quarta-feira, 12 de junho de 2013

Pe. Congar, Cardeal Bea e Papa João XXIII traíram a Igreja com os judeus

“Numa noite brumosa e glacial do inverno de 1962-63, atendi a um convite extraordinário no Centro Comunitário da Paz, em Estrasburgo. Os dirigentes judeus recebiam, em segredo, no subsolo, um enviado do papa. Na saída do Shabat, éramos uma dezena para acolher um dominicano de vestimenta branca, o reverendo padre Yves Congar, encarregado pelo Cardeal Bea, em nome de João XXIII, de nos perguntar, no início do Concílio, o que esperávamos da Igreja Católica (...).
Os judeus, mantidos há vinte séculos à margem da sociedade cristã, freqüentemente tratados como subalternos, inimigos e deicidas, pediam sua completa reabilitação. Provindos, em linhagem direta, do tronco abrâmico, de onde saiu o Cristianismo, pediam para serem considerados irmãos, parceiros de igual dignidade, da Igreja Cristã (...).
O mensageiro branco – despojado de qualquer símbolo ou ornamento – retornou a Roma, portador das inumeráveis solicitações que reforçavam as nossas. Depois de debates difíceis (...), o Concílio atendeu a nossas expectativas. A declaração Nostra Aetate n° 4 constituiu – Pe. Congar e os três redatores do texto me confirmaram – uma verdadeira revolução na doutrina da Igreja sobre os judeus (...).
Homilias e catecismos mudariam em poucos anos (...). Desde a visita secreta do Pe. Congar, num lugar escondido da sinagoga, durante uma noite muito fria de inverno, a doutrina da Igreja havia conhecido uma total mutação.”
(Lazare Landau, citado pelo Pe. Matthias Gaudron, Katolischer Katechismus zur Kirchlichen Krise)

Tradução de Leonardo Calabrese