sábado, 26 de dezembro de 2015

A sociedade ideal é uma causa de violência ilimitada

“A sociedade ideal, aquilo que se pensa como arquétipo a partir do qual se deveria construir a sociedade real, é um fantasma da mente, é uma causa de violência ilimitada toda vez que tomada a sério. Uma sociedade real, natural, nunca se constrói, mas nasce ao ocorrerem todas as condições para a sua geração. E de modo análogo ao fato do começo de sua existência ser um nascimento, seu desenvolvimento é um crescimento e seu final uma morte (morte que, por mais que se tente evitar mediante artifícios ou se oculte com uma maquiagem rebuscada, acontece como efeito, muitas vezes, da violência derivada das tentativas de fazê-la seguir um modelo).
Na busca de seu bem real, é sempre possível aos homens uma maior perfeição, ou o descobrimento de novas vias: esta é a chave da vitalidade das sociedades. Se se pretende, ao contrário, construir a sociedade perfeita para o homem perfeito, a única coisa que se ganha é aprisionar o homem real numa realidade opressiva. Tampouco é possível programar o desenvolvimento de uma sociedade; só se pode e deve dirigir, provendo suas necessidades naturais. A construção e programação de sociedades é um mal moderno, é uma conseqüência das concepções ideológicas do totalitarismo.”
(Juan Antonio Widow, El Hombre, Animal Político)

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