segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Discurso de Anacleto González Flores, mártir


“Muitos católicos desconhecem a gravidade do momento e sobretudo as causas do desastre, ignoram como os três grandes inimigos, o Protestantismo, a Maçonaria e a Revolução, trabalham de maneira incansável e com um programa de ação alarmante e bem organizado.
Estes três inimigos estão vencendo o Catolicismo em todas as frentes, a toda hora e de todas as formas possíveis. Combatem nas ruas, nas praças, na imprensa, nas oficinas, nas fábricas, nos lares. Trata-se de uma batalha generalizada, têm desembainhada sua espada e mobilizados seus batalhões em todos os lugares. Isto é um fato. Cristo não reina na via pública, nas escolas, no parlamento, nos livros, nas universidades, na vida pública e social da Pátria. Quem reina ali é o demônio. Em todos aqueles ambientes se respira o hálito de Satanás.
E nós, que fazemos? Nos temos contentado com rezar, ir à igreja, praticar alguns atos de piedade, como se isso bastasse “para obstaculizar toda a imensa conjuração dos inimigos de Deus”. Temos-lhes deixado tudo mais, a rua, a imprensa, a cátedra nos diversos níveis de ensinamento. Em nenhum desses lugares encontraram uma oposição séria. E se algumas vezes temos atuado, o temos feito tão pobremente, tão raquiticamente, que se pode dizer que não temos combatido. Cantamos nas igrejas, mas não cantamos a Deus na escola, na praça, no parlamento, removendo Cristo por medo do ambiente.
Reduzir o Catolicismo a oração secreta, a queixa medrosa, a temor e espanto diante dos poderes públicos quando estes matam a alma nacional e esfolam em plena via a Pátria, não é somente covardia e desorientação desculpável, é um crime histórico religioso, público e social, que merece todas as execrações.
... As almas sofrem de apequenamento e de anemia espiritual. Tornamo-nos mendigos, renunciando a ser donos de nossos destinos. Desalojaram-nos de todas as partes, e tudo abandonamos.
Até agora quase todos os católicos não temos feito outra coisa que pedir a Deus que Ele faça, que Ele atue, que Ele realize, que faça algo ou tudo pela sorte da Igreja em nossa Pátria. E por isso nos temos limitado a rezar, esperando que Deus haja. E tudo isso sob a máscara de uma suposta “prudência”. Precisamos da imprudência da ousadia cristã.
Mais ainda, não são poucos os católicos que se atrevem a chamar imprudente quem sabe afirmar seus direitos em presença de seus perseguidores. É necessário que esta situação de isolamento, de afastamento, de dispersão nacional, termine de uma vez por todas, e que com a maior brevidade se pense já de uma maneira séria em que sejamos todos os católicos de nossa Pátria não um monte de partículas sem união, mas um corpo imenso que tenha um só programa, uma só cabeça, um só pensamento, uma só bandeira de organização para fazer frente aos perseguidores.”