domingo, 2 de junho de 2019

Por que a FSSPX está errada sobre a carta contra as heresias do Papa Francisco

“A FSSPX escreveu uma declaração sobre a carta, mencionada aqui várias vezes, que pede aos bispos que convidem Francisco a se retratar de suas muitas heresias ou o deponham. A declaração é bastante crítica. Penso que seja, também, um grande erro.
A Fraternidade obviamente ressalta as muitas heresias deste Pontificado. Eles destacam que Francisco é o resultado de um movimento, o Vaticano II, que vem acontecendo há décadas. Mas então eles condenam a carta baseados no argumento de que as chances de sucesso são inexistentes, e que os bispos destinatários não são suficientemente instruídos e afinal de contas não desejam agir.
Com este raciocínio, minha pergunta à FSSPX é por que eles mesmos pensam que deveriam existir, para início de conversa. A probabilidade de o Colégio dos Cardeais (para não falar dos bispos do mundo inteiro) se converter ao Catolicismo Tradicional é ainda menor que a probabilidade de eles acusarem o Papa de heresia.
Se é suficiente orar e não fazer nada, esperando que Deus modifique a situação, então a FSSPX poderia da mesma forma se dissolver e explicar a todos seus seguidores que “é bastante provável, até mesmo certo, que a maior parte dos bispos não irá reagir” a seu convite de abandonarem as inovações do Vaticano II.
Nem pode a FSSPX dizer, em sua defesa, que agem esperando que futuras gerações voltarão à sanidade; porque isto é exatamente o que os signatários da carta estão fazendo.
O princípio básico, que escapa completamente aos autores da declaração, é que as coisas são feitas porque são corretas. A probabilidade de sucesso não está aqui nem ali. Não consigo imaginar Atanásio, ou os guerrilheiros franceses lutando contra a ocupação nazista, ou tantos guerreiros em tantas guerras, físicas e espirituais, pensando na “probabilidade de sucesso” como elemento decisivo para lutar ou não.
Quando o Arcebispo Lefebvre se recusou a fechar seu seminário, ou quando nomeou seus bispos, ele assim o fez porque era a coisa correta a fazer. Esta foi a luz guia por trás das decisões que foram, de certo modo, inéditas na história da Igreja. Mas se olharmos para o mundo, não podemos certamente dizer que a FSSPX tem sido um “sucesso”, pois quase cinquenta anos depois a Igreja só ficou mais corrupta. Será que devemos, então, dizer, a respeito da FSSPX, que “o fracasso de uma tal iniciativa ridicularizou o autor (Lefebvre) e sua causa”?
Certamente que não.
Você faz o que tem que fazer. Se o resultado é zero nesta época em que vivemos, o céu ainda perceberá a ação. Além disso, todas estas iniciativas são como o fermento que, com a graça de Deus, trará resultados algum dia.
Um dia, a história vai registrar que vozes corajosas se levantaram exigindo ação em vista do espetáculo impressionante de um Papa herético. Eles saberão que nem todos ficaram silentes, e nem todos estavam prontos para aceitar a passividade dos bispos. Eles saberão que os assinantes da carta, com todos seus simpatizantes, quiseram desmascarar a vergonha da passividade de seus bispos para todas as futuras gerações. Eles saberão que tais iniciativas querem dar testemunho de que a Igreja é indefectível e, quaisquer que sejam os problemas, sempre haverá aqueles que permanecem leais à verdadeira fé.
Isto é, mais uma vez, o raciocínio por trás da existência mesma da FSSPX. Que eles a critiquem, e cheguem ao ponto de dizer que esta iniciativa “pode ridicularizar os autores e sua causa” é profundamente infeliz e deveria, se me perguntam, ser causa de um profundo constrangimento dentro da organização.
A FSSPX não deveria criticar esta carta. Eles deveriam ser os que a escreveram.
Não com alguma esperança de “sucesso”, é claro. Mas a fim de dar testemunho às futuras gerações da luta dos fiéis, e da vergonha dos mercenários.”

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