segunda-feira, 12 de março de 2012

A Igreja é um poder mais elevado que o Estado

“Como o grau de elevação dos diferentes poderes deriva de sua finalidade última, e como a salvação eterna é uma finalidade evidentemente superior à prosperidade temporal, é claro como o dia que a Igreja é um poder mais elevado que o Estado, e que o Estado é, por conseguinte, estritamente obrigado, de direito divino, a se sujeitar ao poder da Igreja. Ora, o que é de direito divino é imutável, nenhum poder pode destruir isto. (...)
Para cumprir a vontade de Deus e os seus deveres de soberanos, os príncipes cristãos não devem somente se contentar de buscar a felicidade material de seus súditos: isto seria naturalismo; não devem também se contentar de não atrapalhar a ação da Igreja: isto seria indiferença para com o bem, indiferença culpável e que não é permitida; mas eles devem prestar à Igreja o auxílio mais eficaz possível; eles devem, sob a sua direção e como servidores fiéis, impedir o mais possível todos os escândalos que possam alterar a fé ou a moralidade dos seus povos; devem assistir a Igreja com suas palavras, com sua influência, com seu dinheiro e, se preciso, com a sua espada e seus exércitos.
Assim, tudo fica em ordem; e Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem Deus constituiu o soberano Mestre, não somente do céu mas da terra, plenamente reina pela sua santa Igreja, sobre todos os homens, sobre todos os Estados, sobre todas as famílias. Esta é a doutrina católica; este é o ensinamento oficial e tradicional da Igreja, resumido nestes últimos tempos pela encíclica de 8 de dezembro de 1864 (Quanta Cura). A doutrina oposta, condenada com o nome de naturalismo pela Sé apostólica, é a alma da Revolução e dos princípios de 1789.”
(Mons. Louis-Gaston de Ségur, La Révolution Expliquée aux Jeunes Gens)