terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Otimismo ou esperança


"Diante das situações terrivelmente difíceis que são vividas na Igreja submersa em uma apostasia quase absoluta; da família que deixou de ser a célula básica de nossas sociedades para passar a ser agentes instrutores das perversidades impostas "culturalmente" pelo globalismo mediático maçônico; de nossas pátrias agonizando pelos ataques a seus excelsos valores fundacionais; e do mundo inteiro que parece a ponto de estourar; não deixa de nos surpreender continuar escutando que temos de ser otimistas. O pior no caso é que esta concepção é pregada até como um "imperativo religioso". Também se pretende que ao sermos cristãos jogamos do "lado vencedor", pelo que não temos de nos preocupar já que as coisas necessariamente se vão resolver, e que devemos pensar que, assim como os asfixiantes problemas mundiais, as difíceis situações particulares vão ter um final feliz se confiarmos adequadamente, ou rezarmos o suficiente. Cabe esclarecer então que nos referimos à pretensão de soluções puramente contingentes e mundanas.
Estas predisposições tão arraigadas no catolicismo moderno, ou melhor modernista, têm sua causa no imanentismo no qual fomos educados nas últimas décadas. E assim este otimismo que se autodenomina cristão não se apóia na realidade e na lógica sucessão dos acontecimentos, mas na ilusa pretensão de deixar a Deus as tarefas que correspondem aos homens, ou supõe que Ele suspenda as mesmas leis da natureza para estas situações que nós consideramos justas e portanto dignas da intervenção divina.
Esquecido então o realismo tomista para ser substituído pelo sentimentalismo carismático que tem raízes indubitavelmente protestantes (em tempos nos quais se homenageia Lutero no Vaticano), não admira que diante do fracasso de tão humanas expectativas, colocadas já não na Providência Divina mas em mundanos desejos, se possa chegar até ao abandono da fé por considerar que esta se fundamenta em um deus que nos decepcionou, e em casos mais extremos até levar a um desespero que pode inclusive terminar em suicídio.
É que se a Graça supõe a natureza, não resulta lógico que todas as situações terrenas se resolvam com intervenções extraordinárias de Deus (como seria o caso dos milagres), sem dar lugar à prática das virtudes na hora de enfrentar a luta cotidiana, a qual o cristão está obrigado a realizar para conseguir a eterna recompensa. Desta forma, muitas vezes cremos que só com nossas orações e boas intenções mudaremos o rumo natural dos acontecimentos e até dobraremos a vontade do malvado (chame-se este Bergoglio, Obama, Ban Ki Moon ou Rockefeller). Tudo isso dizemos sem negar de nenhuma maneira a eficácia das orações que têm que ser sempre o princípio de toda ação, e quando esta última não seja possível, até o único recurso, pondo sempre nas mãos de Deus o destino final de qualquer situação.
Esta perda de objetividade nos leva a substituir a esperança por este otimismo baseado exclusivamente em uma consideração subjetiva do que cremos que deveria acontecer. A esperança também implica um desejo, mas não perde de vista a realidade objetiva, para assim oferecer-nos as ferramentas necessárias para enfrentá-la adequadamente. Muito mais peso tem a esperança, se nos referirmos à mesma como virtude teologal, já que deste modo pomos nossos desejos na correta perspectiva ao buscar um destino transcendente, relegando os desejos imanentes a um segundo plano. Assim diz o Catecismo nº 1817: "A esperança é a virtude teologal pela qual aspiramos ao Reino dos céus e à vida eterna como felicidade nossa, pondo nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossas forças, mas nos auxílios da graça do Espírito Santo."
Então, se entendemos que temos que aspirar, antes de qualquer outra coisa, à nossa salvação eterna, bem supremo por excelência, deixaremos de lado a busca desesperada dos "acréscimos" para nos concentrarmos no que realmente importa: a busca do Reino (Mt. 6, 33). Por isso, percebemos, na postura dos eternos otimistas, que não se pede e se espera pelo que mais nos convenha confiando na Vontade Divina, mas que se quer sujeitar a vontade de Deus aos próprios desejos, sem deixar lugar a Sua Providência. E mais que resultados concretos, hoje é imprescindível pedir o auxílio da Graça para que o Espírito Santo nos fortaleça nas virtudes necessárias para não desfalecermos na batalha.
A Nova Ordem Mundial judaica operante no mundo (hoje de fato e proximamente de pleno direito) está impondo o laicismo maçônico, o materialismo tanto marxista como capitalista, o relativismo moral, e até o abandono da ordem natural para substituí-la pela desordem convencional; todos baseados em expectativas puramente mundanas a conseguir-se por meio da deusa Democracia. E nestas circunstâncias, recordo as palavras de um velho e santo cura que nos dizia que ao presenciar tantos desastres naturais, sociais, políticos e até eclesiásticos, muito se alegrava pois isso era um claro sinal de que se devia levantar as cabeças já que nossa salvação estava próxima, segundo o profetizado por Nosso Senhor (Mt. 21, 28), e por conseguinte o cumprimento da súplica que realizamos no Pai Nosso quando dizemos: "Venha a nós o Vosso Reino".
Quem continua pensando que todavia se pode conseguir uma vitória global sobre o inimigo não só põe suas expectativas em sucessos que excedem enormemente suas possibilidades, mas que ademais o distraem do combate que realmente tem à sua disposição, que é o que se leva a cabo defendendo a Verdade e vivendo n'Ela. E afinal de contas, apesar de que se nos acusa de nos conformarmos com o "pássaro na mão, de preferência a dois voando", ainda que resulte paradoxal, embarcamos em uma empresa muito mais laboriosa e humanamente perigosa mas realizável, que os que se empenham na voluntarista expectativa em prol de um "mundo feliz", preparando-se para a chuva de fogo com sombrinhas multicoloridas enquanto insistem que "sempre que choveu, parou".

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