas à civilização tecnológica moderna (embora Ernst tenha mais tarde na vida concordado com esta visão). Ernst Jünger mais tarde mudou em suas atitudes durante a Segunda Guerra Mundial, e depois disso quase inverteu sua inteira visão de mundo, elogiando a paz e o individualismo; uma mudança que não veio sem crítica por parte da Direita."
(Lucian Tudor, The German Conservative Revolution & Its Legacy)