segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Jacques Plocard d’Assac: História da loja maçônica B'nai B'rith


"New York, 1º de outubro de 1843. No Café Sinsberner, onze judeus imigrados da Alemanha fazem uma misteriosa reunião. Trata-se de criar uma obediência maçônica reservada exclusivamente aos judeus.
A concepção não deixa de ser curiosa. Com efeito, a franco-maçonaria se proclama por cima de todas as religiões e de todas as raças; portanto não parece impossível que os judeus possam iniciar-se em alguma das lojas maçônicas existentes. Parece, contudo, que neste ambiente do século XIX não estava ausente certo racismo na sociedade protestante norte-americana. Um pouco por todos os lados se encontram inscrições discriminatórias indicando: "só se admitem cristãos" ou "a clientela judia é indesejável". A questão é que os onze judeus do Café Sinsberner desejavam uma obediência maçônica reservada aos judeus unicamente. Sem dúvida haviam medido o interesse que poderia haver em contar com uma sociedade secreta a sua disposição exclusiva. Ademais, devem buscar um nome. De início o grupo era chamado Bruder Hundes – ou União Fraternal – mas logo vão encontrar um melhor: será o de B'nai B'rith.
É interessante saber como se chega a ele. B'nai vem da raiz hebraica Ben que significa "filho" mas que pode significar também "príncipe, habitante, comunidade, discípulo". Quanto a B'rith, que originalmente tinha o sentido de parte de animal nos sacrifícios rituais, derivou depois no de "tratado, aliança, promessa". A expressão completa significa portanto: os Filhos da Aliança, os Príncipes da Promessa, os Filhos da União. Amiúde se encontra a deformação iídiche de Bne Briss usada na Alemanha. Os judeus sefarditas, no entanto, pronunciam Beni Berith.
Eis aqui os onze fundadores providos de um nome. É indispensável supor que já eram maçons, afiliados a lojas norte-americanas, visto que elegeram um ritual que é uma mistura do rito de York com o rito norte-americano de Old Fellows. Sua primeira loja levará o nome de New-York Lodge, cujo primeiro presidente será Julius Bien, embora o fundador da obediência fosse o Irmão Henry Jones. Os B'nai B'rith de 1843 parecem ser judeus vindos exclusivamente da Alemanha e seus escritos estavam em alemão.
O êxito é veloz nesta comunidade fechada onde as notícias correm. Um ano depois de sua fundação a ordem está em condição de abrir uma nova loja em New York e uma terceira em Baltimore. Mas a B'nai B'rith tinha uma vocação internacional. Precisava responder aos requerimentos do povo judeu disperso. Já em 1849, em Cincinnati, uma loja atuará em inglês. Em 1850 existem 20 lojas B'nai B'rith nos Estados Unidos, as quais reúnem 2.218 membros no total. Começa a aparecer então o verdadeiro caráter desta maçonaria: o de ocupar-se das comunidades judias no mundo inteiro e antes de mais nada na Europa.
Em 1851 se a vê intervir frente às autoridades norte-americanas para protestar contra um tratado firmado entre os EUA e a Suíça porque certos cantões da Confederação Helvética impunham restrições aos direitos dos judeus. A B'nai B'rith era suficientemente poderosa para obter um triunfo. Em 1857 o tratado foi modificado. Dali em diante seu poder internacional não iria mais ceder, mas somente incrementar-se. A B'nai B'rith hoje em dia é membro consultor do Conselho da Europa, das Nações Unidas, da UNESCO e da OEA.
Na Europa, a B'nai B'rith até 1882, depois de haver-se propagado por toda a Alemanha – o que se explica pela origem de seus fundadores – , se havia difundido na Europa Central e Oriental: Bucareste, Praga, Constantinopla, Viena, Cracóvia. Em 1905, já se encontram lojas na Basiléia e em Zurique, em 1912 em Copenhague e em 1923 em Haia e Amsterdam. Estes nomes indicam por si mesmos que os B'nai B'rith primeiro se desenvolveram em países de forte população judia. Mas será nos EUA, contudo, onde seu poder se afirmará rapidamente. Em 1913 se os vê fundarem a Anti-Defamation League, liga contra o anti-semitismo, à maneira das organizações francesas similares LICRE e MRAP.
Na França a loja-mãe France 1151 é criada em Paris em 1932. Nos anos seguintes à "Liberation" terá por dirigente o Irmão Pierre-Jean Bloch e é através da personalidade deste último que se pode dar conta do poder oculto desta maçonaria. Pierre-Jean Bloch ocupa, em Londres, uma posição de capital importância ao redor do Gen. de Gaulle: é agregado ao gabinete particular do Chefe da "França Livre". Ali se ocupa em especial (cf. "Dictionnaire politique" de Costón, t. 1) dos serviços políticos: depuração, luta contra os petainistas, serviços secretos gaullistas. Na Argélia ocupa o cargo de delegado geral do Interior. De Gaulle em seu regresso à França o encarrega da liquidação dos bens da imprensa interdita. Finalmente, nos diz Costón, "funda e dirige uma agência de publicidade encarregada da distribuição do Orçamento de Israel".
