segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A verdade como ser das coisas

“Também é justo chamar a filosofia de ciência da verdade, porque o fim da ciência teórica é a verdade, ao passo que o fim da prática é a ação. De fato, os que têm por fim a ação, mesmo se observam o estado das coisas, não tendem ao conhecimento do que é eterno, mas só ao do que é relativo a determinada circunstância e num determinado momento. Ora, nós não conhecemos o verdadeiro sem conhecer a causa. Mas qualquer coisa que possui em grau supremo a natureza que lhe é própria constitui a causa em virtude da qual também às outras convém a mesma natureza: por exemplo, o fogo é quente no grau máximo por ser a causa do calor nas outras coisas. Portanto, o que é causa do ser verdadeiro das coisas que dele dependem deve ser mais verdadeiro que todas as outras. É pois necessário que as causas e os seres eternos sejam mais verdadeiros que todos os outros, pois eles não são verdadeiros só algumas vezes, e não há uma causa ulterior para seu ser, mas são eles as causas do ser das outras coisas. Por conseguinte, cada coisa possui tanto de verdade quanto possui de ser.”
(Aristóteles, Metafísica, citado na obra de Giovanni Reale, Saggezza Antica)

Tradução de Silvana Cobucci Leite