quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Dylan Thomas: Elegia

Orgulhoso demais para morrer, morreu cego e alquebrado
Da maneira mais sombria, sem olhar para trás,
Um homem corajoso, frio e amável, em seu ardente orgulho

No mais sombrio dos dias. Oh, que para sempre ele possa
Viver em plena luz, afinal, ao cruzar a última colina,
E ali, sob a relva, apaixonado, rejuvenesça

Entre os rebanhos infindáveis, e jamais repouse perdido
Ou imóvel durante todos os dias de sua morte, ainda que,
Acima de tudo, suspirasse em sua treva pelo seio materno

Que era descanso e pó, e na terra indulgente
Pela mais sombria justiça da morte, cega e profana.
Que não lhe caiba outro descanso senão se protegido e achado,

Rezava eu no quarto de joelhos, junto ao seu leito cego,
Na casa emudecida, um minuto antes do meio-dia,
E da noite, e da luz. Os rios dos mortos fluíam

Em sua pobre mão que eu apertava, enquanto via
Até as raízes do mar através de seus olhos já sem brilho.
Segue em paz rumo à tua colina crucificada, disse eu

Ao ar que dele se afastava.


Tradução de Ivan Junqueira