“Subjetivismo é introduzir a liberdade na inteligência, quando pelo contrário, a nobreza desta consiste em submeter-se ao objeto, consiste na acomodação ou conformidade do pensamento com o objeto conhecido. A inteligência funciona como uma câmara fotográfica, deve reproduzir exatamente as características perceptíveis do real. A sua perfeição consiste na fidelidade ao real. Por este motivo a verdade define-se como a adequação da inteligência com a coisa. A verdade é esta qualidade do pensamento, de estar de acordo com a coisa, com o que é. Não é a inteligência que cria as coisas, mas as coisas que se impõem à inteligência tal como são. Consequentemente, a verdade de uma afirmação depende do que ela é, é algo de objetivo; e aquele que procura a verdade deve renunciar-se a si, renunciar a uma construção do seu espírito, renunciar a inventar a verdade.
Pelo contrário, no subjetivismo, é a razão que constrói a verdade: deparamo-nos com a submissão do objeto ao sujeito. Este passa a ser o centro de todas as coisas. As coisas não são mais o que são, mas o que se pensa delas. O homem passa a dispor da verdade conforme a sua vontade: a este erro chama-se idealismo no plano filosófico, e liberalismo no plano moral, político e religioso. Como consequência, a verdade será diferente conforme os indivíduos e os grupos sociais. A verdade torna-se necessariamente compartilhada. Ninguém pode pretender tê-la exclusivamente na sua integridade; ela faz-se e procura-se sem descanso. Pode ver-se o quanto isto é contrário a Nosso Senhor Jesus Cristo e à sua Igreja.”
(Mons. Marcel Lefebvre, Do Liberalismo à Apostasia: A Tragédia Conciliar)