domingo, 1 de junho de 2014

A confissão de Martinho Lutero

“Rematemos estas confissões dos convertidos pela confissão do próprio Lutero. Escreve Lutero sobre as conseqüências de sua pregação, com a qual pretendia reformar o mundo cristão: “Os povos espantam-se quando vêem que tudo outrora era calmo e tranqüilo; a paz reinava por toda parte, ao passo que hoje está tudo cheio de seitas e facções, que faz dó... Devo confessar que a minha doutrina produziu muitos escândalos; sim, não posso negá-lo: estas coisas muitas vezes me causam terror, principalmente quando me diz a consciência que despedacei o passado da Igreja, tranqüila e pacífica sob o papado.
“Os homens são hoje mais vingativos, mais avaros e sem misericórdia, menos modestos e mais incorrigíveis, piores, enfim, do que no tempo do papado.
“Coisa escandalosa! Desde que a pura doutrina do evangelho foi posta em luz, o mundo vai diariamente de mal a pior. Nós pretendemos mostrar que somos evangélicos, celebrando a comunhão debaixo das duas espécies, quebrando as imagens, saturando-nos de carne, abstendo-nos de jejuar, de orar, etc; quanto à fé e à caridade, pouco nos importa. A malícia dos homens em pouco tempo tem chegado entre nós a um tal ponto, que não possa ainda o mundo durar cinco ou seis anos... É uma experiência incontestável: nós outros, pregadores, somos agora mais preguiçosos, mais descuidados do que outrora nas trevas da ignorância papista.
“Quanto mais estamos seguros da liberdade adquirida por Cristo, mais somos tíbios e indolentes em observar o ensino e a oração, em praticar o bem e suportar as injúrias.
“Ai! acreditei em tudo o que diziam o papa e os monges: presentemente não posso mais crer o que disse Jesus Cristo, que, entretanto, não mente.”
Foi persuasão geral dos povos que as religiões são mais puras e limpas quando mais próximas a suas nascentes. Se julgarmos o protestantismo por este critério, não pode merecer conceito favorável uma religião, que, ainda fresca do sopro da revolução, que lhe insuflou a vida, fez a sua entrada no mundo já impura e corrupta, como as paixões ignóbeis que lhe serviam de berço. Esta corrupção assombrosa, que mancha de lodo e sangue o alvorecer do protestantismo, evidencia deste modo sua descendência terrena e vil e, portanto, sua falsidade.”
(Pe. Júlio Maria de Lombaerde, O Anjo das Trevas)