terça-feira, 17 de março de 2020

Que valor têm os cardeais ‘conservadores’?


“Um fato recente e revelador:
O cardeal Raymond Burke devia celebrar uma missa em latim antigo no dia 15 de fevereiro na catedral de Ostuni, na Itália.
Então a diocese de Brindisi começou a intrigar, conforme noticiou o site LaNuovaBq.it.
O reitor da catedral exigiu que a missa fosse celebrada em privado e a portas fechadas. Somente os organizadores, alguns empresários, foram autorizados a participar.
Foi aí que Burke decidiu cancelar a missa.
Este fato, trivial em si, revela o estado de espírito dos bispos ‘conservadores’. Não é assim que um combatente da Fé como Monsenhor Lefebvre teria agido. Relembremos brevemente este estado de espírito do mundo rallié:
1º Eles não querem seguir plenamente a Tradição.
2º Eles querem estar em obediência.
3º Eles querem estar na legalidade (situação canônica regular); estar livres de censura.
4º Eles querem estar na Igreja; a Igreja é visível.
5º Eles querem trabalhar na ‘Igreja’ para que a Tradição recupere seu direito de cidadania.
6º Eles querem se opor ao ‘espírito de partido’ e ao ‘cisma’.
Monsenhor Lefebvre respondeu na teoria e na prática a todas essas objeções:
1º Seguir plenamente a Tradição consiste em conservar a fé, denunciar os erros, preservar a missa antiga por motivos de fé, rejeitar o Concílio em razão de sua oposição ao reino de Jesus Cristo. Os ralliés querem apenas se concentrar na missa e no catecismo... e ao final eles abandonam até a Missa quando ela prejudica a unidade pastoral da diocese!
2º Mons. Lefebvre lembra os fundamentos da verdadeira obediência: ‘Não é isso que nos ensina a lei natural, nem o Magistério da Igreja. A obediência supõe uma autoridade que dá ordens ou promulga leis. Até as autoridades humanas, instituídas por Deus, têm autoridade apenas para atingir a meta designada por Deus e não se desviar dela. Quando uma autoridade usa seu poder contra a lei pela qual esse poder lhe é concedido, ela não tem direito à obediência e é preciso desobedecê-la.’ Mons. Lefebvre teria obedecido ao bispo de Brindisi nessas condições?
3º O argumento de legalidade é baseado em uma desordem. O que pertence à Igreja é antes de mais nada a fé, a adesão a todas as verdades ensinadas pela Igreja. A lei, o direito canônico (o de 1917, é claro!) está a serviço da fé e da santificação das almas, e não o inverso. O cardeal Burke abandona o combate da Fé para obedecer ao bispo local.
4º Argumento para permanecer na Igreja visível. Mons.Lefebvre: ‘Esta história de Igreja visível de Dom Gérard e de M. Madiran é infantil. É inacreditável que se possa falar de Igreja visível para a Igreja Conciliar, em oposição à Igreja Católica, que estamos tentando representar e continuar. Eu não disse que somos a Igreja Católica. Eu nunca disse isso. Ninguém pode me acusar de alguma vez ter querido me considerar um papa. Mas nós realmente representamos a Igreja Católica tal como ela era antes, porque continuamos a fazer o que ela sempre fez. Somos nós que temos as notas da Igreja visível: a unidade, a catolicidade, a apostolicidade, a santidade. É isso que torna a Igreja visível.’ (Mons. Lefebvre, Fideliter No. 70, p. 6)
5º Trabalhar na Igreja? Existem duas ilusões: a ilusão de estar na Igreja Católica permanecendo na Igreja Conciliar, sujeito aos bispos modernistas que se afastam da fé católica; e a concepção errônea de autoridade: não é o inferior que tem poder de mudar algo na Igreja, mas o superior.
6º Opor-se ao espírito de cisma? Quanto a esta objeção, ela só existe para os que não conhecem a diferença entre a desobediência necessária a uma autoridade e a recusa de reconhecer esta autoridade pelo que é (como fazem os sedevacantistas). Desobedecer ao Papa não é se separar da Igreja, é preciso juntar outra coisa: constituir-se sua própria autoridade independente. Mons. Lefebvre nunca quis constituir ou criar uma igreja paralela. Ele não se cansava de repetir que seus bispos e padres não tinham jurisdição ordinária...
Para concluir sobre essa Missa anulada pelo Cardeal Burke em Brindisi, Mons. Lefebvre, de sua parte, a teria mantido firmemente, mesmo que isso significasse celebrá-la em frente à catedral ou em um estádio! Esta é a diferença entre os combatentes da Fé e os liberais.”

Original em: https://cristiadatradicinalista.blogspot.com