terça-feira, 18 de outubro de 2011

Montanismo, antepassado do carismaticismo

Montano nascera numa vila asiática, nos confins da Mísia e da Frigia. Comovera-se com as passagens do Evangelho de São João tratando da vinda do Espírito Santo sobre Jesus. Seu próprio espírito se entusiasmou a ponto de se julgar o órgão do Espírito Santo, prometido por Cristo. Dizia que, com ele, começaria nova era, nova revelação. Falava com a certeza de um demente: “Vim, não como anjo ou mensageiro, mas como o próprio Deus Pai.” “Sou o Pai, o Filho e o Paráclito.” “Vede, o homem é como lira e eu sou o arco; o homem dorme e eu velo; vede, é o Senhor que lança os corações dos homens no êxtase e que dá coração aos homens.”
Pessoalmente, parecia estar sempre numa espécie de êxtase. Não tardou a conquistar duas mulheres para a sua doutrina. Eram Prisca e Maximila. Também tiveram êxtases, durante os quais profetizavam. Os bispos da vizinhança tentaram reconduzi-las ao bom senso, por meio de exorcismos canônicos. Em vão. Então a seita foi excomungada porque tentava substituir a autoridade da hierarquia pela inspiração direta.
Os montanistas professavam especialmente o milenarismo. Segundo esse erro, em breve, Cristo estabeleceria, por mil anos, o reino predito no Apocalipse. A seita, em previsão do acontecimento, pregava grande rigorismo moral que seduzia até um Tertuliano, único grande nome de que o montanismo pode se orgulhar, ainda que a seita haja subsistido até o século VIII, principalmente no Oriente.”
(Mons. Léon Cristiani, Brève Histoire des Hérésies)

Tradução de José Aleixo Dellagnelo