“Por ser uma antropologia falaz, o gênero só pode ser imposto pela força bruta – e não por força da razão. A chave para isso é o sistema educativo formal. E quanto menor a idade das crianças doutrinadas, mais promissores serão os resultados. Para implementá-la, foi realizada em muitos países – especialmente os menos desenvolvidos – uma reforma educativa integral. No caso dos países pobres, foi devidamente financiada pelos organismos multilaterais de crédito. Para garantir a eficácia, a reforma baseou-se nos seguintes pilares:
a) substituição dos planos de estudo – com ou sem modificação dos ciclos -, acrescentando algumas matérias – em geral de tecnologia – e eliminando outras – as de humanidades -, mudando a carga horária e modificando os programas das matérias;
b) a ideologia de gênero foi incorporada como conteúdo “transversal”. Essa estratégia “implica impregnar absolutamente toda a realidade educativa em conteúdos transversais, que devem estar presentes em toda grade curricular, constituindo-se no eixo em torno do qual gire a temática.” Sem eufemismos, foi dito que “se baseia numa estratégia multidimensional e transversal, de alcance nacional e gestão inter-setorial... Foi concebido como um programa multidimensional... que incide em todos os projetos e ações que o ministério desenvolve”;
c) como conseqüência lógica, todos os livros de texto tiveram que ser substituídos, adaptando-os aos novos programas;
d) todos os docentes, além disso, tiveram que ser “capacitados” novamente. Para garantir os resultados, as nomeações dos professores primários e secundários tornaram-se invalidadas. Para revalidá-las tinham que, num lapso determinado, cursar um número mínimo de créditos, atribuídos por diversos cursos de capacitação. O estado foi o principal, senão o único a ter autorização para realizar os cursos de capacitação docente.
Com um financiamento internacional abundante – a ser devolvido com seus juros -, foram modificados os planos e programas de estudo, incluindo a temática do gênero como um conteúdo que atravessa todas as matérias e ciclos. Além disso, todos os livros de texto foram substituídos pelos que contemplaram as modificações de programas e planos de estudo. E, finalmente, a maioria dos docentes foi treinada nessa ideologia.
Vejamos alguns textos que ilustram essa questão. Em alguns países, a proposta foi chegar a uma radicalização da educação mista: “Progressivamente fomos avançando para um enfoque coeducativo, cuja intenção é produzir mudanças nas identidades e papéis tanto de mulheres como de homens, afetando igualmente a vida pública e privada... Seus principais objetivos são: desenvolver as capacidades individuais independentes dos estereótipos genéricos e sustentar o surgimento de habilidades múltiplas e da confiança necessária para pô-las em prática.”
Para facilitar a tarefa, a proposta é começar com a “perspectiva de gênero”, desde a escola inicial, porque “modificando a personalidade da criança desde esse nível escolar, o resto da tarefa será muito mais fácil”, já que “nesta etapa as meninas e os meninos começam a ampliar seu espectro de saberes e de relações sociais. A escola enriquece o mundo do conhecido e pequenas (ou significativas) rupturas com os modelos e pautas transmitidas no lar podem começar a ser produzidas.” Mais claro é impossível.
E com relação à participação dos docentes, esta foi colocada sem ambigüidades: “O objetivo geral dos novos Conteúdos Básicos Comuns é modificar pela raiz a compreensão da realidade por parte do aluno, desde a mais tenra idade e em todo o país... Trata-se de uma mudança de mentalidade que deve começar pelo docente. Este deverá ser ‘atualizado’ e ‘capacitado’ para pode então ‘conduzir’ e ‘dirigir’ a mudança da mentalidade da criança.”
Este processo já está em curso. Como tudo o que concerne à educação, os resultados serão vistos dentro de alguns anos.”
(Jorge Scala, Ideologia de Gênero – O Neototalitarismo e a Morte da Família)
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