domingo, 7 de fevereiro de 2010

A demolição da alma da Igreja


“O futuro Papa Pio XII não falava à toa quando, à luz da Mensagem de Fátima, predisse uma tentativa, que se aproximava, de alterar não só a liturgia e a teologia da Igreja, mas a Sua própria Alma - o que Ela é. Claro está que este desígnio nunca pode triunfar completamente, porque Nosso Senhor prometeu que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Sua Igreja. Mas esta promessa divina não exclui que o elemento humano da Igreja sofra as feridas mais graves causadas pelos Seus inimigos - excetuando uma morte final. Foi essa perspectiva de tão graves injúrias à Igreja que tanto alarmou o Papa Pio XII, especialmente tendo em conta as profecias de Fátima.
E, realmente, aquilo que o Papa Pio XII mais receava concretizou-se no período pós-conciliar, quando se presenciou um esforço para transformar a Igreja, de única arca da salvação - fora da qual ninguém se pode salvar - num mero colaborador com outras “igrejas e comunidades eclesiásticas”, com religiões não-Cristãs e até mesmo com ateus, na construção de uma utópica “civilização do amor”. Nesta “civilização do amor”, a salvação das almas do inferno - o qual já não é mencionado - é substituída por uma nova forma de “salvação”: a salvação através da “fraternidade” mundial e da “paz” no mundo. Esta é exatamente a mesma noção que a Maçonaria tem promovido nos últimos três séculos.
De acordo com esta noção maçônica de “salvação” pela “fraternidade do homem” (compreendida num sentido secular, não-Cristão), muitos Clérigos católicos vêm agora dizer-nos que nós temos que respeitar as várias seitas protestantes e cismáticas, como parceiros num “diálogo ecumênico” e na “procura de uma unidade cristã”. Seguindo esta nova noção, realizam-se “liturgias” ecumênicas entre Católicos, Protestantes e as Igrejas Ortodoxas cismáticas, para demonstrar a suposta “comunhão parcial” entre “todos os cristãos”. É claro que os executores da nova orientação da Igreja Católica ainda admitem que Ela é a mais perfeita de todas as igrejas; mas a afirmação de que a Igreja Católica é a única verdadeira Igreja, com a exclusão completa de todas as outras, foi abandonada na prática por todos - menos por um resto de Católicos fiéis, que são considerados “sectários rígidos” e “pré-conciliares”, simplesmente por acreditarem naquilo em que os Católicos sempre acreditaram antes de 1965.
Mas a “unidade cristã” é só um passo para a unidade pan-religiosa na fraternidade mundial. Ao mesmo tempo que a “unidade cristã” está a ser promovida por atividades pan-cristãs que os grandes Papas pré-conciliares teriam considerado sacrilégios, o “diálogo inter-religioso” fez a Igreja mais “aberta” ao “valor” de religiões não-cristãs - cujos seguidores deixariam de ser considerados como faltando-lhes a Fé e o Batismo para salvarem as suas almas. A “Cristandade anônima” de Karl Rahner - que sustenta que os seguidores sinceros de qualquer religião podem ser, e provavelmente são, “Cristãos” sem mesmo o saberem -, tornou-se a teologia de fato da Igreja. De acordo com isto, organizam-se reuniões de oração pan-religiosa, nas quais os membros de todas as religiões se reúnem para rezar pela paz e para demonstrar a sua “unidade” como membros da família humana, sem que ninguém lhes diga que estão em perigo de condenação por falta do Batismo, por falta da Fé em Cristo e por lhes faltar ainda o serem membros da Sua Igreja. Na liturgia “reformada” da Sexta-Feira Santa, os Católicos (pela primeira vez na história litúrgica da Igreja) já não rezam pública e inequivocamente pela conversão dos não-Católicos e sua integração na Santa Igreja Católica, como medida necessária para a salvação das suas almas.
Como qualquer pessoa pode ver, a substituição da Realeza Social de Cristo pela “civilização do amor” neutralizou totalmente a Igreja Católica, que já não é o centro da autoridade moral e espiritual do mundo, como era a intenção do Seu Divino Fundador.
Os teólogos progressistas que avançaram com esta nova orientação da Igreja já formaram quase duas gerações de leigos e Clérigos católicos. Os trabalhos de Rahner, Küng, Schillebeeckx, Congar, De Lubac, von Balthasar, e seus discípulos dominam atualmente os textos didáticos dos Seminários e Universidades Católicos. Nos últimos 35 anos, as doutrinas progressistas destes homens serviram de principal formação a Padres, Religiosos, teólogos e a estudantes católicos do Ensino Superior. Assim, atingimos uma fase em que os prelados preferem a teologia de Rahner à de São Roberto Belarmino, por exemplo, que é um santo canonizado e Doutor da Igreja, ou de São Tomás de Aquino, o grande Doutor e um dos maiores santos na História da Igreja. O ensino de S. Roberto Belarmino e de S. Tomás - que foi, na realidade, o ensino de todos os Papas antes do Vaticano II - tende a ser aceito somente de acordo com a interpretação que lhe é dada por Rahner e outros “novos teólogos”. O mesmo acontece com a maioria dos professores em Faculdades e Seminários Católicos.
Este processo de tentar mudar a própria alma e teologia da Igreja, tal como o Papa Pio XII receava, não só envolveu a “iniciativa ecumênica” e o “diálogo inter-religioso”, mas também uma série infinita de desculpas de Clérigos católicos, do alto e baixo Clero, pelo “triunfalismo” passado da Igreja, ao declarar ser Ela o repositório exclusivo da revelação divina, e ainda pelos supostos pecados dos Seus falecidos membros contra outros “cristãos” e outras culturas. Ora, foi precisamente isto o que o Papa Pio XII predisse, quando falou de inovadores que viriam “fazê-lA [a Igreja] ter remorsos do Seu passado histórico.””
(Pe. Paul Kramer, The Devil’s Final Battle)

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