“Em uma nova e preocupante carta aberta aos meios de comunicação, o formidável Cardeal Joseph Zen, o prelado católico de maior ranking da China, acusou o Vaticano de "trair" a Igreja, ao ceder às exigências dos líderes comunistas.
As declarações do cardeal na segunda-feira foram provocadas por relatos recentes do Vaticano pedindo que dois bispos chineses fiéis a Roma renunciassem a seus postos para dar lugar a novos bispos da Associação Patriótica, a Igreja Católica substituta na China sujeita ao Partido Comunista.
O Cardeal Zen disse que conseguiu verificar esses relatórios independentemente. O problema, escreve Zen, "não é a renúncia dos bispos legítimos, mas o pedido para dar lugar aos ilegítimos e até mesmo aos excomungados".
Um documento do Vaticano de 1988 impediu que os católicos romanos participassem dos sacramentos da Igreja Patriótica, já que a associação "rompeu todos os relacionamentos com o papa" e estaria "sob o controle direto do governo".
Em sua carta intitulada "Queridos amigos na mídia", o Cardeal Zen relata um encontro recente com o Papa Francisco no Vaticano, no qual o pontífice assegurou-lhe que não "criaria outro caso Mindszenty", referindo-se ao heróico Cardeal Arcebispo de Budapeste, que foi preso pelos comunistas e posteriormente substituído pelo Vaticano por um sucessor mais do agrado do governo comunista.
Apesar dessa "garantia", o Cardeal Zen escreve que ele é "um pessimista quanto à situação atual da Igreja na China", acrescentando que seu pessimismo "tem como base minha longa experiência direta da Igreja na China".
Informações recentes, ele disse, não fornecem motivos para mudar essa visão pessimista. "O governo comunista está estabelecendo novos regulamentos mais severos que limitam a liberdade religiosa. Eles estão agora aplicando rigorosamente os regulamentos que até agora estavam praticamente apenas no papel (a partir de 1º de fevereiro de 2018, o comparecimento à Missa no subterrâneo não será mais tolerado)", afirmou.
O cardeal de 86 anos disse que os recentes esforços diplomáticos do Vaticano para facilitar as relações com os comunistas chineses são errados, já que existe um cisma na Igreja chinesa, entre a igreja subterrânea fiel a Roma e a Associação Patriótica colaboradora.
"A 'unificação' proposta forçaria todos a essa comunidade. O Vaticano daria a bênção à nova Igreja cismática fortalecida, tirando a má consciência de todos aqueles que já são renegados por vontade própria e daqueles que se juntariam facilmente a eles", escreveu Zen.
Chegar a um acordo com um "regime totalitário" como o chinês, Zen escreveu, é como um acordo entre São José e o Rei Herodes.
"Então, estou achando que o Vaticano está traindo a Igreja Católica na China?", pergunta. "Sim, definitivamente, se eles forem na direção que é óbvia por tudo o que estão fazendo nos últimos anos e meses".
A notícia recente confirmou na mente do cardeal algo de que ele suspeitava - e sobre o qual advertia - há um ano.
Em fevereiro do ano passado, o Cardeal Zen pediu ao Papa Francisco que não fizesse um acordo com o governo chinês que minaria o sacrifício e a fidelidade dos membros da Igreja Católica subterrânea no país.
"Estamos muito preocupados porque parece que o Vaticano vai fazer um acordo muito ruim com a China", disse o cardeal na época.
O papa Francisco "é realmente ingênuo" e "não conhece os comunistas chineses", disse ele.
Além disso, "as pessoas ao seu redor não são boas de forma alguma. Elas têm idéias muito erradas. E tenho medo de que possam trair nossa Igreja subterrânea", acrescentou Zen.”
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