“A colegialidade é a aplicação na Igreja dos princípios da democracia, fundados sobre o maçônico lema revolucionário “liberdade, igualdade, fraternidade”. É uma alternativa trazida pelo Concílio Vaticano II à estrutura monárquica e hierárquica instituída por Cristo, com base na responsabilidade pessoal dos sacerdotes, bispos e papas que representam o próprio Cristo. Na verdade, neste momento duas entidades paralelas existem para o governo da Igreja. Por um lado, a autoridade hierárquica divinamente instituída, expressa através do papa e das congregações romanas sobre toda a Igreja, os bispos em suas dioceses e os padres em suas paróquias. Por outro lado, está a autoridade revolucionária e democrática, uma criação humana imposta desde o Vaticano II, segundo a qual o colégio episcopal também tem a autoridade para governar toda a Igreja, as Conferências Episcopais de cada país também têm autoridade para dizer aos bispos como governar suas dioceses, o conselho presbiteral também contrabalança e limita a autoridade do bispo em sua diocese, e o conselho paroquial que toma as decisões importantes no governo da paróquia. Nem é necessário dizer que há uma contradição direta entre essas duas autoridades, paralisando qualquer ação governamental de autoridade da Igreja, incluindo a condenação de heresias.
O aspecto mais perigoso da colegialidade é essa teoria de que ela se aplica à suprema autoridade da Igreja em matéria de fé e moral. Anteriormente, era ensinado que essa autoridade estava inteiramente na pessoa do Sumo Pontífice, Vigário de Cristo, que pode compartilhar essa autoridade com todo o episcopado em um Concílio Ecumênico. O documento do Vaticano II sobre a Igreja, Lumen Gentium, ensina a novidade de que o colégio episcopal existe a todo momento, é composto pelos bispos do mundo inteiro e, juntamente com o papa, tem a autoridade suprema. O colégio é, portanto, criado como uma autoridade alternativa à autoridade pessoal do papa e isso a todo o momento, independente da vontade do papa. O papa não é, portanto, capaz de ir contra a maioria democrática dos bispos, cuja autoridade é igual à sua, desde que esses bispos estejam em comunhão com ele. A Lumen Gentium o afirma com as seguintes palavras:
A Ordem dos Bispos, que sucede ao colégio dos Apóstolos no magistério e no governo pastoral, e, mais ainda, na qual o corpo apostólico se continua perpetuamente, é também juntamente com o Romano Pontífice, sua cabeça, e nunca sem a cabeça, sujeito do supremo e pleno poder sobre toda a Igreja (§ 22).
Damos graças a Deus por essa negação do primado do papa ser contrariada pela Nota Explicativa que os Padres mais tradicionais no Vaticano II forçaram o Papa Paulo VI a acrescentar à Lumen Gentium. No entanto, os teólogos liberais não levam em conta essa nota explicativa e a única coisa que eles retêm é a nova colegialidade e a conseqüente paralisia da autoridade pessoal. Romano Amerio, em Iota Unum, faz o seguinte comentário:
Há um conflito entre um processo de democratização e a natureza divinamente constituída da Igreja. (…) A Igreja (…) não criou a si mesma, nem estabeleceu seu próprio governo; em sua essência ela foi criada in toto por Cristo, que estabeleceu as suas leis e a sua constituição antes de convocar a humanidade a fazer parte dela… A Igreja é, portanto, um tipo único de sociedade, em que a cabeça existe antes dos membros e em que a autoridade existe antes da comunidade. Qualquer visão que veja a Igreja como sendo baseada no povo de Deus, concebida em um sentido democrático…está em desacordo com a realidade da Igreja (Tradução livre de Romano Amerio, Iota Unum, pp. 522-523 da versão inglesa).”
(Rev. Peter Scott, F.S.S.P.X, What is Collegiality?)
http://www.fsspx.com.br/exe2/?p=1324
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