segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A rejeição do reinado social de Nosso Senhor pelo Concílio

“Por fim, um terceiro erro, eles [sacerdotes católicos modernos] rejeitam o reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo sob o pretexto de que não é mais viável. Já ouvi isso da boca do Núncio de Berna; ouvi-o da boca do embaixador do Vaticano, Pe. Dhanis, ex-Reitor da Universidade Gregoriana, que veio em nome da Santa Sé me pedir que não realizasse as ordenações de 29 de junho. Era 27 de junho em Flavigny, e eu estava pregando para os seminaristas. Ele me disse, “Por que você é contra o Concílio?” Eu respondi, “É possível aceitar o Concílio, enquanto em nome do Concílio você diz que todos os estados católicos devem ser destruídos, que não deve restar nenhum estado católico, e assim não haver mais nenhum estado onde Nosso Senhor Jesus Cristo reine?” Um tal estado não é mais possível. Mas uma coisa é algo não ser mais possível e outra, aceitar isso como princípio, e conseqüentemente não mais buscar o reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas o que dizemos todos os dias no Pai Nosso? “Venha a nós o Vosso reino, seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu.” Que reino é esse? Há pouco você cantou no Glória, “Só Vós, Senhor, sois o Altíssimo, Jesus Cristo.” Então vamos cantar essas palavras e logo depois dizer, “Não, Jesus Cristo não deve mais reinar sobre nós.” Não estamos vivendo em contradição? Afinal, somos católicos ou não?
Não haverá paz na terra exceto no reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo. As nações estão em conflito – todos os dias páginas e mais páginas dos jornais tratam disso, como também o rádio e a televisão; e temos agora a mudança do primeiro ministro. Que vamos fazer para melhorar a economia? Que vamos fazer para salvar a moeda? Que vamos fazer para que a indústria prospere, etc. Todos os jornais do mundo estão cheios dessas questões. Mesmo de um ponto de vista econômico, Nosso Senhor Jesus Cristo deve reinar, porque o reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo é o reinado dos princípios do amor e dos mandamentos de Deus, que estabelecem o equilíbrio na sociedade, e que fazem reinar a justiça e a paz. É somente com ordem, justiça e paz na sociedade que a economia pode prosperar...
É o reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo que nós queremos; e professamos nossa fé, dizendo que Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus.
E é por isso que nós queremos também a Missa de São Pio V, porque a Missa é a proclamação da realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Nova Missa é uma espécie de Missa híbrida, que não é mais hierárquica; é democrática, onde a assembléia toma o lugar do sacerdote, e assim não é mais uma Missa verdadeira que afirma a realeza de Nosso Senhor. Pois como Nosso Senhor se tornou Rei? Ele afirmou sua realeza na cruz. Regnavit a ligno Deus. Jesus Cristo reinou do alto da cruz. Porque Ele subjugou o pecado, Ele subjugou o demônio, e Ele subjugou a morte pela cruz: três vitórias magníficas de Nosso Senhor. Dirão que isso é triunfalismo. Se é então que seja, nós de fato queremos o triunfalismo de Nosso Senhor Jesus Cristo...
Na hora da minha morte, quando Nosso Senhor me perguntar, Que fizeste das graças de teu sacerdócio, não quero ouvir da boca do Senhor, Tu contribuíste na destruição da Igreja com os demais.”
(Arcebispo Marcel Lefebvre, Sermão em Lille, 29.8.1976, reproduzido em A Bishop Speaks: Writings and Addresses 1973-1976)