Os B'nai B'rith durante o século XX exerceram, especialmente nos EUA, um papel político importante. Um deles, Samuel Rosenman, será, simultaneamente, presidente dos B'nai B'rith do Estado de New York e conselheiro íntimo do Irmão Roosevelt para quem, diz-se, preparava amiúde documentos e discursos. E continuará desempenhando o mesmo papel com o Irmão Truman.
Qual é o objetivo da Ordem?
O Guide Juif de France o resume assim: unir os judeus "por seus mais altos interesses e os da Humanidade" e mais precisamente "defender o patrimônio religioso e espiritual por uma ação educativa e cultural coerente especialmente entre os jovens e, consequentemente, reagir quando assim convenha contra as tendências assimiladoras". O qual é perfeitamente louvável do ponto de vista judeu.
A loja France 1151 havia sido fundada por um advogado russo, Henri Sliosberg, nascido em Mir e que fora deputado na Duma, refugiando-se depois na França quando o Irmão Kerensky deixou finalmente, por sua política liberal, a porta aberta para que os bolcheviques ficassem com o poder. Iniciado na maçonaria russa imigrada à França em 1921, foi depois fundador das lojas Astrée Hermés, Gamoione e Lotus do rito escocês. A loja France 1151 se instalou em Paris na rua Rembrand 6. Rapidamente se difundiu a tal ponto que as novas lojas tiveram que reunir-se em uma União das associações francesas B'nai B'rith. Destaquemos entre elas uma loja, Zadoc Kahn, fundada em 1963 e um capítulo, Anne Franck, criado em 1964. Conhecem-se lojas provinciais em Belfort, Clermont-Ferrand, Colmar, Granoble, Lille, Lyon, Marselha, Metz, Mulhouse, Nancy, Nice, Estrasburgo, Troyes e Villeurbaine. Os B'nai B'rith são mais de 500.000 iniciados espalhados em uma cinquentena de países. O orçamento anual da Ordem foi estimado em 1976 em cerca de 20 milhões de dólares.
Resta-nos ver, entretanto, quais são as ligações existentes entre esta maçonaria e a maçonaria comum. O grande historiador Bernard Lazare, em seu livro L’Antisemitisme, assegura que no berço mesmo da maçonaria já havia judeus, que se os torna a encontrar no século XVII "ao redor de Weishaupt e Martínez de Pasqualis, um judeu de origem portuguesa" que organizou numerosas sociedades secretas na França. Para Bernard Lazare, a maçonaria representa os dois costados do espírito judeu: o racionalismo prático e o panteísmo. Assim é que se congratulava de que os enciclopedistas e os jacobinos "apesar de sua oposição, chegaram ao mesmo resultado, isto é: ao debilitamento do cristianismo".
A revista maçônica “Le symbolisme” em 1962 escreve que o primeiro papel dos franco-maçons "será glorificar a raça judia que guarda inalterável o depósito divino da ciência. Por isso é que se apoiarão nela para apagar as fronteiras".
É conhecida, igualmente, uma curiosa declaração do Rabino Irmão Magnin, aparecida em B’nai B’rith Magazine, vol. XXIII, p.8: "Os B'nai B'rith são um mal necessário. Em todo lugar onde a maçonaria confessar sem perigo que é judia tanto por natureza como por seu fim, as lojas comuns bastam para essa tarefa".
Esta identificação entre as finalidades judias e maçônicas não é recente. Faz mais de um século a Varieté lsraelitéen 1631, t. V, p. 74, declarou que "o espírito da maçonaria é o espírito do judaísmo em suas crenças fundamentais, suas idéias, sua linguagem, quase sua organização". "O advento dos tempos messiânicos verá o coroamento desta maravilhosa casa de oração de todos os povos dos quais Jerusalém será o centro e símbolo triunfante". Trata-se de uma idéia que se voltará a encontrar sem dúvida na grande reunião das religiões em Assis, onde se a poderá meditar nas palavras de Elias Eberlin em Les juifs d’aujourd’hui: Israel cumpre inexoravelmente "sua missão histórica de redenção da liberdade dos povos, o messias coletivo dos direitos do homem". Estas fórmulas e estas idéias, tradicionalmente no judaísmo, recordam recentes diretrizes romanas convidando os católicos a "preparar o mundo para a vinda do Messias agindo em conjunto com os judeus pela justiça social" (cf. Present 29-6-1985 e Jean Madiran: La question juive dans l’Eglise. Em: Itineraires, 31 de março de 1986).
Não se pode permanecer indiferente ao fato de que várias personalidades da B'nai B'rith se encontrem na origem das reformas propostas ao Concílio Vaticano II com vista a modificar a doutrina tradicional da Igreja em relação ao Judaísmo. Entre elas há que reter especialmente a presença do Irmão Label Katz, a mais alta autoridade da Ordem. Se, segundo o presidente norte-americano das B'nai B'rith, a missão da Ordem é a manutenção da "continuidade judia", não se pode dizer que serviria igualmente bem à "continuidade católica", a qual não é certamente sua missão."

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