“Boa parte daqueles que se dispõem a analisar a política de um país tende a ter seus olhos voltados apenas para os movimentos internos da política partidária nacional, esquecendo que, hoje em dia, em mundo onde os países estão tão interconectados, não apenas economicamente, mas estrategicamente, ignorar a função que possuem os organismos internacionais no jogo político interno é um erro pueril.
Ninguém pode negar, certamente, que há uma disputa entre os partidos nacionais. Todavia, cada um deles, ou grupo deles, responde a um movimento que vem desde fora e que tenta se impor por aqui, da mesma maneira que vai se impondo em outras partes do mundo.
O mais notório deles é o bolivarianismo, que gestado nos encontros do Foro de São Paulo, ainda no início da década de 90, tendo como suas pontas-de-lança o próprio ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o ditador cubando Fidel Castro, foi, em uma estratégia agressiva e, de certa forma, surpreendente, tomando os governos da maioria dos países sul-americanos, impondo sobre esses países a visão e ideologia comunista, com um forte viés populista.
Aqui no país, o instrumento para a implantação das diretrizes do Foro de São Paulo foi o Partido dos Trabalhadores. E talvez muitas pessoas não liguem os fatos, mas, sendo certamente o principal artífice do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, o PT ali já iniciara sua escalada brutal até conseguir alcançar a escala mais alta do poder no país. Em uma estratégia de sucesso, colocou-se, para a população, como uma reserva moral na política brasileira, diferenciando-se de tudo o que se apresentava até ali, apenas aguardando, com uma paciência que apenas os movimentos comunistas pelo mundo demonstraram ter, até o momento em que lhe fosse mais propício alcançar o governo.
Para chegar ao topo, porém, era necessário que a nação estivesse de alguma maneira preparada para isso. E neste sentido os oito anos do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foram fundamentais. Se a passagem do governo Itamar Franco diretamente para um partido de extrema esquerda, como o PT, representaria uma ruptura muito forte na percepção populacional sobre as diretrizes governamentais, FHC serviu, perfeitamente, como uma ponte que proporcionou uma transição suave e sem solavancos até à presidência esquerdista de Lula.
E este mesmo tratou de ser um personagem diferente daquele sindicalista que vivia aos berros nas portas das metalúrgicas paulistas. Lula, em uma estratégia inteligente, apresentou-se, em seu primeiro mandato, como um homem conciliador, afável, que não entraria no governo para radicalizar, mas pronto para fazer as reformas necessárias, sem assustar, principalmente, os investidores nacionais e internacionais.
No entanto, não era essa a identidade nem esse o objetivo do Partido dos Trabalhadores. O “Lulinha paz e amor” serviu apenas como uma forma de transição de um país já conduzido para a esquerda, com Fernando Henrique, mas ainda não pronto para a radicalização, até seu objetivo final, que é transformar o Brasil no alimentador e assegurador da implantação de um poder continental, chamado por eles mesmos de Pátria Grande.
E basta observar a atuação de Lula no poder para verificar como, ano a ano, suas políticas foram se tornando menos conciliadoras e cada vez mais voltadas para o fortalecimento do projeto de poder que envolvia não apenas o próprio Partido dos Trabalhadores, mas boa parte dos líderes dos países da América do Sul, como Venezuela, Argentina, Bolívia, Paraguai e Equador.
O período de oito anos de governo Lula serviu para lançar os fundamentos mais sólidos para a radicalização definitiva do país. Foram neles que os movimentos sociais ganharam uma força nunca antes vista por aqui, a imprensa, já aparelhada, passou a receber financiamento direto do governo, os Estados foram sugados até praticamente perderem suas autonomias, os grandes empresários foram cooptados para se juntar ao governo, financiando, assim, suas aventuras e a própria cultura e educação no país foram assaltadas pelas ideias disseminadas pelos ideólogos ligados ao governo, tornando o Brasil um país mais inculto e violento.
Quando o governo Lula chega ao seu final, o país está pronto, segundo as convicções petistas, para tornar-se uma país definitivamente socialista, podendo assim passar a faixa presidencial para uma guerrilheira e terrorista comunista, como Dilma Rousseff. Termina, ali, o segundo período de transição e o país entra na fase da radicalização explícita, quando não mais se esconde que o objetivo é transformar o país em uma grande nação socialista.
O problema é que, para que isso se concretizasse, como sói acontecer em todas as nações que enveredam pelo caminho do comunismo, foi necessário que se usurpasse a própria nação, roubando dela suas riquezas, suas possibilidades e suas esperanças. Assim, criou-se um esquema de corrupção que alcançou cifras estratosféricas, iniciada ainda no governo de Lula e que apenas aumentou sua voracidade nos anos seguintes, até chegar nos escandalosos números apresentados até aqui.
Mas para entender os motivos de tão absurda roubalheira, não pode-se perder de vista a razão por que foi preciso, segundo a visão petista, desviar tantos recursos. Na verdade, o projeto de poder era tão megalomaníaco que exigia aportes cada vez maiores de dinheiro. Tal projeto não se sustentaria apenas com conchavos políticos e comissões pessoais, era necessário assaltar os cofres do país, a fim de fortalecer o poder dos governantes bolivarianos, ainda que fosse ao custo de empobrecer a própria nação.
Chegamos onde chegamos, quebrados, sem esperança, sem dinheiro, sem investimentos, com altíssimas taxas de desemprego e uma violência jamais vista no mundo, não por acaso. Este é o fruto evidente de uma política que tinha como objetivo criar uma grande escala de poder que ultrapassava as fronteiras nacionais, mas que colocava os irmãos de armas comunistas no comando de todo o continente. Para isso, não tiveram escrúpulos e colocaram de joelhos o Brasil, exigindo que ele desse seus recursos e sangue, em favor do sonho maluco bolivariano.
Se estamos hoje alquebrados, isso não aconteceu por acaso. E analisar tudo isso apenas com base nos jogos políticos partidários e nos interesses pessoais é fechar os olhos para o verdadeiro inimigo que estamos enfrentando.”
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