terça-feira, 25 de março de 2014

Progresso e decadência

“O preço do progresso é a morte do espírito. Nietzsche revelou este mistério do apocalipse ocidental quando proclamou que Deus estava morto, que havia sido assassinado. Este assassinato gnóstico se comete constantemente pelos homens que sacrificam Deus nas aras da civilização. Quanto mais apaixonadamente a totalidade das energias humanas se dedica à grande empresa da salvação mediante a ação imanente no mundo, mais se afastam da vida do espírito os seres humanos que se dedicam a esta empresa. E como a vida do espírito é a fonte da ordem no homem e na sociedade, o próprio êxito da civilização gnóstica é o motivo de sua decadência.
Uma civilização pode na verdade progredir e decair ao mesmo tempo, mas não eternamente. Há um limite até o qual se dirige este processo ambíguo. Este limite se alcança quando uma seita ativista que representa a verdade gnóstica organiza a civilização como um Império sob seu comando. O totalitarismo, entendido como a norma existencial dos ativistas gnósticos, é a forma final da civilização progressista.”
(Eric Voegelin, The New Science of Politics)