sábado, 18 de abril de 2015

Dom Tomás de Aquino: A perversão do espírito

“Desde os anos 90, o superior geral da Fraternidade e seus conselheiros mais próximos empreenderam uma tenebrosa tarefa: conduzir a Tradição aos braços da Roma modernista. Conscientes ou não da gravidade de seu crime, é isto o que fazem. Mons. Fellay destrói a obra de Mons. Lefebvre. O infantilismo de Dom Gérard, como o estigmatizou Mons. Lefebvre, retorna desta vez na caneta e no pensamento de Mons. Fellay e seus assistentes: Lendo-os – escreve este a seus confrades no episcopado (carta de 14 de abril de 2012) – pode-se perguntar seriamente se vocês crêem que esta Igreja visível cuja sede está em Roma é a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo (...)”. Mons. Fellay confunde as coisas. Mons. Fellay semeia a confusão, esquecendo as distinções que fez Mons. Lefebvre junto a tantos outros teólogos eminentes e pensadores católicos. “A Fraternidade São Pio X jamais deixou a Igreja. Ela está no coração da Igreja”, escreve com razão Mons. Tissier (Rivarol, 13 de junho de 2012). Mas Mons. Fellay foi seduzido por uma idéia que deitou profundas raízes em seu espírito. A regularização canônica deve ser obtida a qualquer preço. Isto já foi esquecido – dirão alguns. Mons. Fellay acaba de opor-se às declarações de Mons. Pozzo sobre esta questão. Pois bem, Monsenhor Fellay engana os seus. Ele oculta a verdade há anos. Nada retirou de suas afirmações. “Esta situação concreta, com a solução canônica proposta, é muito diferente daquela de 1988” – escreveu em resposta à carta de Mons. Williamson, Mons. Tissier e Mons. de Galarreta.
Mas tudo isto está no passado, repetirão os partidários de Mons. Fellay. Mas então por que o Pe. Alain Nely disse a uma superiora de um monastério: “a solução para a Fraternidade será um reconhecimento unilateral”? E ademais: “Eles não nos pedirão para assinar, não haverá um documento e não será necessária uma assinatura”. Isto ocorreu há aproximadamente um ano.
Com seus passos para diante e passos para trás, Menzingen tem hipnotizado toda sua gente, que crê em sua boa fé. Seja qual for sua duvidosa e muito estranha boa fé na qual eu não creio em absoluto, o fato é que a conduta de Mons. Fellay, considerada em seu conjunto, indica com bastante clareza a causa final que o impulsiona. Esta causa é uma aproximação com uma Roma que supostamente está a caminho de converter-se. Esta causa é o pragmatismo das negociações gradativas de Mons. Fellay, pois Roma não se converterá de uma vez. Como se converterá Roma? Só Deus o sabe. O que sabemos todos é que a Roma modernista pode alinhar uma longa série de túmulos, onde suas vítimas repousam na sombra da morte: Padre Augustin, Dom Gérard, Pe. de Blignères, Fraternidade São Pedro, Campos, Redentoristas, Oásis, Irmãos da Imaculada, etc. Neste belo cemitério todavia há lugar para a FSSPX. Se fosse por Mons. Fellay, a coisa já teria sido feita. Mas para alguns na Fraternidade, as comunidades “Ecclesia Dei” não estão assim em tão má situação. A Fraternidade estaria em boa companhia neste belo entorno.
O que é surpreendente é ver o comportamento dos fiéis. Como explicar a pouca reação de sua parte? E ainda mais dos sacerdotes. Certamente que eles esperam algo pior para agir. Uma assinatura. Mas o Pe. Nely já o disse: “Eles não pedirão a assinatura, não haverá documento”.
A força de Menzingen está em ocultar a verdade. Mas sobretudo sua força está na debilidade dos bons. Menzingen pesou em sua balança a força da Tradição, e pôde dar-se conta de sua debilidade ou de sua ingenuidade. A Tradição tem princípios invencíveis, mas quanto à força de apego a estes princípios, é outra coisa. A isto deve-se agregar a cumplicidade da vida mesma. É mais fácil para quem não tem mulher e filhos tomar uma decisão difícil, mas não é o mesmo para quem tem dez filhos que colocar em uma boa escola. Para os sacerdotes, é outra coisa. Que cada um meça suas responsabilidades.
Menzingen dominou a arte de governar à maneira de Maquiavel. Privacidade dos correios eletrônicos divulgados, processos iníquos dos Padres Pinaud e Salenave. Sanções desapiedadas aos bons sacerdotes que se atrevem a defender o pensamento e as diretivas de Mons. Lefebvre.
Mas estes fatos parecem perder-se nas memórias. Mons. Fellay mudou, dizem alguns. Ele já não quer o acordo. As coisas se arranjarão. Não há fogo na casa. Puro subjetivismo! Puro sentimentalismo!
Quanto mais se analisam os documentos do Vaticano II e sua interpretação pelas autoridades da Igreja, mais nos damos conta que não se trata nem de erros superficiais nem de alguns erros particulares como o ecumenismo, a liberdade religiosa, a colegialidade, mas sim de uma perversão total do espírito, de toda uma nova filosofia fundada sobre o subjetivismo... É gravíssimo! Uma perversão total... É verdadeiramente espantoso” (Mons. Lefebvre, citado na carta de 7 de abril de 2012, dos três bispos a Mons. Fellay e seus assistentes). Está a Tradição mesma começando, também ela, a cair neste abismo? Desgraçadamente parece que sim. Um fraco rei faz fraca a forte gente, dizia um grande poeta português, Luiz de Camões. Mons. Fellay é este rei. Oxalá que não chegue a seus fins e que o amor da verdade possa de novo reflorir no seio da Tradição. Que o pequeno resto “pusillus grex” seja aguerrido para este novo combate, esta crise dentro da crise, esta crise no interior da Tradição, e que a hipocrisia de Menzingen seja conhecida e rechaçada com o vigor que convém aos discípulos d’Aquele que morreu porque veio ao mundo para dar testemunho da Verdade (Cf. João XVIII, 37).”

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